Lia Albuquerque Evans
Saímos do hospital e vamos direto a delegacia. O delegado diz que Luciana terá sim que pagar pelo que fez,afinal,ela assumiu a responsabilidade de medicar o Sr.Bordinari,mas Diogo fica tão abalado que prefere não fazer mais nada hoje.Eu o acompanho até a sua casa e fico com ele por algumas horas. Ele se permite chorar e eu perco a conta de quantas vezes ele diz me amar. Meu coração derrete em cada uma delas.
Vou para casa e sento com minha mãe para conversar. Me abro completamente, conto tudo o que sinto depois de tudo o que aconteceu e ela,como sempre,me dá os melhores conselhos.
Na manhã seguinte eu não tenho dúvida. Assim que acordo,faço minha higiene matinal,me visto,tomo meu café da manhã e sigo para o hospital. Como já previa,encontro Diogo na sala de espera.
Sento ao lado dele e ele apenas sorri e me abraça. E assim ficamos até o final da manhã quando finalmente um médico aparece.
-Então Doutor?Notícias? - pergunto.
-Sim.A cirurgia durou bastante tempo mas correu tudo bem. O Sr.Bordinari foi levado de volta para a UTI por conta do seu quadro médico estar grave,porém acreditamos que logo teremos resultados positivos.
-Mas e quanto a riscos?
-Senhor,nós estamos fazendo de tudo.A saúde do seu pai está de fato debilitada mas tudo que estiver ao nosso alcance iremos fazer.
-Claro,eu entendo.
-Não irá adiantar muito vocês ficarem aqui.Ele está cedado, não irá acordar tão cedo.Eu recomendo irem para casa e voltarem em torno de dois dias.
-Dois?
-Isso mesmo Senhor.
-Tudo bem,obrigada. - falo.
Vamos para casa dele, onde ele pede emocionalmente para que eu fique e assim faço. Preparo um chá para e sento no sofá ao lado dele,que faz cara feia ao tomar a bebida.
Ficamos deitados agarradinhos durante toda a tarde. Eu não consigo convencê-lo a comer e ele acaba dormindo antes de meu pai vir me buscar a meu pedido. Eu vou embora com o coração na mão e meu pai exige uma explicação. Eu lhe conto tudo o que aconteceu desde a primeira vez que ficamos quando cheguei até o dia de hoje. Harry e eu criamos uma ótima relação de pai e filha e de amizade e eu consigo me abrir com ele verdadeiramente.
Meu pai fica horrorizado com a situação e com tudo o que aconteceu, mas ao contrário do que imaginei, ele diz que estou fazendo a coisa certa.
-Ele disse que me ama. - falo e ficamos em silêncio até que ele me olha.
-Eu não gosto desse cara.Sinto muito que o pai dele esteja nessas condições e você está certa em ajudar,afinal,ele está precisando,mas vejo o quanto ele já te fez sofrer e minha vontade é de chutar ele.
-Pai,tem certeza que é o fato de "não gostar" dele?Eu acho que tem um pouco de ciúme aí.
-Talvez,mas você não sabe de nada. - riu.
-Eu te amo.
-Também te amo,filha. - ele para enfrente a casa e eu desco.
-Obrigada. - ele assente e se vai.
Eu vou direto para o banheiro, tomo um longo banho e deito para dormir.
Os dias se passam e as coisas lentamente vão se encaixando. Três dias depois,o pai de Diogo sai da UTI,sendo encaminhado para o quarto,ainda cedado e ele decide resolver as coisas com Luciana e agora,uma semana depois, ela está respondendo a um processo em liberdade. Muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo e se eu me sinto pressionada, eu não posso imaginar como ele está se sentindo.
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Muito Além
RandomPreconceito.Violência doméstica .Racismo.Ouvimos e sofremos muito essas palavras em pleno século XXI.Então gente,eu resolvi abordar este tema no novo livro porque é uma causa social que me incomoda bastante. Mas é muito mais do que isso.É um livro,c...