"Quando seu passado te ligar, não atenda."
Na segunda-feira entregamos o trabalho de Geografia e logo soubemos a nota: tiramos um nove. Ethan me encarou e sorriu como forma de agradecimento. Eu estava feliz em poder ajudá-lo de alguma forma, principalmente depois dele ter se preocupado comigo, muitas vezes, para falar a verdade.
Na saída das aulas, enquanto caminhava em direção a minha vaga o encontrei próximo a sua moto conversando com Beca. Pela fisionomia dela eu pude imaginar que a conversa não estava sendo muito boa. Nenhum dos dois me viu – e eu agradeci por isso. Continuei caminhando em direção a meu carro e logo que entrei, meu celular tocou. Era tia Steph. Achei estranho, pois ela só me ligava em casos urgentes:
― Oi tia, está tudo bem? – eu perguntei preocupada.
― Olá querida. Sim, está tudo bem. Só liguei para saber se você já estava a caminho.
― Estou saindo do colégio agora. O que houve?
― Tem uma visita para você aqui em casa. Acho que você vai adorar. – ela disse animada.
Uma visita para mim? Em São Francisco? Quem poderia ser?
Fiz todo o caminho até em casa tentando imaginar quem poderia estar me esperando em casa e nenhum nome me veio em mente. As únicas pessoas que realmente poderiam me visitar já tinham me visto no colégio naquela manhã.
Assim que virei à esquina reconheci o Ford Taurus '98 cinza estacionado em frente à casa de Tia Steph. Um calafrio percorreu toda a minha espinha e minhas mãos começaram a suar. Não poderia ser quem eu estava imaginando – ele não poderia aparecer justo agora.
Parei o carro na entrada da garagem e cruzei os dedos torcendo para que a visita não fosse quem eu estava pensando, porém minhas orações não funcionaram e assim que entrei em casa vi Rick sentado no sofá conversando com minha tia.
Rick Donavan foi o primeiro e único namorado sério que eu tive no Kansas. Ele era dois anos mais velho do que eu e éramos vizinhos desde muito pequenos. Crescemos juntos e começamos a namorar aos dezesseis anos. Ficamos juntos um ano e meio e terminamos após uma discussão boba. Rick sempre foi gentil e estava no velório de meus pais com belas margaridas nas mãos. Depois de nosso término, nos falávamos muito pouco e assim que me mudei para São Francisco ele prometeu que assim que conseguisse juntar uma grana, iria me visitar na cidade nova. Eu não acreditei muito naquilo – até vê-lo ali, todo sorridente, parado em minha frente.
― Olá Abby. – ele veio em minha direção – Como é bom te ver! – ele me abraçou.
― Rick, que surpresa! – eu disse um pouco perdida – Como você está?
― Estou ótimo e você? – ele me encarou.
― Também. Bem que você disse que iria vir me visitar. – eu forcei um sorriso.
― Eu sempre cumpro o que prometo, Stuart. – ele respondeu voltando a se sentar.
Me chamar pelo meu sobrenome era uma de suas manias estranhas.
― Vou terminar de preparar o almoço. – minha tia disse se levantado – Fique a vontade, Rick.
― Obrigado. – ele respondeu e logo se voltou para mim – Você está linda!
― Obrigada. – eu respondi sem jeito – Mas me diga, o que veio fazer em São Francisco? Não é possível que veio aqui só para me ver.
― Na verdade não mesmo... – ele respondeu coçando a testa – Vim para fazer faculdade. – aquilo me pegou desprevenida – Eu já estou aqui faz um mês, mais ou menos e comecei a faculdade tem duas semanas. Não sei se sabe, mas São Francisco tem uma das melhores faculdades de Direito dos Estados Unidos.
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SETEMBRO (concluída)
Novela JuvenilAbby Stuart nunca foi muito fã de clichês, mas surpreendentemente, sua vida havia se tornado um daqueles clichês bobos de filmes. Perder seus pais em um acidente de carro, mudar de cidade e começar em uma nova escola - esses eram apenas alguns que a...