Capítulo 37

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— Amy, acho que deveria ir descansar no hotel. — Bárbara afirma novamente.

Estamos no quinto dia desde que a medicação foi retirada e o médico disse que ele pode acordar a qualquer momento. Não posso não estar aqui quando isso acontecer.

— Não seja teimosa garota, já passou todo o dia de hoje aqui, agora é minha vez de zelar pelo sono dele.

— Ele gemeu hoje. — Falo para ela.

Bárbara me olha assustada e senta na cadeira onde antes eu estava.

— Co-como assim? — Indaga assustada.

— Acho que estava sentindo dor. Percebe o que isso quer dizer né? — Ela balança a cabeça em concordância. — Ele está acordando e mais me perdoaria se não estivesse aqui quando isso acontecesse.

Seguro em sua mão e a levo ao meu peito, sentindo-me na borda da cama dele.

— Eu o amo tanto! — Exclamo e então as lágrimas vem fortes. — Eu detesto vê-lo assim, queria ter paciência mais já estou ficando assustada, sei que o que ele sofreu foi muito grave, no entanto não aguento mais essa angústia, de não saber o que ele está sentindo, o que fazer para diminuir sua dor. — Choro agarrada em sua mão e sua mãe levanta-se e me abraça.

— Tudo vai ficar bem, ele vai acordar querida. — Fala se afastando e secando minhas lágrimas. — Agora por favor se acalme, sua família me liga todos os dias preocupados com você Amy, sabe que não pode ficar dessa forma, está se alimentando mal, dormindo mal e não descansa, sabe o quão perigoso é a epilepsia.

— Estou me cuidando. — respondo fungando.

— Eu não tenho tanta certeza disso.

— Você é uma mulher tei...

— Teimosa. — Uma voz baixa e rouca demais, responde.

Olho para a mãe dele e ela tem os olhos arregalados, levando logo as mãos a boca quando o choro irrompe por sua garganta. Quando me viro encontro o amor da minha vida de olhos abertos e uma careta no rosto nos observando.

Começo a chorar imediatamente.

Marcelo aperta minha mão, mesmo sendo um aperto fraco. Ele precisa se alimentar. 

— Porque as duas estão chorando? — Questiona com sua voz baixa. — Poderiam me dar água por favor. — Pede. — Minha garganta está seca demais.

— Vou chamar o médico. — A mãe dele fala, saindo porta a fora.

— Amy. — Chama e eu tento me controlar.

— Oi. — Respondo com a voz baixa o olhando nos olhos.

— O que aconteceu? E porque não tento levantar e minhas pernas não obedecem? — Indaga, mas não vejo nenhum indício de que ele esteja com raiva, medo ou qualquer outro sentimento, só a preocupação.

— Amor, acho que você precisa falar com o médico, ele vai te explicar tudo bem melhor que eu. O que importa é que está aqui, vivo. — Falo e me inclino depositando um beijo casto em seus lábios. — Senti tanto medo, tanto medo, quando cheguei no lugar e o vi daquele jeito eu achei que fosse morrer de desespero.

— Como é que é? — Ele quase grita, e seu rosto se transforma em uma careta, acho que por conta de suas costelas quebradas.

— Eu fui também na operação de resgate. — Lhe digo olhando para nossas mãos unidas. — Não conseguiria ficar parada de braços cruzados sem saber o que estava acontecendo com você.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora