"As melhores ideias são as mais perigosas."
As primeiras aulas da segunda-feira foram tranquilas, mas as fofocas nos corredores estavam a mil. Todos comentavam sobre o Baile de Outono e, claro, sobre a briga de Ethan e Edgar. Eu tentava não ouvir mais nada a respeito, mas era praticamente impossível. Para onde eu iria sempre tinha uma pessoa falando sobre o ocorrido.
Na última aula, porém, a tranquilidade acabou quando o professor Thompson chamou meu nome. Estava completamente perdida, já que Geografia era uma matéria completamente maluca para mim:
― Srta. Stuart. – ele pigarreou e chamou meu nome mais uma vez.
― Ãh... Oi professor. – eu respondi depois de um tempo.
― Gostaria que me fizesse um favor – ele disse e aguardou meu aceno de cabeça – Quero que leve a matéria de hoje para o Sr. Walker e faça o trabalho semestral com ele.
― Oi? – eu perguntei confusa. Não poderia ser verdade. Geografia era uma das poucas matérias que fazíamos juntos e tinham tantas outras pessoas na sala, por que justamente eu? – Por que eu? – eu perguntei quase gaguejando.
― A senhorita tirou a maior nota da classe na prova da semana passada, creio que o Sr. Walker esteja precisando de uma ajuda em minha matéria, senão não conseguirá passar de ano. – ele explicou com toda a paciência do mundo – Posso contar com a sua colaboração? – ele insistiu.
― Claro! – eu respondi desanimada depois de alguns segundos.
Das duas, uma: ou nós iríamos acabar nos matando ou nosso trabalho seria o melhor da classe. Olhei para Elena que nesse momento estava segurando o riso e balancei a cabeça em desaprovação, depois fiz o sinal de um revólver imaginário e disparei em minha cabeça.
Antes de ir embora, precisei pegar o endereço da casa de Ethan com Andrew, que depois de muitas perguntas, acabou me entregando o nome da rua em um pedaço de papel de donuts. Eu só conseguiria ir até a sua casa depois do trabalho e já no carro me lembrei de que não tinha o número de seu celular para ligar avisando de minha adorável visita.
Sem problemas! Eu chegaria de surpresa mesmo.
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Saí da Hope Kids por volta das 18h, o céu ainda estava claro e levemente alaranjado. Coloquei o endereço em meu GPS e segui todo o percurso até chegar a um bairro à poucas quadras do colégio. Era um bairro parecido com o da casa da minha tia – casas muito parecidas e cercadas por uma cerca branca. Os jardins eram bem conservados e havia algumas crianças brincando na rua. Logo cheguei à frente de uma casa amarela com um jardim bem cuidado, mas com poucas flores. Ali era a casa de Ethan. Não havia carro algum na garagem, mas sua moto estava estacionada a poucos metros do portão. Peguei meu celular e enviei uma mensagem para minha tia: "Estou estudando na casa de um amigo. Volto depois do jantar! Beijos, A." – assim ela não precisaria me esperar para o jantar.
Respirei fundo antes de sair do carro e seguir em direção à porta de entrada. Pensei em desistir antes de tocar a campainha, porém eu sabia que iria me arrepender amargamente. A campainha tocou e não ouvi nenhum barulho vindo de dentro da casa, mas eu sabia que ele estava lá. Toquei mais uma vez e agora sim pude ouvir um movimento. A porta se abriu e o rosto de Ethan apareceu. Ele vestia calças de moletom e uma camiseta branca de algodão sem nenhuma estampa e eu notei que havia um pequeno machucado no canto de sua boca:
― Mais que bela surpresa. – ele disse ao me ver – Quer dizer que você também possui fontes para descobrir endereços? – ele sorriu me deixando extasiada. Seu sorriso sempre me desmontava.
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SETEMBRO (concluída)
Teen FictionAbby Stuart nunca foi muito fã de clichês, mas surpreendentemente, sua vida havia se tornado um daqueles clichês bobos de filmes. Perder seus pais em um acidente de carro, mudar de cidade e começar em uma nova escola - esses eram apenas alguns que a...