Faz mais de 24 horas que estamos escondidos aqui no esconderijo de Gui, estou encostada na parede ao lado da janela olhando para ele que está deitado dormindo.
Ele não quer admitir que eu estou madura o suficiente e que já posso enfrentar Matheus como enfrentei, acho que ele não quer parar de me proteger, se sente obrigado a fazer isso já que passou mais de um ano sem cuidar de mim.
Ele tem que entender que não sou mais aquela garota que sentia medo de tudo e de todos, não tenho mais medo de morrer, nem de pegar em uma arma e matar quem quer que for e muito menos medo de Matheus que irei torturar com todo prazer.
-O que faz ai? -Volto a realidade vendo Gui sentado ainda nú na cama e me olhando.
-Pensando na vida. -Suspiro olhando para a janela, deve ser seis horas da manhã e está chovendo muito.
-Adoro te ver com minha camisa, mais ainda por estar sem nada por baixo. -Sinto seus braços em minha cintura. -Está preocupada?
-Não, eu só não quero ficar presa aqui. -Suspiro me virando e ele me encara.
-Vou me arrumar, se arrume que iremos no mercado. -Fala me dando um selinho, pego uma roupa que já tinha aqui, camiseta regata e uma camisa xadrez por cima arregaçando as mangas e fechando os botões até um pouco abaixo de meus seios, coloco uma calça legging e nos pés minhas boots pretas com saltos altos grossos. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e faço uma maquiagem leve.
-Estou pronta. -Informo e Gui sai do banheiro com uma camiseta polo que está apertada em seus braços e dá para perceber os gominhos de seu tanquinho, uma calça jeans e nos pés boots.
-Precisa de roupas. -Ele me olha de baixo a cima.
-Essa foi a única que eu achei. -Reviro os olhos e ele sorri, me levanto e seguimos para fora do quarto seguindo para a cozinha, comemos alguma coisa no maior silêncio e depois entramos no carro para irmos no mercado.
Assim que chegamos andamos pelas barracas.
-Não é bem um mercado. -Ele fala entrelaçando nossos dedos.
-É uma feira. -Dou risada da cara dele, mas logo fico séria quando algumas mulheres ficam olhando para ele e ele sorri para elas.
Nesse momento solto minha mão e sigo para um barraca onde tem algumas roupas.
-O que foi? -Ele chega perto quando estou escolhendo algumas camisetas regatas e xadrez.
-Nada! -Respondo e pego a carteira do seu bolso pagando a mulher, saímos da barraca e voltamos a andar na rua, paro no lugar quando reparo uma pessoa um pouco mais a frente.
-Está brava porque? -Ele entra na minha frente e fica me olhando, me escondo e ele ergue uma sobrancelha.
-Não olha e fica assim. -Falo segurando sua camisa e olho para os grupo de caras que estão parados em uma barraca que vende pastel, vejo um cara conhecido.
-Mary? -Ele me faz o olhar com a mão em meu queixo.
-Matheus está aqui com os capangas dele.
-Onde? -Pergunta ainda me olhando.
-Na barraca que vende pastel atrás de você. -Falo e ele suspira.
-Vamos para o carro. -Diz puxando minha mão, mas escuto quando Matheus grita.
-Atrás deles. -Olho para trás vendo eles correrem em nossa direção.
-Corre. -Gui diz me puxando pelo braço e saímos correndo pela rua, empurro várias pessoas pedindo desculpas depois.
-Para onde vamos? -Olho para trás e eles estão nos alcançando.
-Vamos nos esconder, sabe algum lugar? -Ele está um pouco a frente e eu lembro da casa na árvore atrás da minha casa.
-Sei, mas é um pouco longe. -Falo o alcançando e tropeçando em uma bolsa, mas me recomponho e volto a correr.
-Não podemos ir de carro, eles vão saber que é o nosso.
-Me segue. -Falo correndo na frente e lhe entregando a sacola com roupas, vejo uma barraca na frente e ele a pula por cima dela, não tem como dar a volta por causa das pessoas, seguro no balcão da barraca impulsionando minhas pernas para frente e conseguindo "aterrissar" no chão sem me machucar e ainda conseguir ir mais rápido.
-Para onde estamos indo? -Ele pergunta virando a esquina da minha casa e eu estou quase morrendo, minhas pernas estão clamando para parar assim como minha garganta pede por água.
-Minha casa. -Falo lembrando que não tem ninguém nela.
Chegamos no portão e eu paro olhando em volta e vendo eles virarem a esquina e um carro do outro lado.
Pulamos o portão e seguimos para os fundos vendo a casa no alto da árvore.
-Nossa. -Ele fala admirado e eu dou de ombros ouvindo o portão sendo aberto. -Vamos. -Fala e me ajuda a subir as escadas, entro na casa e ele em seguida trancando a portinha que entramos.
Ele se senta em um canto e eu olho pela janela vendo todos lá em baixo, vou para perto dele me sentando entre suas pernas e ele me abraça beijando meu ombro.
-Será que eles vão embora? -Sussurro e Gui suspira.
-Uma hora eles vão cansar, aqui tem água e comida, de fome e sede nós não morre. -Dou risada baixo.
-Parece que nossas vidas viraram filme de ação. -Ele dá risada em meu pescoço.
-Concordo. -Ficamos em silêncio apenas ouvindo nossas respirações e a conversa dos capangas do Matheus. Passo minhas mãos por seus braços acariciando e contornando suas tatuagens. -Quero viver todos os meus dias com você. -Sussurra quando ouvimos um falando para subir as escadas.
-Eu não sei mais viver sem você. -Falo o olhando e isso está parecendo uma despedida.
-Isso aqui vai virar um tiroteio. -Diz pegando duas Colt 45 e colocando silenciadores depois de conferir as munições.
-Vamos ter que fazer isso para irmos embora. -Falo me levantando e indo até a janela, vejo um vindo para a árvore. -Tem um vindo. -Digo olhando para ele que acena, miro e atiro na cabeça dele me escondendo em seguida.
-A árvore está cercada, saem ou matamos os dois. -Olho para Gui que suspira.
-Vamos nos entregar? -Pergunto e ele me abraça.
-Temos que fazer isso e dentro do carro resolvemos o que fazer.
-Não, isso é loucura...
-Vou contar até três. -O cara grita e eu olho para Gui que me dá um selinho. -Um... -Não sei que decisão devo tomar. -Dois... -Gui pega minha arma. -Três... -Diz e tomamos a decisão.
Qual será a decisão?
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O irmão do meu melhor amigo 2.0
RomanceUm ano se passou e Mary vai de mal a pior, depois da morte de Guilherme ela não confia mais em ninguém, seus amigos tentam ajudar, mas tudo é em vão. Gustavo e Henrique decidem sair da cidade e ficarem fora para esfriar a cabeça levando Mariany junt...