Capítulo 35

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Já se passaram quatro horas desde que chegamos com Marcelo e ninguém vem me dar qualquer notícia, meu irmão continua ao meu lado, me abraçando e dizendo que tudo vai dar certo, eu nada falo porque sei que se abrir a boca, todo o medo e a dor que estou sentindo se converterão em soluços de pura agonia e desespero.

Os paramédicos nada disseram quando o socorreram, mas colocaram-no imediatamente no oxigênio, eu perguntei sobre um possível prognóstico mais nada disseram, chegamos ao hospital e ele foi levado imediatamente para a emergência, desde então estou sofrendo com a ansiedade por não ter nenhuma resposta.

Não sei nem se continua a respirar, meu coração parece que se partiu em mil pedaços e não estou conseguindo juntar os caquinhos, meu amor está sofrendo em algum lugar deste hospital e bem posso estar ao seu lado, segurar sua mão, sentir sua respiração. Essa espera está me matando, meu corpo está cansada e tenho medo de entrar em colapso a qualquer momento.

Não posso deixar que a epilepsia me atinja, não é o ideal para mim, nem para Marcelo. Está escuro lá fora, no entanto não saio daqui de maneira nenhuma, Logan tentou me fazer levantar para ir comer alguma coisa, mas me recusei. E se o médico viesse e eu não estivesse aqui? Ele levantou e saiu, quando voltou tinha um copo de café e dois sanduíches, a única coisa que desceu foi o líquido reconfortante, os sanduíches eu dispensei, não desceria e se descesse era capaz de colocar para fora.

— Preciso de notícias Logan. — Choramingo. — Essa espera ta me matando irmão.

— Eu sei Amy, eu sei. E te entendo, mas do que ninguém eu entendo, mais nada podemos fazer a não ser esperar.

E como se suas palavras fossem necessárias, um médico aparece no final do corredor andando até nós.
Me coloco de pé no momento em que o homem para a nossa frente.

O homem fala alguma coisa e Logan traduz para mim.

— Familiares de Marcelo Fontana? — Indaga.

— Cunhado e namorada. — Logan responde para o homem e depois questiona se o homem fala inglês.

O médico balança a cabeça afirmativamente e depois estende sua mão para mim e para meu irmão.

— Como ele está? — Pergunto ansiosa.

— Está estável, mas ainda é muito crítico seu estado, fizemos ressonância magnética, raio x, outros exames importantes e constatamos muitos traumas, mas espera-se que ele fique bem.

— Que tipos de traumas? — Logan questiona.

— Ele tem três costelas quebradas e mais duas fissuradas, graças à Deus nenhuma perfurou seus órgãos internos e vasos, vários cortes profundos nas costas que já foram limpos e espera-se que não infeccionem, seus braços e mãos também estão com cortes, mas estes de forma mais superficial que os das costas, mas...

— Ele vai ficar bem.— Afirmo esperançosa.

— Sim, ele vai ficar bem senhorita. — O médico afirma e eu sorrio. — Entretanto isso não é tudo.

Eu Indago com os olhos e aguardo em expectativa que ele continue a falar.

— Ele sofreu uma lesão na coluna que causou uma secção parcial na medula espinhal.

— O que isso quer dizer? Está me dizendo que ele não vai mais andar, é isso? — Pergunto com voz tremida.

— Não temos certeza ainda do grau da lesão, precisamos que ele acorde para poder saber se foi uma lesão completa ou incompleta, mas respondendo sua pergunta. Sim, seu namorado pode ter ficado paraplégico.

— Não! — Exclamo e Logan me abraça. — Não pode estar acontecendo isso. — As lágrimas correm livres por minhas bochechas.

— Amy é uma possibilidade apenas, não temos certeza amor, não fica desse jeito.

— Você não entendi Logan, não é por mim, é por ele. Marcelo não vai receber muito bem essa notícia, eu o conheço o suficiente para saber que ele não vai aceitar.

— Vocês irão precisar ser forte então, para dar todo o suporte que ele necessitará.

— Posso vê-lo? — Indago chorosa.

— Ele está em coma induzido, achamos melhor mantê-lo sedado por estes dias, pois a dor deve ser insuportável em sue tronco. Assim que ele for transferido para o quarto alguém virá buscá-los para vê-lo, ele estava na área do CTI quando vim para cá, sugiro que vão para casa descansar.

Neste momento ouvimos uma movimentação no corredor e três pessoas vieram correndo, olhei intensamente e o reconhecimento me atingiu, são os pais do Marcelo, a adolescente com eles deve ser sua irmã.

— Logan. — O homem estende a mão para meu irmão que o cumprimenta. — Tem notícias do meu filho? — O homem pergunta olhando esperançoso para o médico.

— Sim, acabamos de saber sobre seu quadro de saúde.

— Porque sua irmã está desse jeito? E o que ela faz aqui? — A mãe de Marcelo parece confusa, quando questiona e olha para mim.

— Bárbara. — O homem fala num tom de repreensão.

— Eu não tenho nada contra a garota Davi. — Ela se defende. — Só quero entender.

— Minha irmã salvou a vida do filho de vocês. — Meu irmão responde olhando para o casal. — E eles estão juntos. — Da de ombros.

— O quê? — A irmã quase grita. — E ele nem me diz nada. — Reclama. — Prazer, Lívia Rebecca. — Ela se apresenta e quando pego em sua mão a garota me puxa para um abraço.

Acabo chorando com sua acolhida.

— Como ele está Logan? Diga alguma coisa? — Ana, a mãe dele questiona e volto para os braços do meu irmão.

Logan olha para o médico, que suspira e concorda com a cabeça.

Ele fala tudo novamente, e eu sofro pela segunda vez, mesmo não entendendo muito bem o que ele fala.
A essa altura a mãe dele já está agarrada ao marido e a filha, chorando desesperadamente.

Eu entendo, entendo toda essa dor que estão sentindo, porque também a sinto, estou preparada para qualquer batalha que tiver que lutar com ele, jamais o deixarei sozinho.

Eu o amo mais que tudo, e não hesitarei em estar ao seu lado em todos os momentos.

A mãe dele caminha até mim, a essa altura o médico já se afastou, nos deixando sozinhos com nossa dor.

— Obrigada por ter salvo a vida dele querida, jamais serei capaz de retribuir. — Fala com a voz embargada, me abraçando carinhosamente.

— Eu só quero que ele fique bem. — Respondo. — Eu o amo.

— Eu sei querida, eu sei. — Ela responde acarinhando meus cabelos.

E assim permanecemos por um tempo, paradas no meio do corredor, tentando nos confortar com o pensamento de que logo, logo ele acordará.

Ele está vivo e somente isso importa!

Sua vida é o que importa.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Onde histórias criam vida. Descubra agora