PRISON I

85 - Doce Infância

  Era o mesmo colar que eu dei pro... Pro lobo hoje de manhã... Mas...
  - Me desculpa não ter te contado antes, eu não sabia como iria te explicar. - Disse ele com um sorriso e eu senti sua mão no meu rosto, acariciando a minha maça do rosto com o polegar. Eu ainda estava perplexa demais pra reagir. Eu não acredito que ele é...
  Senti as lágrimas vindo, querendo escapar dos meus olhos, era tão reconfortante saber que ele estava ali. Que era ele. O meu lobo.
  - Você. - Falei e pulei pra cima dele, o envolvendo num abraço, enquanto os braços fortes dele me seguravam acolhedoramente. O meu lobo...
  - Minha pequena não fique assim. - Disse ele e afagou meu cabelo tentando me reconfortar, mas eu já estava chorando, e não conseguia parar. Eu não queria voltar pra casa hoje, vai ser um inferno voltar pra lá.
  - Eu não quero voltar pra casa. - Expliquei entre soluços me afastando e Wonho limpou minhas lágrimas. Agora eu entendo por que eu sempre me senti tão bem quando estava com ele. Desde que ele me tirou da floresta... Ele só não me contou o seu segredo antes.
  - Você sabe que sempre poderá voltar pra toca. - Respondeu Wonho e abriu um sorriso pra mim. Intuitivamente eu voltei para o abraço, me aninhando no peito nu dele. Eu não estava nem ai para o fato dele estar todo suado, eu também estava.

- Alícia on-

  - Gente, o que está acontecendo? - Indaguei confusa e Wonho sorriu carinhosamente pra mim enquanto acariciava os cabelos da Mallya. Tudo bem eu entendo que eles são super amigos, e que se dão super bem desde que ele a encontrou na floresta depois de anos de busca, mas o Wonho está sem camisa, e realmente muito perto da Mallya.
  - Eu explico no caminho, que tal irmos comer alguma coisa? - Disse Wonho e eu assenti enquanto a Mallya levemente se desgrudava do Wonho para poderem andar.
  Durante o caminho, os dois me explicaram que o Wonho, mais conhecido como agente e braço direito do meu pai na delegacia, é o lobo que cuidou da Mallya nos tempos em que ela vivia na floresta, então isso confirma as suspeitas dela de que o lobo dela não era apenas um lobo, e sim um lobisomem. E a Mallya também contou que não estava muito afim de voltar pra casa hoje, e o pior é que eu não tinha muito o que fazer por que, no ano passado quando eu tentei ir junto pra essa festa em família, deu um rolo danado, começando pelo fato de que é uma festa em "família", e segundamente, além deu não ser da família, eu acabei causando uma pequena confusão (pequena), com o pai da Mallya depois que ele ficou bêbado e disse que ela era uma péssima filha e mais algumas coisa ruins, talvez seja por isso que ele não goste muito de mim, mas pelo menos as amizades entre a minha família e a dele ainda está tranquila, porém eu estou terminantemente proibida de por meus pés na casa da Mallya se estiver rolando essa tal "festa em família".
  Quando chegamos onde Wonho pretendia, nos deparamos com uma lanchonete. Compramos lanches e refrigerante e depois ocupamos uma mesinha enquanto continuávamos a conversar.
  - Agora eu entendo por que a Mallya gosta tanto de você. - Comentei e logo em seguida mordi meu lanche, enquanto Wonho abria um sorriso. Ele e a Mallya se davam muito bem, sempre se deram bem, mas agora pareciam que tinham se entendido de uma maneira ainda melhor que antes. E também tinha o fato de que Wonho era muito carinhoso e atencioso com a Mallya. Isso até me conforta, ele consegue dar apoio pra Mallya e fazer ela quebrar aquele gelo que ela não quebra nunca quando conhece alguém estranho. É o mecanismo de defesa dela, e parece que Wonho atravessa esse mecanismo, sem fazer esforço.
  - Ela gosta agora, mas quando estávamos na floresta ela vivia tentando me dar ordens, sendo que nem tamanho tinha pra isso. - Ponderou ele e eu e Mallya demos risada.
  - E ela aprontava muito? - Perguntei e Mallya negou com a cabeça, enquanto Wonho afirmava positivamente.
  - Você tinha que ver, era terrível! - Brincou Wonho e Mallya deu um tapinha no ombro dele.
  - Eu sempre fui uma boa filhote. - Esclareceu Mallya e Wonho a sujou com ketchup, passando o dedo na bochecha dela de propósito.