9° Capítulo

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-Você só pensa em você! - Dani está em minha frente.

-Todos iremos te odiar por isso! -Rick diz dando um passo para frente, eu me encolho mais.

-Você acha que vai me trazer de volta se você se matar? -Vejo Guilherme todo queimado.

-Você está morto! -Digo e ele sorri.

-Não é isso que você pensa, estou aqui não estou?

-Isso é um sonho. -Repito isso e fecho os olhos.

-Mary, estou aqui. -Diz e abro os olhos, não o vejo em nenhum lugar, procuro em volta e então Matheus aparece em minha frente.

-Vamos nos divertir?

Grito e acordo me sentando rapidamente na cama, olho em volta e percebo que já está de manhã. Guh abre a porta me vendo com um olhar preocupado.

-Você está bem? -Nego com a cabeça e ele vem em minha direção, nem lembro de ter vindo para cama, olho para o meu corpo e vejo que estou com uma faixa em volta dele com um curativo na barriga. -Você teve uma recaída, se continuar assim terei que te internar e não quero isso.

-Não vai mais acontecer. -Digo e ele se senta em minha cama se deitando junto comigo, me abraça com cuidado.

-Volte a dormir. -Eu apenas fecho os olhos voltando para o meu sono.

***

Acordo e olho para o relógio, vejo que são 16:00 da tarde. Me sento com dificuldade olhando para minha barriga que dói, vou ao banheiro e faço minha higiene matinal saíndo do quarto em seguida, entro na cozinha encontrando as meninas e os rapazes.

Dani está apenas brincando com o lanche que está em seu prato, olhando para ele sem nenhuma emoção assim como os outros.

-Morreu alguém? -Pergunto e todos me olham, eu dou um passo para trás com o olhar de Dani.

-Quase. -Ela responde com a sua cara que me dá medo.

-Dani, precisamos conversar. -Falo a olhando e a mesma volta a olhar para o prato.

-Não tenho nada para conversar com você. -Dá de ombros e eu olho para Rick que segura a mão dela, ótimo.

Todos estão contra mim, se eu estou atrapalhando então irei sair. Vou para o meu quarto e me arrumo saíndo pela porta logo em seguida.

Henrique

-Deveria conversar com ela. -Dani me olha e eu desvio o olhar. -Como você ficaria se eu morresse e ainda por cima porque você teve um mal pressentimento e eu não liguei?

-Iria me matar, não sei mais viver sem você. -Responde baixo, mas todos da mesa ouvimos.

-Então, é a mesma coisa que a Mary está pensando. Ela acha que não vale mais a pena viver em um mundo onde o Guilherme não está, ela está se matando aos poucos e se castigando por não ter conseguido impedir a morte de Gui. Se veja no lugar dela. -Guh fala e Mary desce as escadas toda arrumada saíndo em seguida, todos me olham.

-E começou tudo de novo. -Digo suspirando. -Vamos ver até onde isso vai dar. -Falo e todos acenam, voltamos a comer em silêncio.

***

Os dias se passaram e só estou observando a Mariany, ela vive saíndo às 17:00 e voltando às 07:00 da manhã, dorme até às 16:00 e come alguma coisa para depois sair novamente.

Ela não para em casa e tenho medo do que ela faz para ganhar dinheiro.

As garotas não estão mais saíndo junto com Mary pelo simples fato de querer amar alguém como um dia Mary amou Guilherme.

Elas estão ficando com os rapazes e nem quero entrar nesse assunto, estou sentado no sofá da sala e não paro de olhar no relógio, são 02:00 da manhã.

Meu celular começa a tocar e vejo a foto de Mary com o Guilherme no meu ecrã.

-Mary... -Sou interrompido por uma voz fina.

-É o amigo da dona do celular? -Como assim? -É o Rick?

-Quem está falando? -Pergunto olhando para Guh que está me olhando com a cara amassada.

-Aqui é a Joyce, eu estou no banheiro da boate onde sua amiga está desmaiada, ela está toda machucada.

-Onde você está? -Me levanto e corro para o quarto já me trocando. Guh fica parado na porta me olhando. -Estou indo. -Desligo a chamada assim que ela termina de falar o endereço.

-O que aconteceu? -Guh desencosta e me encara ainda mais sério.

-Mariany. -Digo apenas isso e ele sai do quarto para trocar de roupa, eu olho para a Dani que vai ficar furiosa como todos os outros dias, lhe dou um beijo e saio do quarto depois de pegar minha carteira.
Encontro Guh na sala e seguimos para a tal boate, chegamos e entramos já sentindo o cheiro de bebida e suor. -Banheiro. -Grito e Guh segue em minha frente para o banheiro.

-Cadê ela? -Escuto antes de entrar, vejo uma ruiva com um mini vestido vermelho e com uma maquiagem carregada. Sigo até o Guh que está agachado no último box.

-Como ela está? -Pergunto olhando para a garota, ela abaixa o olhar e então decido ver eu mesmo, Mary está jogada no chão com o rosto coberto de sangue, sua barriga e sua coxa estão sangrando com um corte profundo. -Ela não está respirando! -Falo me desesperando quando não vejo seu peito subir ou descer.

-Me ajuda aqui. -Gustavo pede e tiramos ela do box, começo a fazer massagem cardíaca e depois respiração boca boca. -Chama a ambulância. -Ele grita para a garota que pega o celular já discando o número.

-Vamos lá, não nos deixe! -Peço fazendo a massagem, chego meu rosto perto do seu nariz tentando sentir a respiração, logo ela dá um longo suspiro e me encosto na parede aliviado. Ela respira devagar e continua desacordada. -Achei que tivesse a perdido! -Exclamo e Guh se senta do meu lado.

-Ela vai melhorar. -Diz e eu choro, choro tudo que eu prendi nesses dias, choro por lembrar do meu melhor amigo, choro por ainda não saber se acredito que ele esteja vivo, estou tentando acreditar que ele ainda está entre nós, mas cada dia que eu não encontro nada eu desisto um pouco.

Quero que ele volte para a Mary sair dessa, se Matheus realmente estiver vivo não irá desistir até que Mary pare de respirar e acredito que ele esteja quase conseguindo.

Mas não irei desistir, prometi a Gui que irei protegê-la e eu vou cumprir minha promessa, nem que eu morra em seu lugar!

Meu Deus, mais uma vez a beira da morte, dessa vez quase foi.

O irmão do meu melhor amigo 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora