Capítulo 22

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Não sei de quem foi a ideia descabida de aparecermos tão cedo na casa de Camille, mas aqui estamos à quase uma hora esperando. Queria muito estar em casa, adiantando alguns documentos do trabalho, mais felizmente ou infelizmente estou aqui. Tentei trazer Zoe, para ser meu escudo contra Marcelo, mais já conhecedora de toda minha história com ele, preferiu ficar de fora.

Ter alguém para morar comigo está sendo ridiculamente bom. Sempre fazemos algo juntas depois do trabalho, tipo maratonas de séries, ou filmes clichês, regado a bastante porcaria, final de semana fomos em uma balada e dançamos muito.

Ela é divertida e agora está tendo a oportunidade de viver, me sinto muito realizada por ter sido eu a dar o primeiro passo para essa mudança acontecer.

Sou tirada de meus devaneios quando Camille chega na sala nos cumprimentando.

— Bom dia. — Respondemos em coro.

— Meu Deus! — Exclama ao ver barriga de gêmeos de Melissa. — Achei que vocês não viriam. Como conseguiram essa proeza? — Questiona sorridente.

— Nicholas bem que tentou, mas eu não perderia seu casamento por nada. — Ela diz. — Estou tão feliz por você amiga! — Se abraçam como pode já que suas barrigas estão no meio.

— Obrigada. — Camille agradece. — Já estão com nove meses? — Pergunta apontando de Melissa para Bianca.

— Sim. — Respondem em uníssono.

— Eles podem nascer a qualquer momento. — Bianca Fala.

— Certo, certo. As gravidinhas já se monopolizaram, agora é minha vez de dar um abraço nessa fofa que está com minha sobrinha linda na barriga. Lilian diz.

— Vejam pelo lado bom meninas. — Camille fala. — Se por um acaso os bebês resolverem aparecer agora, nos temos uma obstetra presente. — Elas riem, mais acho que é de nervoso. —Você Nikoly, está de quanto tempo, e o sexo do bebê? — A mesma questiona.

— Completei quatro meses há poucos dias e não sei o sexo. Eu e Logan decidimos esperar nascer para poder descobrirmos, será uma surpresa. — Minha cunhada fala, acariciando sua barriga.

— Desperdício de tempo, ficar nessa ansiedade desnecessária. — Reclamo.

— Fale por você. — Nikoly me retruca, chata.

— A conversa ta boa, o mundo dos bebês é fascinante, mas precisamos ir para o SPA. — A mãe de Camille fala chamando nossa atenção.

Camille abraça todas presentes e seguimos para nosso dia de princesa.

Estamos no SPA há algumas horas, já fizemos massagem, limpeza de pele e agora estamos arrumando as unhas.

Estão todas empolgadas falando sobre seus respectivos maridos, um assunto bem enfadonho por sinal.

— E Marcelo, Amy. Vocês mantiveram contato? — A noiva questiona e engasgo com a água e uma crise de tosse horrorosa me pega despreparada.

— Eu não quero falar sobre ele. — Respondo emburrada.

— Como assim? — Questiona com um sorrisinho. — Eu e Thomas percebemos a química que emana dos dois, juravamos que seriam o próximo casal. — Cara de pau.

— Vira essa boca pra lá. — Falo. — Não quero ser a senhora Fontana. —  Desdenho.

— Já diz o ditado "quem desdenha quer comprar." — Ela avisa e eu sorrio enviesado.

— Não se preocupe, se não quiser eu quero. — Kate diz e eu a olho torto. — É gostoso? — Ela pergunta.

— Muito lindo. — Camille responde e todas concordam.

— Quem irá me apresentar o gostosão? — Kate indaga e o instinto possessivo em mim fala mais alto.

— Nem pensar. Aquele ignorante é meu, pode tirar o cavalinho da chuva. — Falo e todas caem na gargalhada.

— Eu sabia. — Camille diz vitoriosa.

— Estão juntos há quanto tempo? — Ela pergunta.

— Tem uns meses, nos vemos por um curto período. — Digo meio contrariada. — Mas não estamos namorando e nem estamos juntos. — Falo. — Estávamos nos curtindo, mas a vida é uma merda e estragamos tudo. Ah! — Exclamo. — Ele é um cretino de marca maior.

— Seu irmão já sabe? — Melissa pergunta.

— Não, e nem precisa, até onde sei Logan não é meu dono. — Respondo. 

— Vai dar merda! — Melissa profetiza.

— Vai nada. — Dou de ombros,  descrente. — Minha cunhadinha linda estava me acobertando em tudo. Sem contar que sou maior de idade e dona do meu próprio nariz.

— Porque eu não me surpreendo. — Melissa diz.

— Você sabe o quanto amo trabalhar de cupido, né cunhadinha. — Nikoly diz.

E todas riem abertamente.

Estamos todas prontas em frente à igreja, aguardando o sinal da cerimonialista, meu coração parece que vai sair da boca a qualquer momento, por fora uso uma máscara de indiferença, no entanto por dentro estou inquieta, ansiosa e preocupada.

Meu vestido vermelho caiu-me muito bem, assim como o meu cabelo que está solto, uma maquiagem leve com um batom vermelho, que já se transformou em minha marca registrada.

As meninas sobem os degraus da igreja e eu as sigo de perto, somos interceptadas na entrada pela organização da cerimônia. Eu não entendo o que a mulher está falando, mais sei que ela vai nos guiar até nossos lugares, enquanto as mesmas ainda conversam Logan, Gabriel e Nicholas correm ao encontro delas é meio bizarro, já que eles se viram hoje.

Não olho em nenhuma direção, não quero vê-lo, não ainda.

A cerimonialista toca em meu braço e conduz todos nós aos nossos lugares, quando seguimos em frente minha vontade é de dar meia volta quando meus olhos encontram os de Marcelo, que está de pé na segunda fila à direita.

Paramos perto de onde ele está e a mulher indica que meu lugar é bem ao lado dele, ou é muito azar trabalhando em prol de meu sofrimento ou Camille mexeu seus pauzinhos.

Que merda!

— Dá licença. — Peço, tentando passar pelo mesmo que está bloqueando o caminho.

Sem que eu espere ele puxa minha mão e deposita um beijo que me faz arrepiar inteira, mas minha surpresa não foi tanta ao ponto de deixar que ele faça o que quiser comigo.

— Você está deslumbrante. — Elogia, e no mesmo instante puxo minha mão.

— Não te dei permissão para me tocar e muito menos falar comigo, então da licença. — Sussurro entre dentes.

Tento empurrá-lo mais desvia deixando que me acomode no lugar vago, estou me sentindo em um filme daqueles clichês onde todos os lugares estão ocupados e sua única alternativa é manter-se ao lado de quem mais se quer distância.

— Quero falar-lhe depois da cerimônia. — Sussurra próximo ao meu ouvido.

— Pois vai ficar querendo. — Respondo e sorrio forçado.

Nem sonhado cretino!

Graças à Deus a cerimônia iniciou, ele ainda tentou puxar assunto ao pé de meu ouvido, mas o ignorei completamente, não quero papo, pra não correr o risco de cair em tentação.

Foi bem difícil estar ao seu lado, sem poder tocá-lo, meu corpo e meu coração clamam por seu toque, seu cheiro e seu carinho, no entanto meu lado racional percebe que ele não me faz bem.

Ele me tira o foco, me deixa fraca e sem saber o que fazer. É por isso que não penso muito e saio praticamente correndo quando a cerimônia tem fim.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora