.: Capítulo 6 :.

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"Fogo & Gelo"

Senti uma enorme vontade de vomitar e isso aconteceria se ficasse mais um minuto ao lado daquela garota. Acelerei e começei as descer as ruas de São Francisco de volta para casa. A noite já começava a cair e o movimento nas ruas já era grande. Foi então que me lembrei de que era sexta-feira. Estranhei o fato de Elena ou Andrew não me ligarem para combinar algo e foi então que me lembrei de outra coisa: Elena passaria o final de semana em San Jose, pois era casamento de sua irmã mais velha e Andrew havia pegado um resfriado daqueles. Ótimo! Mais um final de semana super divertido.

Cheguei em casa e para minha surpresa minha tia não estava, mas um bilhete na geladeira, explicava o porquê: "Saí com o Ralph. Até amanhã! - curta e grossa! Pelo menos, ela tinha o que fazer em uma sexta-feira à noite.

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Já era tarde da noite quando terminei de colocar meu pijama me preparando para dormir. Apaguei as luzes da cozinha e já estava me preparando para subir as escadas quando ouvi um barulho estranho no jardim. Parei imediatamente sem saber ao certo o que fazer. Apaguei as luzes da sala e permaneci imóvel e em silêncio; foi então que ouvi o barulho novamente. As luzes do quintal estavam apagadas e era impossível identificar o que era aquilo. Algo parecido com passos na grama; poderia ser um cachorro, um gato... Ou até mesmo uma pessoa. Minha respiração estava acelerada, mas eu tentava me manter calma. Tentei me lembrar de onde poderia estar o taco de baseball, mas minha memória falhava novamente. Caminhei até a porta da cozinha para tentar ouvir ou ver melhor quando ouvi uma batida na porta. Dei um pulo para trás assustada, até que criei coragem para perguntar:

― Quem é?

― Ethan. – uma voz familiar respondeu do outro lado da porta.

O que ele estava fazendo aqui a essa hora da noite?

Abri a porta devagar e o encarei. Ele vestia seus jeans escuros e uma camisa xadrez, talvez a mesma da noite no Bar Jules. Sob a luz da noite seus olhos pareciam ainda mais verdes. Tentei, sem sucesso, me cobrir colocando as mãos sobre meu corpo já que estava vestindo meu lindo pijama de ursinhos. A calça era inteira desenhada com pequenos ursinhos coloridos, sorte de que a blusa era apenas uma regata justa e branca. Seus olhos caminharam pelo meu corpo e um sorriso de lado se formou em seus lábios:

― Adorei seu pijama. – ele disse.

― O que você está fazendo aqui? Como conseguiu meu endereço?

― Eu não entrego as minhas fontes – ele respondeu sério.

― Parece que todos vocês aqui de São Francisco são espiões, meu Deus! – eu pensei em voz alta – Agora responda a outra pergunta: o que você quer aqui? Já viu que horas são? – eu olhei em meu relógio de pulso imaginário.

― Estava sem sono – ele disse dando de ombros – Resolvi vir pessoalmente lhe trazer isso. – ele disse me entregando um envelope pardo – Abra!

Abri o envelope um pouco desconfiada e de dentro dele tirei uma fotografia minha – aquela tirada naquela mesma tarde na cafeteria.

― É! Aqui fora está um pouco desconfortável. Você não vai me oferecer um copo d'água? – ele perguntou se espreguiçando.

― Quem garante que você não é um psicopata? – perguntei.

― Um psicopata que ataca garotas indefesas com pijamas de ursinho no meio da noite? – ele disse sorrindo – Até que não seria uma má ideia. – ele voltou a me encarar da cabeça aos pés.

O encarei por alguns segundos. Eu sabia que bem lá no fundo ele realmente tinha cara de psicopata, mas algo dentro de mim também dizia que ali atrás daquelas roupas escuras havia um homem interessante.

― Não vá se acostumando, ok? Eu não faço isso sempre. – eu disse lhe dando passagem para entrar. Ainda mais depois de você ter me assustado. Eu tenho um taco de baseball, sabia? – perguntei seguindo em direção à geladeira.

― Uau! Que perigoso. Vou lembrar disso na próxima vez. – ele se sentou.

― Não terá uma próxima vez. – eu disse – Quer algo para beber?

― Água. – ele respondeu pegando a fotografia que deixei em cima do balcão – Você é bem fotogênica.

― Obrigada. Eu ia dizer isso, mas achei melhor deixar meu lado convencido para lá – respondi pegando um copo no armário – Toma! – entreguei o copo a ele.

­― Não vai tomar nada? – ele perguntou enquanto bebia sua água.

― Estou bem, obrigada. – respondi – Já estava indo dormir.

― Eu estava à toa em meu quarto, sem sono e resolvi revelar sua foto e lhe trazer como forma de agradecimento por ter me ouvido essa tarde.

― Que gentil. – soltei um sorriso irônico – Pena, que eu não tenho nada para lhe dar. – disse aquilo e segundos depois me arrependi, pois sabia que havia deixado algo escapar.

― Você quem pensa! – ele respondeu abrindo um sorriso torto.

Somente a luz da sala estava acessa o que deixava a cozinha com uma luz bem fraca. Eu não conseguia o ver com clareza, mas sentia que ele estava se aproximando cada vez mais. Suas mãos logo tocaram minha cintura me prensando contra o balcão de mármore. Tentei sair dali, mas suas mãos eram mais fortes que as minhas e enquanto sentia sua respiração mais próxima cerrei os olhos sentindo seus lábios tocarem meu pescoço. Seu perfume era incrível e misturado com o suor que emanava de seu corpo, seu cheiro ficava ainda mais rústico:

― O Kansas nunca me pareceu tão maravilhoso – ele disse enquanto roçava os lábios em meu pescoço. Minha respiração estava ofegante, mas eu tentava não demonstrar isso.

― Você não devia estar aqui... – foi a única coisa que meu cérebro conseguiu processar.

― Eu já lhe disse que você não sabe mentir – ele disse agora me encarando – Seus olhos te denunciam. – suas mãos deslizavam pela minha cintura – É aqui que eu quero estar! – seus lábios agora tocavam meu rosto delicadamente – Você sabe disso mais do que eu.

Seus lábios já tocavam os meus suavemente, talvez esperando uma resposta que foi dada logo em seguida. Meus instintos falaram mais alto e eu não pude resistir àquilo. Estávamos próximos demais, nossos corpos já se encaixavam perfeitamente quando o beijei. Ele respondeu ao beijo de forma intensa, me fazendo perder o fôlego rapidamente. Suas mãos firmes agora subiam por todo meu corpo, me causando arrepios. Sua mão direita encontrou minha nuca e logo em seguida meus cabelos, que foram puxados delicadamente me fazendo suspirar. Ele realmente sabia o que estava fazendo.

Estávamos tão extasiados que nem ouvimos seu celular tocar pela primeira vez, somente na segunda chamada e que ele se deu conta:

― Droga! – ele disse ao reconhecer o número no visor – Preciso ir. – ele disse se afastando devagar. Sua mão direita permaneceu em minha nuca por alguns segundos e seus olhos me encararam perdidos. Após mais um beijo apertado, ele saiu pela porta da cozinha.

O que havia sido aquilo. Eu ainda estava atordoada e com aquela sensação maluca de que nada realmente havia acontecido; parecia um sonho. Sentei-me no banco de frente para o balcão tentando colocar as ideias no lugar novamente. Estava completamente perdida e confusa, mas ao mesmo tempo havia adorado tudo aquilo. O perfume de Ethan ainda estava em meu corpo e se fechasse os olhos seria capaz de imaginá-lo na minha frente novamente. 

Só não havia entendido o que o fez sair tão rapidamente. 


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Olá, queridos! Peço um pouco de paciência com essa leitora que vos fala, pois tenho um bebê de 1 ano que me impede de postar todos os dias. A obra já está completa em meu computador, só esperando ser postada. Sempre que possível estarei aqui respondendo vocês e postando novos capítulos.

Um beijo. 

Camila

SETEMBRO (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora