Capítulo 2 - Amy

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Estou entediada enquanto ando de um lado para o outro. É sábado à noite e não tenho nada para fazer.

Minhas únicas companhias são Netflix e um pote de sorvete de chocolate.

Eu poderia estar me preparando para alguma balada, mas nem ânimo para isso tenho. Pois, tudo que me vem a mente é que eu queria aquele pecado de homem comigo.

Eu jamais imaginei que conheceria alguém como ele. Aquele provocador pervertido mexeu com minha cabeça.

Ao mesmo tempo que eu o queria muito, eu não o queria. Vocês conseguem entender isso? Eu não. Na verdade eu tento.

O que adianta ser lindo e muito gostoso, mas ser presunçoso como ele. Chega a ser irritante. Eu sei que sou linda, mas não fico dizendo isso de cinco em cinco segundos. É irritante.

É verdade que não sou nenhuma santa. Adoro sexo. Principalmente sexo com quem entende bem o que é isso. Se é que vocês me entendem?

Sou uma safada assumida. Entendam, não sou puta. Não saio abrindo as pernas para qualquer macho que apareça em minha frente.

Mas, se o cara ta afim, e eu também, porque não? Entendem?

Não quero esse negócio de amor. Eu já quis em uma época em que eu achava que era para mim. Mas descobri que não.

Eu simplesmente não suporto esse negócio de corações partidos e lágrimas transbordando o tempo todo de meus olhos não é para mim. Eu não fico me lamentando pelo fim de uma relação. Eu não choro.

Eu mostro pro cara o que ele perdeu e mando se foder quando dar-se conta do erro que cometeu e pede pra voltar.

Não tenho paciência para drama.

Perceberam como sou bem resolvida? Então, a questão é essa? Como alguém bem resolvida, adulta e independente como eu cria uma espécie de fixação por um cara que está do outro lado do oceano?

Ta certo que aqueles olhos azuis sacanas demonstram um tipo de promessa velada muito atraente, que aqueles lábios carnudos convidam para o deleite, aquele corpo atlético maravilhoso que com certeza deve fazer maravilhas e o pacote... Ah o pacote.

Merda! Já estou salivando só em pensar.

Entenderão agora? Estou sofrendo de tesão reprimido e isso é uma merda. Eu me conheço e sei que esse desejo louco só seria saciado pelo deus grego brasileiro.

Mas, vejam só? Eu não quero me entregar, vai que ele faz muito gostoso e eu fico viciada. Isso seria algo muito péssimo.

Péssimo não, seria trágico.

Antes de ir para o Brasil, eu já estava há mais de dois meses sem sexo. Acreditem ou não, mas minha rotina estava muito puxada no trabalho.

Ser uma CEO não é nada fácil.

E depois de ficar tantos dias aguentando a provocação de um certo delegado é quase que meio impossível não estar subindo pelas paredes.

Às vezes pego me pensando, e se? Se eu tivesse cedido, o que teria acontecido? Uma coisa é certa. Não estaria louca deste jeito por sexo.

Falta de candidatos não foi. Mas é que sempre procuro algo de Marcelo nos outros que apareceram até agora, mas nenhum se compara aquele ser ímpar.

Tem o Gustavo que é dono de uma boate que frequento. Ele vive jogando verde para cima de mim, com umas cantadas baratas, mas não consigo confiar nele. Algo em seu olhar não me agrada.

Tudo nele grita perigo. E quando digo perigo é perigo de gente que não mede esforços para conseguir o que quer.

É  melhor mudar de assunto e prestar atenção no filme que está passando em minha frente ou então ler alguns relatórios.

Eu sou uma advogada com especialização em administração de negócios.

Minha família possui uma empresa jurídica. Pra resumir tudo. Papai comprou a empresa, mas dez anos depois não conseguiu acostumar-se com sua vida de empresário e abandonou o presidência depois que me formei em direito pra voltar para o FBI, trabalhando como uma espécie de treinador dos novos agentes.

Eu cogitei que meu irmão assumisse, mas o espertinho fugiu como se fosse o próprio diabo em sua frente. E então sobrou para mim. Jovem, inexperiente e apavorada. Mas, isso durou menos de uma semana. Pois eu fui logo estudar para saber como era comandar uma empresa. E diga-se de passagem que em três anos, eu já fiz muita coisa acontecer naquele lugar.

Já passava das dez da noite, quando ouvi a campainha tocar.

Estranho. Não estou esperando ninguém.

Coloco o robe de seda no corpo, pois estou apenas com uma pequena calcinha de renda vermelha. Estou em casa, tenho minha privacidade, não estou esperando ninguém. Então pode apostar que estou pelada.

Depois de dar um nó bem seguro em meu robe, ando cautelosa enquanto a pessoa do lado de fora toca meu interfone sem parar.

Olho pelo olho mágico e me espanto ao constatar quem está la fora. Só pode ser uma miragem. Constato entorpecida. Não é real.

— Abre a porta mulher. Sei que está aí dentro. — Troveja com sua voz poderosamente rouca e grave ao mesmo tempo, deixando-me completamente encharcada.

Abro a porta e questiono olhando em seus lindos olhos:

— O que está fazendo aqui. — Olho para baixo e noto uma mala ao seu lado. — Acho que é melhor reformular minha pergunta. — Lhe digo. — O que está fazendo aqui na minha casa, com uma mala?

— Oras, eu vim passar as férias com meu amorzinho.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora