.: Capítulo 30 :.

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"A vida é um sopro"

Já passava das 21h quando meu celular apitou avisando sobre uma nova mensagem. Tirei-o de meu bolso e li a mensagem de Elena:

"Plano já executado. Agora é só esperar o resultado."

Uma carinha sorrindo diabolicamente aparecia no final da mensagem e eu podia ver aquela mesma expressão no rosto de Elena. Não contive um sorriso também em meu rosto e ele se abriu ainda mais quando vi Zoey do outro lado da porta de vidro dando um gole em sua bebida batizada com vodka e laxante. Eu precisava ficar ali para ver o que aconteceria a seguir e sabia que Elena também esperava por aquilo.

Ethan voltava trazendo copos de refrigerante para nós no mesmo momento em que Rick também vinha em minha direção. Ambos só perceberam a presença um do outro assim que chegaram bem a minha frente:

― Posso ajudar? – Ethan perguntou o encarando friamente.

― Você deve ser Eydan, certo? – Rick perguntou parecendo debochado.

― Ethan. Ethan Walker. E você deve ser... Hum, não faço ideia.

Eu apenas os observava sem entender praticamente nada e torcendo para que o mundo acabasse exatamente naquele momento.

― Rick Donavan. – ele disse lhe estendendo a mão, mas sendo ignorado por Ethan. – Bem mal-educado esse seu namoradinho, Stuart. – Rick agora se dirigia a mim.

― Não sejam infantis, por favor. – eu pedi fazendo uma careta.

― Bem, eu só vim me despedir de você. – Rick continuou a dizer ignorando meu pedido – Acho que estou ficando velho demais para festas desse tipo. Já estou cansado. – ele abriu os braços e me deu um longo abraço.

Eu podia sentir o olhar de Ethan nos fuzilando e realmente era uma situação complicada. Eu o abracei, mas estava começando a me sentir desconfortável ao perceber que ele prolongava o abraço.

― Até breve, Stuart. – ele disse ao finalmente me soltar.

Antes de sair, ele soltou um sorriso sarcástico em direção a Ethan que, mais uma vez, o ignorou.

― Estava me sentindo de novo na quinta série. – eu disse me sentando novamente ao seu lado – Não seja tão ciumento, Ethan Walker.

― Eu até que fui simpático. – ele respondeu dando de ombros.

Nesse mesmo momento, ouvimos a voz estridente de Zoey pedindo licença e atravessando a multidão que se formava na sala de estar. Ela passou por nós correndo e subiu as escadas quase tropeçando em suas pernas. Ethan me olhou curioso e eu apenas consegui gargalhar.

― Elena tem a ver com isso? – ele quis saber.

― Sim. – eu respondi me recuperando.

― Ainda bem que estou aqui para ver isso. – foi a vez dele soltar uma gargalhada.

A música Back in black, do AC/DC começou a tocar um pouco mais baixo e próximo a nós. Só então Ethan se lembrou de que aquele era o toque de seu celular.

― Pronto! – ele disse ao atender. – Sou eu mesmo. – silêncio.

Seu cenho se franziu e ele se levantou num rompante. Eu comecei a me preocupar.

― Para onde estão levando-o? – ele perguntou depois de um longo silêncio – Estou indo para lá. – e desligou.

― O que aconteceu? – eu perguntei ao me levantar.

― Meu pai passou mal e o levaram para o hospital. – ele me encarou assustado – Você veio com seu carro?

― Sim. – respondi pegando as chaves em meu bolso.

― Preciso de carona. Eu vim andando até aqui.

Eu o peguei pela mão e começamos a ir em direção a saída. Eu sentia sua mão suar conforme caminhávamos e sua respiração estava mais rápida do que o normal. Ao sairmos da casa, começamos a acelerar o passo em direção ao meu carro. Atrás de mim, Ethan colocava o endereço do hospital no GPS do celular. Agradeci pela rua estar menos movimentada do que antes e assim pude sair o mais rápido possível em direção ao endereço que aparecia na tela a minha frente.

― Eu falei para ele não sair de casa. – Ethan começou a dizer – Tenho certeza de que ele foi até o bar do Stue assistir ao jogo de baseball.

― Ele vai estar bem, não se preocupe. – eu tentei acalmá-lo, mas no fundo também estava preocupada.

●●●

Chegamos ao hospital três minutos antes do previsto pelo GPS e eu agradeci por isso. Nunca havia corrido tanto em toda a minha vida de motorista – ainda mais depois do acidente que tirou a vida dos meus pais. Parei em frente à porta do hospital e Ethan saiu em disparada em direção à entrada, em seguida fui atrás de uma vaga no estacionamento ao lado.

Entrei no hospital e após me identificar segui até a ala de emergências. O corredor estava praticamente vazio, somente algumas poucas pessoas esperavam nas cadeiras encostadas à parede. Naquele momento, foi inevitável não me lembrar da noite mais intensa e terrível da minha vida.

SETEMBRO (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora