3° Capítulo

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Acordo depois de ter o mesmo sonho horrível, me sento com a respiração descompassada.

Olho para os lados e vejo Dani com Rick em um sofá e Guh em outro, os três dormindo, o quarto está claro por todas as cortinas estarem abertas.

Olho para o meu braço e vejo que está enfaixado, suspiro ao lembrar do que aconteceu e da cara decepcionada do Guh, me arrumo me encostando e gemo por ter forçado meus pulsos.

-Estou decepcionado com você. -Ouço a voz de Gustavo e não o olho pois vou me lembrar do sonho que tive com Gui.

-Eu também, tentei não fazer isso, mas o pesadelo foi horrível. -Falo de cabeça baixa e então o olho, tem duas sombras pretas em baixo dos seus lindos olhos e me sinto ainda mais culpada.

-Vai ter alta hoje, iremos para o Rio a tarde. -Ele se levanta e segue para fora do quarto sem me olhar novamente.

-Ele está magoado. -Olho para Rick que está me olhando com Daniele ainda em seus braços.

-Eu sei, você acha que nessa cidade eu não vou me perder mais do que já estou perdida?

-Não sei, mas estou com um mal pressentimento. -Ele suspira.

-Eu também, acho que vai acontecer várias coisas ruins.

-Mas Guh colocou na cabeça que lá vai ser melhor, então acho que por um lado ele está certo.

-Acha que se sairmos daqui onde Gui morreu e viveu vai me ajudar a esquecer?

-Acho, mas sei que vai ser difícil. -Eu suspiro e volto a olhar para meus pulsos.

Estamos no carro a caminho do Rio de Janeiro, estou no banco de trás ouvindo música e como sempre o aleatório acertou em cheio.

Minhas bochechas estão molhadas e eu suspiro olhando para a paisagem borrada.

-Mary, você está bem? -Eu volto a realidade e olho para o retrovisor vendo Guh me olhar e logo depois Rick.

-Estou. -Digo limpando meu rosto e vendo que meu celular parou de tocar música o vendo sem bateria. -Me empresta o celular? -Pergunto para Rick que tem o mesmo gosto para músicas que eu.

Ele pega o celular e me entrega, dou o meu para ele que coloca para carregar.

Acordo com o carro parando bruscamente, sorte que estou de sinto. Olho para os lados e vejo que estamos em um bairro desconhecido por mim, vejo que uma multidão vem para frente do carro.

-Ele apareceu do nada. -Guh fala e sai do carro seguido por Rick e claro que eu não iria ficar boiando aqui dentro, vejo um cara de mais ou menos a idade dos rapazes, ele é loiro e tem olhos azuis, está sentado com a perna sangrando. -Desculpa eu não te vi.

-Foi nada, eu que não olhei para os lados. -Diz se levantando.

-Você está sangrando. -Afirmo e ele me olha pela primeira vez, não diz nada e fica me olhando até que eu desvio o olhar para falar com Rick. -Temos que levar ele ao hospital.

-Não precisa, eu estou bem. -Eu o olho e ele está de pé, é bem mais alto que eu.

-Se estivesse bem não estaria sangrando. -Falo e ele sorri, logo a multidão se dissolve ficando apenas nós quatro. -Vai ao hospital.

-Estou cursando medicina, sei que isso logo vai passar.

-Eu também estou e Mary não é nada grave.

-Eu acho que estou passando mal. -Falo e Guh segura minha cintura, vejo o olhar do cara em meus braços.

-Vamos, temos que dar alguma coisa para ela comer. Perdeu muito sangue de madrugada.

-Desculpa perguntar, mas porque perdeu sangue? -Eu o olho e os rapazes recuam em dizer.

-Eu me corto porque estou com depressão, nada de mais. -Dou de ombros e ele fica me olhando com os lábios entre abertos.

-É... Sinto muito, sou Leonardo. -Estende a mão para Guh.

-Gustavo, esses são Mariany e Henrique. -Ele sorri para mim e aperta a mão de Rick.

-São namorados? -Pergunta olhando para meu pingente.

-Não, ela é... Era minha cunhada.

-Era? -Só eu que acho ele curioso demais?

-Meu namorado morreu. -Digo fria e meu coração aperta. -Vamos embora... -Peço indo para o carro. -Prazer em te conhecer.

-Desculpa qualquer coisa. -Diz e eu entro no carro, Guh e Rick vem em seguida e eu suspiro.

-Cara curioso. -Rick fala com um sorriso.

-Já estamos perto do apartamento. -Guh informa voltando a dirigir, depois de alguns minutos paramos em frente a um prédio enorme, ele é alguns quilômetros perto da praia.

Descemos e entramos, os rapazes pegam as malas me proibindo de pegar peso, reviro os olhos por esse cuidado.

Subimos para o nosso andar e entramos na porta 444, abro a porta e encontro tudo em seu devido lugar, o apartamento não é tão grande, mas é espaçoso, sigo direto para cozinha enquanto Rick coloca minhas malas no quarto.

Como alguma coisa e sigo em direção ao quarto me deitando na cama e pegando meu celular.

Choro com as fotos que tenho no aparelho e tenho dó de apagar, meu papel de parede é a foto de Gui sorrindo para mim e eu choro ainda mais por não poder ouvir a risada dele.

-Você vai sair desse quarto agora pois iremos para uma festa. -Rick diz acendendo a luz, nem reparei nas horas passando.

-Não quero. -Digo e ele puxa o cobertor de cima de mim. -Eu não quero sair para ficar sem fazer nada.

-Mary, viemos aqui para você tirar essa tristeza da cabeça, não vai adiantar nada ficar deitada no quarto. Então arruma como sempre se arrumou pois iremos para a festa queira você ou não. -Sai fechando a porta e eu suspiro, vou para minhas malas e tiro um vestido preto, curto e justo, tomara que caia, pego minha toalha e minha calcinha seguindo para o banheiro que fica no corredor.

Volto para meu quarto com a toalha em meu corpo, seco meu cabelo finalizando com a chapinha e enrolando as pontas, passo uma maquiagem forte e um batom fraco.

Coloco meu vestido e um par de brincos para combinar com meu colar, calço meus saltos altos pretos e pego meu celular para colocar em minha bolsa.

Saio do quarto encontrando os dois sentados no sofá já vestidos, eles me olham com uma expressão chocada.

-Nossa, não sabia que ainda lembrava de como se maquiar. -Guh debocha e eu reviro os olhos.

-Vamos logo antes que eu desista. -Digo seguindo para porta e depois para o elevador.

Guh para o carro em frente a uma casa noturna, saio do carro vendo um grupo de garotas fumando alguma coisa e bebendo, elas comem os rapazes com os olhos e eu olho para Rick.

-Fica tranquila, você que é a principal razão para eu vir aqui. -Diz colocando o braço em volta dos meus ombros e me levando para a fila para entrar no local e então assim que entramos sinto o cheiro forte de bebida e suor, isso não foi uma boa idéia.

Também acho que não foi uma boa idéia.

O irmão do meu melhor amigo 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora