— O que vamos fazer agora? — Questiono quando terminamos nosso almoço (no restaurante do hotel). No final das contas Amy não conseguiu ir para Thira.
— Agora nós vamos explorar a ilha. — Diz.
— Certo, onde quer ir? — Pergunto.
— Levando-se em conta que estamos no início da tarde e o fluxo de turistas dos cruzeiros deve estar enlouquecedor, devemos ir para a baía de Amoudi um pequeno porto à beira de um mar absurdamente cristalino onde há algumas tavernas, podemos ficar lá e aproveitar a calma.
— Estou com medo de perguntar, mas lá vai: porque lá é calmo?
— Oras Marcelo, porque os turistas não gostam de se aventurar até lá.
— Não entendi o emprego da palavra "aventurar" na frase?
Ela revira os olhos, para de passar protetor solar que pegou em sua bolsa e olha-me irritada.
— Querido, nem todos tem coragem de descer os duzentos e cinquenta degraus, descer é fácil e todo santo ajuda, a questão é a subida da volta, entendeu agora?
— Vamos logo, antes que eu desista e passe o restante do dia sentado nesta mesa, provando cada iguaria que tem nesse cardápio.
Depois que saímos do restaurante passamos pelo centro de Oia, onde foi um inferno conseguir passar, devo deixar claro. Os turistas estão congestionando as ruelas estreitas desde a pracinha até sabe se lá onde. Amy explicou que eles estão aguardando por perto, para quando for o horário certo disputarem o melhor lugar nas ruínas do castelo antigo que serve de mirante para o tão aguardado pôr do sol.
— Wow! — Exclamo e Amy ri abertamente, algumas pessoas até olham para ela. — Não lembro de você falar que essas merdas, além de serem gigantes, eram tão inclinadas.
— Ta com medo lindo? — Ela questiona, já começando a descida.
— Não é medo porra! — Era só o que me faltava. — Ta maluca? — Indago.
— Mais sã impossível. — Ela responde animada.
— Não parece. — Respondo emburrado.
Ouço seu suspiro alto e então ela vira-se para mim e para um degrau abaixo ao que estou.
— Qual o problema, senhor não estou com medo? — Pergunta e sinto sua impaciência.
— Essa escada é praticamente uma arma mortífera. E se você cair? Tropeçar em seus próprios pés ao tentar desviar desses cocôs nojentos?
Seu olhar suaviza e ela responde mais serena.
— Eu não vou cair Marcelo.
— Estamos em um penhasco. — Eu digo. — Sério que isso não te incomoda?
— Você se finge de idiota ou o quê? A ilha foi construída em um penhasco. — Fala mal humorada. — Estamos localizados no centro da ilha recortada em meia-lua. — Gira em torno gesticulando. — Meia-lua está que não passa de uma cratera, e na verdade é a caldeira submersa de um vulcão, criada por uma série de erupções ocorridas no ano 1650 a.C. se não sabe disso vai estudar um pouco mais de geografia e história, esse seu curso de direito não te ajudou em nada, parece mais burro do quê esses pobres animais que tem que subir e descer essa escadaria todos os dias para levar gente preguiçosa como você no lombo, de volta aos seus destinos. Se não quer ir não vai, não estou te obrigando a nada e verdade seja dita, ficando arrependida de ter insistido que ficasse. Você é chato!
Ela enfatiza a última frase e isso me deixa um tanto irritado, confesso.
— E você é uma mimada, egocêntrica que se sente a dona da porra toda, no entanto querida, você não é! — Vejo um lampejo de dor passar por seus olhos no entanto não tenho certeza. — Se não consegue reconhecer quando alguém está querendo protegê-la o azar com certeza é todo seu. — Falo e aproveito sua incredulidade para passar por ela, deixando-a para trás.
Que porra eu vim fazer aqui mesmo? Mulher do caralho para querer me pisar.
O restante da descida é feita em silêncio, eu sou orgulhoso ao extremo e ela não deixa a desejar. Estamos numa disputa silenciosa de quem fala primeiro, é claro que não serei eu.
Chegamos em uma taverna e a primeira coisa que peço é água. Está um calor insuportável lá fora. Quando o atendente, um senhor de uns setenta e poucos anos, (pelo menos é o que sua aparência demonstra) me entrega duas garrafinhas, uma eu empurro para Amy, mas continuo a ignorá-la quando viro-me de frente ao ambiente e observo tudo. Confesso que é um lugar agradável e não tem todo aquele barulho e confusão de idiomas se misturando, como está acontecendo em Oia. Olho para o lado e me assusto ao não encontrar Amy. Onde essa louca sr meteu? Questiono-me.
Saio do restaurante e pergunto em inglês para algumas pessoas se viram ela passando, dou as características e um casal de adolescentes me indicam o caminho. Parece que ela edta saindo de Amoudi Bay.
Voltamos a subir a droga dos duzentos e cinquenta degraus, no mesmo instante em que chegamos, não teve nem como comer algo para ter o direito de falar o ditado popular: "barriga cheia, mão lavada, pé na estrada."
Ela pegou um caminho à esquerda de Amoudi e eu a segui. Mas para a frente há um pequeno caminho em cuja entrada há uma placa avisando sobre o perigo de desabamentos. — Desabamentos? Sério? — Tudo o que menos quero hoje. Parece ser meio perigoso, ao final da trilha há um muro.
Amy se inclina e fica lá, não sei quanto tempo, só espero que a maluca não esteja cogitando se joga no mar. Seria demais para minha sanidade que vem apresentando algumas falhas desde que essa mulher cruzou em meu caminho.
— Me desculpe. — Fala, depois de um tempo e levanto a cabeça a fim de fitá-la nos olhos. — Eu não quis te ofender.
— Você não me ofendeu, apenas me subjugou, algo que não aceito vindo de ninguém. Me desculpe pelo o que disse, sinto que posso tê-la magoado de alguma forma.
— Tudo bem, estamos quites. — Ela diz sorrindo abertamente.
— O que não me impede de dizer que me desculpei, mas que no entanto não retiro o que disse.
— Você é um babaca. — Responde emburrada. — Vamos embora, — Diz e volta a fazer o mesmo percurso outra vez.
Pelo jeito essa peste gosta de andar e não se cansa nenhum pouco.
— Que dia, que dia! — Exclamo frustrado e ela solta uma sonora gargalhada, claramente se divertindo.
*Não revisado.*
Me desculpem pela demora. Estava com bloqueio criativo. 😭
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Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)
Romance[+16] Marcelo Fontana. É um delegado de prestígio. Em compensação é um pervertido quando se trata de mulheres. Quer distância de compromisso. Amy Montgomery é americana, veio para o Brasil para participar da cerimônia de casamento de Nicholas Cla...