Estamos há mais de duas horas voando quando Marcelo tem a ideia de fazermos uma brincadeira, pra ser bem sincera acho muito pensamento de adolescente sua opinião.
Quem hoje em dia brinca de eu nunca? Com certeza adolescentes. Sem contar que vou ter que encher minha bexiga de suco, se pelo menos pudesse beber um vinho.
— Não vou participar disso. — Respondo pela enésima vez.
— Com medo de colocar seus podres para fora? — Questiona com um sorriso debochado.
— Claro que não. — Respondo indignada. — Se quiser saber alguma coisa é só perguntar que te falo.
— Você vai editar as respostas antes de me responder. — Ele diz.
— Não vou não.
— Ninguém responde a primeira coisa que vem a cabeça quando tem tempo de pensar. — Dou de ombros.
— O que quer saber? — Indago.
— Como você era quando criança?
— Sei lá, tirando a parte chata da epilepsia fui uma criança normal. — Digo.
— Só isso? — Levanta a sobrancelha em desafio.
— Tudo bem. — Me inclino para mais perto dele e complemento. — Quando tinha onze anos, minha mãe ofereceu um jantar para os amigos e colegas de trabalho do meu pai. Eu não gostava de uma mulher chamada Kety. — Sorrio ao lembrar. — Ela gostava de me chamar de pirralha nojenta quando ninguém tava olhando e uma vez me beliscou porque disse que ela tinha cara de vaca e que iria contar que tinha visto ela tentando agarrar um dos colegas de meu pai a tio Olavo, seu noivo. Ela fez um escândalo dizendo que eu era uma garota perversa e pediu para que meus pais me deixassem de fora do jantar porque eu tinha sido uma péssima menina. — Marcelo mantém contato visual enquanto narro, bem interessado. — Minha mãe não acreditou muito que eu tivesse sido desagradável, principalmente porque era a princesinha de todos. No entanto me mandou para o quarto e disse que eu faria minha refeição lá, naquela noite. Eu fui mais não conformada. Quando cheguei ao meu quarto, liguei para tio Olavo que veio rapidamente ao meu socorro e mostrei a marca do beliscão em meu braço. Num primeiro momento achou que fosse coisa da minha cabeça, ou que tinha sido sem querer.
— O que aconteceu depois?
— Estou chegando lá impaciente. — Falo. — Armei uma emboscada pra víbora com o auxílio de Logan.
— Como conseguiram isso?
— Descobrimos que ela tinha fetiche por novinhos. — Respondo. — Lembro-me como mamãe ficou uma fera, se não fosse nosso pai, com certeza ela teria feito um estrago dos grandes.
— Quantos anos seu irmão tinha?
— Dezessete. Não me pergunte como ele conseguiu levá-la até a biblioteca. O que sei é que ela o seguiu, se insinuou e tentou beijá-lo. Tio Olavo estava escondido atrás da cortina, ela estava tão empolgada que nem viu quando ele saiu. Só presenciei o barraco quando os gritos chegaram a sala e tio Olavo saiu arrastando a vagabunda pelo braço, enquanto ela chorava dizendo que era inocente e que meu irmão tinha dado em cima dela e a levado para lá. Mas o negócio esquentou quando ela se soltou e me viu rindo horrores da sua desgraça. Ela tentou me pegar, mas mamãe entrou na frente e quando tio Olavo disse o que tinha acontecido quase que ela não sai de cima dela.
— Você é maquiavélica desde criança. — Ele diz se recostando a poltrona.
— Não mesmo. Ela pediu por isso, graças à mim tio Olavo conseguiu uma mulher maravilhosa e que lhe deu lindos filhos de cabelos pretos e olhos azuis, foram bebês fofos que eu amei mimar.
— Você quer ser mãe! — Ele exclama de repente, cruzando os braços no peito.
— Mais é claro que quero. — Ele arqueia a sobrancelha. — Não agora, mas no futuro, eu planejo sim ter meus próprios filhos.
— Achei que você não quisesse ter um relacionamento sério. — Fala.
— Quando foi que eu disse que não quero? Não me lembro de ter perguntado.
— Não perguntei é que você... — Ele pausa e me olha nos olhos profundamente. — Deixa pra la. — Diz depois de um certo tempo.
— Deixa pra lá nada, não gosto de meios termos, pode continuar o que ia dizendo.
— Você é muito independente e prática, não pensei que iria querer amor e romance.
— Não acredito que nisso, você está me ofendendo! — Exclamo fingindo-me ofendida.
— Me desculpe Amy, jamais foi minha intenção te ofender. — Ele levanta e tenta pegar em minha mão, no entanto eu levanto antes que ele e vou para o quarto, passando e batendo a porta na cara dele. — Amy, abre a porta, me desculpe.
— Vá embora, quero ficar sozinha. — Grito através da porta, louca de vontade de rir, mais prendendo a gargalhada.
— Não faz assim. — Ele pede. — Por favor me perdoe. — Pede com voz frustrada e acabo sucumbindo à uma risada. Ao mesmo tempo a porta se abre e ele cruza os braços fortes ao me ver curvada de tanto rir.
— O que é tão engraçado? — Pergunta com raiva.
—Me des...desculpe.— Rio mais ainda. — Não consegui evitar.
Caminha e para exatamente em minha frente, me cobrindo com todo seu tamanho.
— Nunca mais faz isso comigo porra! Você me assustou caralho. — Ele diz e me abraça apertado, grudando nossos corpos de maneira a não passar nem vento por nossos corpos.
— Percebi. — Digo com o rosto apertado em seu peito.
— Agora estou curioso. — Ele diz afrouxando o aperto e me segurando pelos ombros. — Você quer ou não quer romance?
— Não, eu não quero. — Falo olhando nas profundezas de seus olhos azuis. — Romance é sinônimo de coração quebrado e isso é algo que não pretendo ter.
— E como vai fazer para ter seus filhos, você vai casar com alguém por conveniência?
— E quem disse que vou casar? — Pergunto horrorizada.
— E como pretende ter seus bebês?
— Meu amor, estamos no século XXI. Por um acaso já ouviu falar em inseminação artificial? Eu escolho uma clínica, um doador anônimo, passo por toda uma preparação e fico grávida.
— Você vai usar sêmen de um desconhecido e ter filhos num potinho? Você é inacreditável.
— Não sou não. Sou moderna e resolvida. — Ele me da as costas e passa as mãos pelos cabelos.
— Já pensou o que vai dizer aos seus filhos quando questionarem pelo pai?
— A verdade oras, porque iria mentir.
— Você não pode querer ter filhos desse jeito. — Ele diz.
— E desde quando você pode interferirem minhas decisões? — Devolvo ficando irritada.
— Eu posso doar meu sêmen pra você, na verdade posso até te dar os filhos do jeito mais gostoso e natural, é só querer.
— VOCÊ É DOIDO! — Grito irritada. —SAI DAQUI IDIOTA. — NÃO QUERO TE VER NA MINHA FRENTE ATÉ ESSA DROGA DE AVIÃO POUSAR.
— Você só pode estar brincando não? É uma ótima oferta? Por acaso tem algo errado comigo? Porque não o sêmen de alguém que você conhece?
— É a minha vida e você não tem o direito de tentar interferir, agora me deixa sozinha! — Peço e respiro fundo tentando me controlar.
— Tudo bem, você que sabe. — Concorda e sai, batendo a porta.
Me jogo na cama e cubro os olhos sentindo uma dor de cabeça se aproximando.
Era só o que me faltava. Aceitar os espermatozóides dele, só pode ter ficado maluco, até parece que iria aceitar essa sandice!
*NÃO REVISADO*
Eu nunca!
Você aí, é miga você. Isso te lembra alguma coisa? Hahaha
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Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)
Romance[+16] Marcelo Fontana. É um delegado de prestígio. Em compensação é um pervertido quando se trata de mulheres. Quer distância de compromisso. Amy Montgomery é americana, veio para o Brasil para participar da cerimônia de casamento de Nicholas Cla...