Capítulo 9

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Não sei se o que fiz foi certo ou errado. Minha consciência diz que fiz bem, mas meu coração diz que não. Quando minha mãe me ligou, convidando-me para jantar em sua casa eu não pensei muito bem e aceitei de imediato.

Sabia que Marcelo estava em minha casa, mas ao mesmo tempo que eu estava emocionada com seu gesto eu também me senti assustada, ninguém além de minha família foi tão atencioso e isso acabou me desestabilizando, pois sei que jamais poderia me envolver, ele vai embora em menos de um mês e não posso me apegar, isso só me traria problemas, e dos grandes.

Sei que minha atitude não foi de uma mulher adulta, só espero que ele entenda que eu não o quis ofender, estou apenas protegendo-me de ao final desta história sair com o coração partido.

Passei a noite recebendo carinho e cafuné, estava vulnerável e seu amor de mãe que sabe das coisas me deixou um pouco sensível, não muito, só um pouco, afinal de contas não sabia que estava tão necessitada desse momento mãe e filha ou pode ser uma TPM se aproximando. Entretanto meu conforto só durou até ela me comunicar que estava partindo em uma viagem com meu pai, sem data de retorno. A partir deste momento me senti só, como nunca me senti antes.

Quando ela saiu do quarto, chorei como há muito tempo não chorava. Odeio me sentir fraca, sempre fui determinada e teimosa com relação ao que eu almejava, mas isso, esse sentimento que comprime meu peito e minha alma foge a tudo ao que eu conheço e domino.

Já são quase sete da manhã e minha disposição é quase nula, necessito ir para casa, mas estou com preguiça. Minha cabeça dói e meus olhos pesam, por conta da noite em claro. Mesmo cansada levanto da cama e vou ao banheiro, depois de me sentir um pouco mais desperta pego minha bolsa e chave do carro para ir embora. Quando passo na cozinha para me despedir dos meus pais eles já estão sentados a mesa para o café da manhã, eles mr olham quando percebem minha presença e suas expressões se transformam de felizes para algo como preocupação, tento sorrir mais acho que não deu certo já que minha mãe faz uma careta estranha.

— Já vai para casa? — Meu pai questiona quando me inclino para beijar sua cabeça.

— Sim. — Afirmo. — Não dormi direito e estou me sentindo cansada, não vou para o escritório hoje. — Respondo omitindo o fato de que não dormi nada.

— Você anda bebendo Amy? — Minha mãe questiona. — Lembro que mesmo sabendo que não pode ingerir álcool, você o fez no casamento de Nicholas e desde então tem se mantido afastada. — Porque mães tem que ser tão perceptíveis? Me questiono em pensamentos.

— Uma taça de vinho de vez em quando, nada demais. — Respondo.

— Amy, você sabe que não pode beber nada com álcool. — Meu pai fala um tanto sério, me repreendendo como se fosse algum tipo de garotinha irresponsável.

— Já faz muito tempo desde a última crise, na verdade anos, vocês não tem com o que se preocuparem. — Tento acalmá-los.

— Por isso mesmo meu amor, não queremos vê-la daquela forma de novo. — Mamãe diz de forma doce.

— Estou me cuidando direitinho, eu juro.

— Tudo bem. Se está dizendo, nós acreditamos. — Papai responde e minha mãe balança a cabeça em concordância. — Junte-se a nós para o café da manhã. — Convida.

— Agradeço o convite mais terei que declinar. — Falo. A vontade de estar em casa é muito mais tentadora.

Despeço-me deles e vou para a garagem e entro em meu carro, levando a mão ao estômago, onde uma sensação esquisita me atormenta. Não posso ter outra crise, isso não está na minha agenda. Ligo o carro e saio em disparada, preciso chegar em casa logo.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora