Capítulo 11

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Acordo no meio da madrugada me sentindo faminta, Marcelo está dormindo profundamente ao meu lado e é difícil olhar para ele e saber que tudo o que vivemos é passageiro.

Não sei como fui tão burra ao ponto de me deixar envolver tão rapidamente. Ele é tudo o que quero, mas que não posso ter, e isso esta me machucando, e é loucura, ele está há tão pouco tempo aqui comigo que é até ridículo.

Ontem eu não pretendia terminar minha conversa com Marcelo, e me aproveitei do cansaço que estava sentindo para me jogar na cama, tenho noção do quão idiota estou sendo com ele mais não consigo evitar.

Preciso pensar em algo que o faça ir embora, me dói pensar em mandá-lo para longe, no entanto ou faço isso agora ou então me ferro quando ele partir e o vazio me preencher, não que ele não vai aparecer agora, vai. Sei que vai e vai doer muito, mas eu supero, nunca fui mulher de ficar choramingando, não vai ser agora.

Levanto cuidadosamente e vou para a cozinha, tem uma panela em cima do fogão, destampo a mesma e encontro um tipo de sopa dentro. O cheiro está delicioso e meu estômago ronca em protesto. Pego um prato fundo no armário e coloco uma generosa quantidade no mesmo, coloco no microondas para aquecer e enquanto espero tento entender como me meti nessa roubada, sério não da pra entender como fui me deixei envolver desse jeito com Marcelo.

Ele é bem arrogante à primeira vista. Aquele convencimento dele dá nos nervos, entretanto o que ele esconde e só demonstra quando confia na pessoa é incrível.

Confiança.

Como porra vou dizer que quero que ele vá embora? (mesmo não querendo que ele vá). Em tão pouco tempo  confiei tudo à ele. E confiaria muito mais se ele não fosse me deixar. Mas não posso cobrar nada, desde o principio ficou acertado que seria uma relação casual. No entanto como poderia continuar apenas com isso quando o que sinto mudou. Como me permitir me magoar mais um pouco a cada dia? Nunca fui uma pessoa masoquista, não posso deixar que isso continue.

Eu penso, penso e meus pensamentos não me levam a nada. Nada que não seja implorar para que ele continue comigo. (Que merda tô pensando! Não sou mulher de implorar. Apaga isso autora.) Estou uma verdadeira contradição, se não tomar uma iniciativa o quanto antes é capaz que eu enlouqueça.

Pego pão e coloco na mesa, depois pego o prato no microondas e sento a mesa para tomar o caldo, não faço a minima ideia do que ele colocou mais está uma delícia. Como tudo e depois limpo a bagunça que fiz deixando a cozinha do mesmo jeito que encontrei.

***
Me espreguiço em minha cama e quando viro pro lado encontro o outro lado vazio. É impossível não me sentir decepcionada, fico um tempo ainda me sentindo deprimida, no entanto não posso passar nenhum minuto a mais desse jeito. Sou linda, forte, independente e bem sucedida, essas lamúrias jamais me levarão a qualquer lugar e se não posso ter Marcelo pelo tempo que desejo posso muito bem aproveitar o resto do tempo que tenho com ele e já que estou temporariamente de férias, porque não aproveitar?

Pego meu celular e ligo para uma empresa de táxi aéreo. Leva alguns bons minutos para que eles me garantam que irão conseguir o plano de vôo ainda hoje para que possamos viajar.

Depois de tudo resolvido com o transporte, faço uma ligação para minha empresa onde deixo tudo organizado para minhas férias por motivos de saúde. Informo aos meus pais onde vou estar e porque estarei alguns dias afastada de minhas responsabilidades.

Jogo o celular de lado e pulo da cama para ir ao meu closet, onde pego uma mala e abro a mesma em cima de meu pufe. Preciso de roupas leves, lingeries, biquínis e maiôs, protetor solar, chapéu, óculos e rasteiras, produtos de higiene pessoal, após ter certeza de não ter esquecido nada, vou tomar um banho para relaxar e esquecer um pouco essa tensão que venho sentindo. Arrumar a mala e deixar tudo organizado para minha viagem não demorou quase nada, sou bem prática e consigo resolver as coisas com uma facilidade que outras pessoas não teriam. Após sair do banho, visto uma calça jeans preta, uma baby look cinza e um blazer alongado preto, depois calço uma espadrille e prendo o cabelo em um rabo de cavalo, não passo nenhuma maquiagem, gosto de sentir minha pele limpa.

Saio do quarto puxando minha mala e minha bolsa que já tinha deixado pronta com meus documentos. Quando chego a sala, a razão de todas as minhas dúvidas no mento está na cozinha, preparando o que presumo ser panquecas.

— Bom dia. — Ele diz quando ouve meus passos, mas não me olha, continua concentrado no que está fazendo.

— Bom dia. — Respondo, deixando minha mala próximo ao sofá.

— Como se sente hoje? — Questiona.

— Estou bem, obrigada. — Ao virar-se seu olhar torna-se confuso, principalmente quando nota minha mala.

— Vai viajar? — Indaga de expressão fechada. — Pensei que você tivesse que fazer repouso. — Diz sério.

— Na verdade vou sim.

— Tudo bem então, vou arrumar minhas coisas. — Ele diz arrancando o avental, sai de trás da ilha e passa por mim pisando firme.

— Realmente você precisa arrumar suas coisas se deseja ir comigo para a Grécia. — Falo e seus passos cessam.

— O que disse?

— O que ouviu. — Respondo e viro-me para encontra-lo encostado no batente me olhando com um sorriso que poderia rasgar suas bochechas facilmente.

— Você vai viajar e me levar junto. — Fala.

— Acho que alguém prometeu que cuidaria de mim.

— É verdade. — Ele responde vindo até mim e puxando-me pela cintura. — E eu sempre cumpro minhas promessas.

Eu sorrio e tenho meus lábios pressionados pelos seus, de início um beijo lento, apenas nossos lábios se movendo em sincronia, entretanto como sempre o beijo que era para ser lento e carinhoso, torna-se um tanto desesperado, uma confusão de línguas duelando e quando suas mãos tentam entrar por dentro de meu jeans, sinto-me obrigada a acabar com nosso momento de puro fogo.

Nossas respirações estão ofegantes quando o empurro. — Vai lá, arruma suas coisas que termino nosso café da manhã.

— Tudo bem. — Ele concorda e vai para o quarto, não antes de me fazer observá-lo arrumar sua calça na frente.

Eu vou para a cozinha suspirando como uma boba, preciso fazer nossos últimos dias juntos durar uma década, de preferência.

*Não revisado.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora