Capítulo 21

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Uma nova oportunidade bate a minha porta hoje e não pretendo desperdiçar.

Acabo de chegar ao hotel onde estou hospedado em São Paulo, para o casamento de Camille e Thomas e sei que Amy já está por aqui, no entanto ainda indiferente à mim.

Há algumas semanas parei de tentar me reaproximar e estou dando um tempo desde então, minha vontade por ela não diminuiu nem um pouco, muito pelo contrário, só aumentou. Mais pisei na bola e agora estou pagando por minhas atitudes.

A minha raiva de mim mesmo é que não consigo descobrir o que sinto por ela — desejo, atração, paixão — não consigo descobrir o que é, e além de ficar mais confuso, isso me irrita profundamente, não sei o que é, não consigo nomear, mais sinto entranhado em mim de maneira irrevogável.

Quero-a, mais antes de mais nada necessito entender meus sentimentos.

É tudo tão contraditório.

Amanhã será o casamento, espero ter a oportunidade de falar-lhe em particular.

Hoje pretendo apenas ficar no hotel e descansar, sai de um plantão e vim direto para cá. Estamos no meio de uma investigação, mais alguns dias e conseguiremos desmanchar uma quadrilha que atua em Recife com o tráfico de drogas, e o melhor de tudo é que tem peixe grande nessa história, estou ansioso por desarticular esses bandidos vestidos com gravatas.

Mal posso me conter, já são quase dois anos de investigação, temos que ser muito pacientes com relação à esse trabalho, se não tiver paciência, nem adianta entrar na PF.

***

— O que será que estão fazendo? — Thomas questiona novamente e isso me irrita.

— Cara senta e aproveita. Elas estão em um SPA relaxando enquanto você está aqui, quase tendo um ataque apoplético. Vai por mim, melhor coisa que você tem a fazer é esperar sentado. — Nicholas fala com todo conhecimento de causa, ele me ligou hoje cedo, para nos reunirmos no endereço do pai do noivo, daqui vamos direto pra igreja.

— E por um acaso você conseguiu realizar essa proeza? — Thomas é irônico ao questionar.

— Conseguiu nada. — Gabriel ri. — Parecia um maluco andando pra lá e pra cá, o tempo todo, achávamos que ele iria abrir um buraco no chão.

— Por isso que eu decidi não me casar. — Falo despreocupado e todos m encaram como se tivesse duas cabeças, exceto Thomas que me olha com um sorriso enviesado, fecho a cara imediatamente. — Sou um solteiro convicto.

— E a Amy? — Parece que tem alguém querendo morrer hoje e deixar uma noiva no altar.

— O que tem minha irmã? — Logan pergunta claramente com raiva.

— Sério que você não percebeu o jeito que ela e Marcelo se olhavam durante a cerimônia do casamento do Nicholas? — Trinco os dentes.

Desgraçado.

Em algum momento ele me paga, à se paga.

— Ta delirando Thomas? — Desdenho ao indagar.

— Não. Estou bem lúcido, para o seu azar. — Ele diz e tenho que me segurar para não lhe mandar se foder.

— Você não ousaria olhar para minha irmã. — Logan fala com raiva, mais o ignoro completamente. — Eu arranco suas bolas e esqueço que você ajudou a salvar minha esquentadinha.

Para tentar despistar jogo uma frase idiota no ar.

— Baixa o facho que da doida da sua irmã eu quero é distância. — Falo, mais continua me olhando enviesado.

— É como dizem por aí. Escondido é mais gostoso. — Thomas diz e todos caem na gargalhada, menos eu e Logan, que está olhando para mim com semblante desconfiado.

A conversa muda de direção, no entanto Logan continua com hostilidade para meu lado, se ele sonhar que comi sua irmã de todas as maneiras possíveis, certeza que a briga será feia, por que obviamente não irei apanhar, está fora de cogitação.

Seria algo como briga de gigantes já que ele trabalhou no FBI e eu também já fui treinado pelos caras, mas não me importo no momento com o que pode ou não acontecer.

O pai de Thomas e o de Camille, estão perto da churrasqueira com Miguel, provavelmente estão conversando sobre negócios, Ricardo que é irmão de Camille não deu as caras e a mesma está preocupada com a possibilidade do mesmo não aparecer na gora certa, o que acho meio improvável, já que além de irmão é o padrinho da noiva.

Tento manter-me focado no que estou ouvindo, mas às vezes acabo divagando — O que será que ela está fazendo? O que vai vestir? Será que pensa em mim? — São apenas algumas das minhas indagações e assim o dia vai passando lentamente e a ansiedade pelo reencontro me consumindo.

É deprimente.

Finalmente é chegada a hora. Estamos todos na igreja, aguardando a chegada das mulheres. A cerimonialista corre com sua equipe de um lado a outro organizando os convidados que são bem poucos, nada extravagante demais, é simples e bonito.

Estou sentado na segunda fila do lado direito, quando um burburinho se faz  ouvir e eu me levanto imediatamente ao ver meus companheiros quase correrem atrás de suas respectivas mulheres, quando meus olhos grudam nela fico preso imediatamente ao magnetismo que nos conecta, ela está mais linda do que nunca em um vestido vermelho que marca sua cintura fina e seu quadril avantajado, um decote não muito profundo permite com que veja a carne de seus seios que estão a mostra, seus cabelos caem em ondas em seus ombros e seus lábios vermelhos me imploram por um beijo.

Sinto meu pau pulsar em minha cueca, no entanto este é um momento muito inoportuno já que estamos dentro da casa de Deus, engulo em seco e puxo um pouco minha gravata que parece me sufocar no momento. Amy parece totalmente alheia a minha presença, é como se não me visse.

A cerimonialista toca em seu braço e conduz todos aos seus lugares, minha expectativa vai a mil quando ela se aproxima de mim, não consigo acreditar em meus olhos quando ela para do lado onde estou e a mulher aponta para o lugar o banco, indicando seu lugar justamente ao meu lado. É muita sorte em um só lugar.

Obrigado Deus.

Agradeço em pensamentos.

— Dá licença. — Ela pede e tenta passar por mim, para o outro lado.

Pego sua mão sem que espere e deposito um beijo demorado na mesma, ela parece um pouco surpresa com meu movimento, mais mascara bem todo o desejo acumulado e reprimido.

— Você está deslumbrante. — Elogio, e ela puxa sua mão.

— Não te dei permissão para me tocar e muito menos falar comigo, então da licença. — Sussurra.

Tenta me empurrar mais dessa vez eu deixo que passe e se acomode ao meu lado, já que não conseguirá manter uma distância de mais de trinta centímetros de mim.

— Quero falar-lhe depois da cerimônia. — Sussurro próximo ao seu ouvido.

— Pois vai ficar querendo. — Responde com um sorriso no rosto.

Ainda tentei conversar com ela novamente, mas me ignorou completamente, depois a cerimônia começou e infelizmente nada pude fazer. Quando a mesma terminou ela levantou tão rápido para ir embora que minha única reação foi piscar, em um segundo estava ao meu lado, no outro já estava quase na porta da igreja.

Sorry pela demora! ❤

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Sorry pela demora!

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora