— Você precisa desistir delegado. — Cascão ironiza.
Eu evito abrir minha boca. Porque se por um acaso eu fizer isso, tenho certeza que vou gritar, e esse gosto eu não quero dar a eles.
O cara que está me torturando é um idiota. Pau mandado dos piores que existe.
Meu corpo todo dói, todo ele. Há mais de duas horas estou com os braços estendidos em uma mesa, as mãos algemadas — sentiram a ironia — meu tronco está preso no encosto da cadeira e meus pés estão acorrentados nos pés da mesma.
Minhas mãos estão queimadas por cigarros em vários pontos, e alguns cortes superficiais pela mesma, já que o paspalho está brincando de me mutilar.
Minha língua e meus lábios estão mordidos pela força com que trinquei os mesmos para não gritar. Está difícil, começando a ficar insuportável me conter.
— Ta difícil mano, tu é duro na queda.
Vejo quando o mesmo se afasta e fala com um dos traficantes que estão na porta. Eu tento me mover mais não consigo.
Quando ele volta com um sorriso sinistro percebo que o que virá a seguir pode ser minha ruína.
Cascão se abaixa e solta meus pés, depois solta meu tronco, meus braços e com as mãos algemadas mesmo me leva até uma sala que eu não tinha visto antes. Está escuro, mas quando uma luz acende e vejo o que tem em minha frente engulo em seco e tento acreditar que é real.
Parece que voltei no tempo, sinto-me na era medieval.
— Caralho! —Exclamo assustado. Com certeza dessa eu não saio vivo.
— Gostou da nossa dama delegado? — Questiona e gargalha desenfreadamente.
Eu o ignoro por completo, e fico tentando imaginar onde eles conseguiram uma dama de ferro¹. Sinceramente isso nem parece real! Se eu pudesse me beliscaria, só para ter certeza, mas o fato de não conseguir me beliscar já é um indicativo por si só do quão fodido eu tô, fodido pra caralho!
— Eu não vou entrar aí nem fodendo. — Falo para o otário que tenta me fazer caminhar pela sala para chegar até aquela coisa.
— E quem disse que não vai? — Ele indaga.
Mas quando eu iria responder, uma voz muito furiosa se sobressai mais alta que a minha.
— Eu digo que ele não vai entrar aí.
Olhamos para trás e nos deparamos com Sardinha aparentando estar furioso.
— Eu te dei permissão pra colocá-lo aí Cascão? — Pergunta vindo até nós, e parando em frente ao outro que engole em seco.
— Eu achei que... — Cascão não consegue concluir já que seu superior o interrompe.
— Você não pensou nada, nada! — Esbraveja. — Quem manda nessa porra sou eu, se eu quisesse colocá-lo na dama eu tinha pedido.
— Mas você falou que era de preferência lento.
— De preferência lento. A tortura desgraçado! Se fosse pra matar ele lentamente eu teria mandado ele diretamente para lá, a dama mataria ele lentamente até não sobrar mais nenhuma gota de sangue em suas veias e definitivamente não foi o que falei, idiota.
Sardinha me empurra e passa em minha frente, eu vou atrás dele, me questionando onde desgraça o Dênis e a minha equipe de encontram, há horas estou nessa desgraça e até agora nada.
Dênis
— Estamos fodidos. — Falo para Sheila que está monitorando Marcelo.
— O que aconteceu Dênis? — Ela indaga.
— Não poderemos deflagrar a operação ainda.
— Ta doido. Nosso chefe vai morrer se demorarmos mais.
— Uma equipe da Interpol entrou em contato, já estão em um avião vindo para cá e pediram para que os aguardasse.
— Não temos esse tempo. Marcelo é esperto, mas os traficantes não terão essa paciência toda.
— Eu sei, eu sei. — Falo angustiado. — Que caralho! — Exclamo com raiva. — Como eles ficaram sabendo do que estamos fazendo aqui? — Indago para mim mesmo.
— Não faço ideia, mas não podemos ficar aqui de braços cruzados.
— E agora Sheila?
— Eu sei lá. Pede reforço.
— E você acha que eu não já pedi. Estou esperando a equipe que me prometeram que iria vir para nós dar cobertura, mas até agora nada.
— Será que alguém de lá, se vendeu para o FP Sardinha e está prendendo os policiais, será que estão sabendo que estamos os esperando?
— Caralho! Esqueci esse detalhe. Acho que é melhor ligar para o superintendente.
— Não, melhor não. A vida do nosso superior depende de nós, e pelo o que já vimos não é seguro confiar em ninguém. Principalmente porque o cara é um peixe grande.
— Então Sheila não teremos escolha, a não ser esperar o pessoal da Interpol e rezar para que Marcelo saia vivo dessa.
¹ dama de ferro - Era um método de tortura muito conhecido durante a idade média, tinha seu interior recoberto com pontas metálicas e a vítima, forçada a entrar nele, tinha sua pele perfurada pelos cravos.
Quando era fechado, nenhum órgão era atingido, contudo, as pontas múltiplas faziam com que a vítima morresse de insuficiência sanguínea. Como a intenção era forçar uma morte sofrível e lenta, a Dama de Ferro era o mecanismo perfeito para que se atingisse o objetivo.
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Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)
Romance[+16] Marcelo Fontana. É um delegado de prestígio. Em compensação é um pervertido quando se trata de mulheres. Quer distância de compromisso. Amy Montgomery é americana, veio para o Brasil para participar da cerimônia de casamento de Nicholas Cla...