Capítulo 27

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Marcelo

Estamos caminhando em direção ao restaurante do hotel e não sei como estou conseguindo conter minhas emoções.

Chega de transparecer o quão fodido estou com essa situação.

Foi e está sendo muito difícil manter essa seriedade, mas o momento pede, tenho que me manter firme pois tenho certeza que o que ela irá falar vai me levar a uma merda maior do que a que já estou e não somente no sentido da palavra.

Quando a recepcionista nos leva até a mesa puxo a cadeira para que Amy se acomode, ela não diz nada e senta-se, dou a volta na mesa e sento de frente a mesma.

Ela suspira audivelmente mais eu aguardo pelo que ela tem a dizer.

— Bom eu não sei por onde começar.

Arqueio a sobrancelha em questionamento, mas não emito som algum.

Ela entrelaça suas mãos em cima da mesa e baixa a cabeça, eu simplesmente espero. Depois de um tempo somos interrompidos pelo garçom que vem nos questionar sobre nossas escolhas.

Fazemos nossos pedidos e eu a olho no profundo de seus olhos.

— Bom, esse tempo que estamos separados — Ela começa. — Eu conheci uma garota e...

— Que porra do caralho! — Exclamo interrompendo o que quer que ela fosse falar. — Que merda! — Ela me encara de olhos arregalados enquanto esbravejo inconformado. — Sério que tu me chamou pra dizer que se descobriu lésbica?

Eu tô fodido! E não somente no sentido figurado.

— Ficou doido? — Indaga e começa na gargalhar como uma louca, chamando a atenção das pessoas para nós.

— E não era isso que estava tentando me falar?

Ela continua dando risada, e percebi quando lágrimas começam a descer por suas bochechas.

— Já deu dessa palhaçada, se não era isso o que era então? — Pergunto irritado.

Ela faz um sinal pedindo um tempo e quando se reconhece parece uma enchurrada de palavras ambulante.

— Zoe, está morando comigo, ela é uma amiga querida que vem me aguentando todo esse tempo. Claramente ela não me aguenta mais ouvir falando de você, por isso ela me aconselhou a colocar um ponto final no que tivemos, para que assim eu consiga seguir em frente e esquecer sua existência, era isso que eu queria falar. Não necessariamente nessa ordem, não claramente desse jeito, mas foi isso que entendi.

— Deixa eu ver se entendi. — Peço. — Você só quer conversar comigo porque sua amiga mandou?

— Ela não mandou. — Ela fala e percebo que a ofendi novamente.
— Ela me aconselhou a conversar contigo para nós acertamos, o que não acho que vá acontecer, ou para darmos um fim definitivo no que tivemos, que é o que vai acontecer agora.

— Você não precisava vir aqui somente para isso Amy. Eu já entendi que entre nós não vai rolar. — Levanto e olhando nos olhos verdes mais lindos do mundo, me forço a dizer uma palavra que vai me despedaçar aos poucos, mais se faz necessária no momento. — Adeus Amy, espero que um dia possa me perdoar.

Seus olhos brilham com lágrimas não derramadas. Mais não espero para ouvir qualquer coisa que vá me deixar mais quebrado do que já estou.

Essa coisa comprimindo meu peito é uma merda!

Meus olhos ardem enquanto espero o elevador chegar mais me recuso a chorar, onde já se viu um marmanjo desse tamanho chorando no meio de um restaurante.

Eu vou pegar minha mala e o que for meu, enfiar dentro dela e ir pra casa, era o que deveria ter feito há muito tempo, mais acabei de perceber que sou masoquista.

***

— Marcelo. — Júlio um dos policiais mais antigos me chama. — Olho para o mesmo que mantém um papel em sua mão. — Olha o que acabou de chegar por fax, acho que você vai gostar é da Interpol.

— É o que estou pensando? — Indago.

— Sim.

Pego o papel de suas mãos e sorrio, finalmente! Depois de três anos de investigações, vamos colocar essa quadrilha de engravatados atrás das grades. A operação sardinha vem remando a duras penas, quando percebemos que o crime não era apenas federal e sim internacional entrei em contato com nossa parceira para que assim desmascaremos o grupo juntos, é uma teia de aranha tão intricada, mais anda é tão bem feito, eles deixaram algumas brechas e foi através delas que hoje chegamos onde estamos.

— Júlio, convoque uma reunião de emergência por favor, quero todos que estão envolvidos na operação na sala de reuniões em dez minutos.

— Certo. — Ele fala e sai da minha sala deixando-me sozinho.

Era disso que eu estava precisando, essa adrenalina correndo por meu corpo.

Nem consigo lembrar mais que deixei a Amy sozinha novamente.

Caralho! Meus pensamentos me traíram de novo. Já se passaram dois dias desde que voltei de São Paulo e o que eu mais queria no momento era voltar não ter saído daquele jeito.

Desse jeito é impossível ela voltar para mim mesmo.

— Todos prontos. — Júlio anuncia e se retira novamente.

Eu levanto do meu lugar e sigo para a sala que definirá nossos destinos pelos últimos dias.

Você vai sair em missão. — Foco cara! Foco. — Peço a mim mesmo.

Não posso divagar, não posso errar um milímetro, precisamos deflagrar essa missão logo.

Durante a reunião acertamos como vamos fazer, depois montamos nossa estratégia e ficamos acertados de arrumar as malas ainda hoje, conseguimos um plano de vôo para meia noite.

Finalmente minha vida vai entrar nos eixos novamente, era disso que eu precisava.

Não vai ser fácil, estamos rastreando uma quadrilha de engravatados muito importantes no país, com certeza com as costas quentes, e que trabalha em conjunto com vários traficantes internacionais, os caras são muito fodidos mais nós vamos pegá-los e mostrar que ainda existe justiça nesse país.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora