Terrible night

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   - SOCORROOOOO. - Já não aguentava mais, tinha que fazer alguma coisa. Eu corria por aquela estrada abandona. Porque eu tive que pegar um atalho? Porque eu não fui pelo mesmo caminho de sempre?. Agora eu estou aqui, com as pernas doendo, meu rosto já está todo molhado, e a única coisa que consigo pensar é não para.

O homem atrás de mim já estava mais perto, eu não conseguia raciocinar que aquilo estava acontecendo comigo, nunca pensei que isso pudesse acontecer de novo, não depois de muito tempo.

Sai dos meus pensamentos com a buzina de um carro, ótimo, quase fui atropelada e estou correndo para não ser estuprada, na mesma noite, tenho muito sorte mesmo.

Ignorei o carro e continuei correndo, virei a esquina para ver se conseguia despistar aquele homem, mas foi em vão, senti uma mão no meu cabelo me puxando para trás e agora meu choro aumentou. Aquele hálito de cigarro misturado com bebida bateu contra o meu rosto e as lembranças do passado vieram a tona, as lembranças daquele dia, aquele horrível dia, e só de pensar que iria passar por isso de novo, me deu uma vontade de desistir, mas não podia, eu tinha que ver como essa minha vida infeliz iria terminar, qual seria meu final feliz.

- ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR, SOCORRO. - Eu gritava tanto que minha garganta chegava a arranhar, mesmo sabendo que ninguém iria me ajudar, ainda mais quando a única luz do poste que estava acessa se apagou.

Foi quando ele rasgou minha camiseta, que eu decide fazer alguma coisa. Dei um chute no meio das pernas dele, não me julgue, eu vi isso em filmes e sempre tive vontade de fazer. Sai correndo, mas ele conseguiu me pegar de novo, parece que minha tentativa de imitar filme de ação não deu certo.

- Porra gatinha, fica parada merda. - eu tentava me soltar a todo custo,
- NÃO, ME SOLTA, EU NÃO QUERO, PARA, POR FAVOR-  foi quando um clarão apareceu, mas foi cessando até ficar com pouco brilho, um carro estacionou quase em cima de mim, e uma pessoa desceu, não consegui reconhecer seu rosto, estava com pouca iluminação.

- Solta ela. - Uma voz rouca surgiu, e um alívio me percorreu.

- Cara, sai daqui, ela é minha namorada, só tá fazendo drama.

- Sério, não parece. - Ele falou com um tom carregado de ironia.

- Me aju...- tentei falar, mas fui impedida.

- Entra no carro. - O estranho falou, e eu não sabia o que fazer, mesmo ele tendo me ajudado, mas continua sendo um desconhecido, não podia confiar, se bem que ele me salvou desse cara nojento. Decide não pensar muito e tentei me soltar do cara. Mas o cara é resistente.

- Eu já falei que ela é minha namorada, não precisa disso cara. - O homem falou ainda segurando o meu braço. Empurrei ele com toda a minha força e ele cambaleou para trás, aproveitei e puxei meu braço e eu consegui me soltar, fui para trás do estranho que me salvou, não iria entrar no carro, eu iria arrumar um jeito de ir pra casa sozinha.

- Entra no carro.

- Não, eu vou em bo...

- Entra na porra do carro. -
Quem ele pensa que é para falar assim comigo? Desisti de falar alguma coisa e fui para o carro.
Eu tava muito assustada que nem prestei atenção quando o cara ocupou o lugar ao meu lado e começou a dirigir. Encostei minha cabeça no vidro, observando os rabiscos que se fazia ao decorrer da estrada, por causa da velocidade alta que estamos.

- Aonde estamos indo?. - perguntei depois de alguns minutos, estava tarde e precisa ir para a casa, mas ele não me respondeu, apenas continuou olhando para frente.

- Obrigado por me ajudar, eu não sei o que faria se você não estivesse aparecido. - Disse, e ele não me respondeu novamente, apenas me olhou e voltou seu olhar para a estrada. Okay, isso já estava começando a me irritar, porque ele não me responde? o que custa? Aí meu Deus, será que ele é mudo ? E eu igual uma idiota falando com ele.

- Ai, desculpa, você é mudo? Eu não sabia, desculpa mesmo, nossa que vergonha. - Falei envergonhada.

- Cala a boca - disse, revirou os olhos e travou o maxilar.

- Como ? - disse sem expressão, cadê a educação desse garoto?

- Eu mandei você calar a porra da boca. - Disse totalmente ignorante.

- Olha aqui, quem você tá achando que é pra falar assim comigo? Se liga cara, mas respeito por favor.

Foi quando ele freio bruscamente o carro que eu não entendi, estávamos quase no centro da cidade.

- Sai. - Ele disse, e eu não entendi, é sério isso ?

- O que ? -

- É surda? sai da porra do meu carro. - ele disse e olhou para mim, e caramba, ele é lindo, seu cabelo em um tom dourado em um perfeito topete, sua sombrancelha grossa e escura que combinava perfeitamente com os seus olhos cor de mel( o que eu só pude ver agora, porque ele tirou o óculos escuro, o que eu acho extremamente desnecessário, já que está de noite), sua boca bem avermelhada, o que me deixou com vontade de beija lá.

- Perdeu algo na minha cara? - ele perguntou todo arrogante, o que me fez pensar, tão lindo, mas tão idiota.
- Você é bipolar ou o que ? - Disse revoltada, ele me salva pra depois me jogar em um lugar, aonde eu nem sei o nome. Sai do carro, batendo a porta do carro com força, e sai andando.

- Bate de novo, acho que não quebrou ainda. - ele disse debochado.

- Vai se foder. - apenas virei minha cabeça, e sai andando, tentando achar o caminho de volta para a minha casa. Quando sentir o carro daquele ogro passar rasgando, quase em cima de mim. Agora é só eu e meu medo. Comecei a pensar em tudo que aconteceu, e mano, eu perguntei para o cara se ele era mudo, sendo que segundos atrás ele mandou eu entrar no carro. Ele deve estar pensando que eu sou  burra. E pior que nessas horas eu admito que sou mesmo.

Cheguei em casa e estava tudo escuro, ainda bem, não queria ter que explicar para os meus tios o porque que eu cheguei esse horário. Assim que cheguei no meu quarto minha tia estava sentada na minha cama.

- Aonde você tava pirralha?

- Eu perdi o ônibus

- Ou tava dando por aí ? - ela disse cínica.

- Esse é o seu papel querida. - disse indiferente

- Olha aqui, você me respeita, vou contar tudo pro seu tio queridinha, e vou fazer de tudo para ele te expulsar de casa. - Ela disse vitoriosa. E quer saber, cansei dessa cena patética, eu vou sair dessa casa agora mesmo. Não importa que eu quase fui abusada. Mil vezes ficar na rua, do que com essa vadia. Esperei ela sair do quarto e o tranquei. Coloquei algumas peças de roupas numa mochila, peguei meu celular e um pouco de dinheiro que guardei. Abri a janela, e medi a altura para ver que se eu pular não iria quebrar nenhuma parte do meu corpo, isso parecia fácil, pelo menos em filme parecia. Joguei minha mochila, me segurei em um cano que estava do lado da janela, torcendo pra ele não quebrar, dei impulso para pular e em questão de segundos já estava de cara na grama do quintal, e porra, isso é foda, me lembre pular da janela mais vezes, sintam a ironia. Peguei minha mochila e sai correndo, antes que os vizinhos fofoqueiros me veja.

23:00a.m, eu realmente não sabia para onde iria a essa hora. Eu estava quase me arrependendo, estava com medo e com frio, apenas eu e minha insegurança. Mas não podia voltar agora, já era tarde de mais. Se eu ligasse para a Cassie, provavelmente ela estaria com um cara, fazendo sei lá o que, então essa é uma opção descartável.

Foi aí que me lembrei de um bar de um amigo, não era a melhor das opções, mas eu acho que ele vai deixar eu passar pelo menos essa noite lá. Fui andando mesmo, quando começou a chover, sorte é o meu nome do meio.

Estou toda encharcada quando chego em frente ao bar. Assim que eu entro todos olha para mim, não sei se é porque estou molhada ou porque sou a única mulher aqui.

Me sento em uma das cadeiras em frente ao balcão, e fico pensando se foi uma boa ideia sair de casa, depois que eu dormisse aqui, para onde iria? Não podia ficar dormindo aqui todos os dias, eu tinha que arrumar algum jeito, já passou da hora de eu me virar sozinha, sem precisar das ajuda de alguém. Fui tirada dos meus pensamentos com alguém sentando ao meu lado, mas nem fiz questão de olhar, apenas continuei olhando para frente.

- Oi

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