Lia Albuquerque Evans
A claridade invade os meus olhos,me "cegando" por alguns segundos. Reconheço meu quarto no apartamento do meu pai, mas não me lembro de como cheguei aqui.Ainda estou vestida, o que significa que eu não estava sóbria. Tomo o advil que encontro no criado-mudo e vejo as horas no relógio. Já são 14:00!
Meu pai aparece na porta e me olha,preocupado.
-Como se sente?
-Melhor do que eu mereço.
-Fiz café. Tome um banho e venha,você vai precisar.
-E o Bruno? - sorri.
-Acabado.
-Hum, eu já vou.
-Okay.
Tomo coragem para levantar e então ir para o banheiro. Retiro a maquiagem, o vestido e aproveito para lavar o cabelo.Quando saio do banho me sinto um tanto melhor. Ouço meu celular tocar e tenho que correr para atender. É Celina.
-Oi Celi.
-Oi!Cadê você?
-Quê?
-Não acredito que você esqueceu!
-Ah!Celi,sério, me desculpa. Fica aí, tô indo,te explico quando chegar.
-Ô, num tem outro jeito né!
Terminei de me arrumar,tomei uma xícara de café e saí apressada, mesmo meu pai não gostando.Chegando em casa,eu encontro Celina e minha mãe conversando no hall. Nos despedimos da minha mãe e saímos para o parque. Caminhamos apreciando a vista, o calor e até mesmo o trânsito.
Sentamos num banco assim que chegamos e observamos as crianças brincando por todo lado,quando de repente avisto Diogo.Bem irônico encontrá-lo no lugar que nos conhecemos. Ele não me vê.
Diogo se abaixa e abre os braços com um sorriso enorme no rosto, quando um menininho o abraça. Eu fico impactada com a cena. Cristo!É ele,o filho de Luciana! Tento respirar fundo e me concentrar em outro lugar mas meus olhos insistem em focar neles.
Eu sei.Sei que a criança não tem nada a ver com tudo o que aconteceu mas sabe,essa cena só me fez perceber que ele já se apegou ao menino.
-Podemos sair daqui? - peço.
-Claro, vamos tomar um sorvete. - assinto.
Ainda olho mais uma vez pra eles,brincando de avião. Nossos olhares se cruzam por um instante mas acho que ele não percebe que sou eu.Celina não fala nada,acho que ela também viu aquilo e está respeitando meu espaço.Algumas lágrimas insistem em descer e eu xingo mentalmente antes de ser virada bruscamente e dar de cara com ele.
Diogo Bordinari
Tirei a tarde de hoje para levar o pequeno ao parque. Com o tempo,eu fui me apegando a ele de forma paternal,o que era inevitável. No parque, eu quase não vejo quando Lia passa com Celina,mas mesmo de longe eu a reconheço. Seguro na mão de Luiz e vou atrás dela.Me destrói ver ela chorando. Minha vontade é de abraçar, beijar,dizer que tudo vai melhorar, que vamos vencer essa fase que está sendo muito mais difícil pra ela do que pra mim. Eu odeio vê-la assim porque é meu dever cuidar da minha menina, protegê-la.
-Lia..
-Não tô afim de conversar agora Diogo. - ela está chateada.
-Não faz isso com a gente,amor.Passamos por tanta coisa.
-Eu só estou triste porque sei que não posso lhe dar o que quer,mesmo que fiquemos juntos.
-Ter você já me basta. - digo,entendendo o que ela quer dizer,ao olhar para o menino.
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Muito Além
CasualePreconceito.Violência doméstica .Racismo.Ouvimos e sofremos muito essas palavras em pleno século XXI.Então gente,eu resolvi abordar este tema no novo livro porque é uma causa social que me incomoda bastante. Mas é muito mais do que isso.É um livro,c...