"A vida é um sopro"
Já passava das 21h quando meu celular apitou avisando sobre uma nova mensagem. Tirei-o de meu bolso e li a mensagem de Elena:
"Plano já executado. Agora é só esperar o resultado."
Uma carinha sorrindo diabolicamente aparecia no final da mensagem e eu podia ver aquela mesma expressão no rosto de Elena. Não contive um sorriso também em meu rosto e ele se abriu ainda mais quando vi Zoey do outro lado da porta de vidro dando um gole em sua bebida batizada com vodka e laxante. Eu precisava ficar ali para ver o que aconteceria a seguir e sabia que Elena também esperava por aquilo.
Ethan voltava trazendo copos de refrigerante para nós no mesmo momento em que Rick também vinha em minha direção. Ambos só perceberam a presença um do outro assim que chegaram bem a minha frente:
― Posso ajudar? – Ethan perguntou o encarando friamente.
― Você deve ser Eydan, certo? – Rick perguntou parecendo debochado.
― Ethan. Ethan Walker. E você deve ser... Hum, não faço ideia.
Eu apenas os observava sem entender praticamente nada e torcendo para que o mundo acabasse exatamente naquele momento.
― Rick Donavan. – ele disse lhe estendendo a mão, mas sendo ignorado por Ethan. – Bem mal-educado esse seu namoradinho, Stuart. – Rick agora se dirigia a mim.
― Não sejam infantis, por favor. – eu pedi fazendo uma careta.
― Bem, eu só vim me despedir de você. – Rick continuou a dizer ignorando meu pedido – Acho que estou ficando velho demais para festas desse tipo. Já estou cansado. – ele abriu os braços e me deu um longo abraço.
Eu podia sentir o olhar de Ethan nos fuzilando e realmente era uma situação complicada. Eu o abracei, mas estava começando a me sentir desconfortável ao perceber que ele prolongava o abraço.
― Até breve, Stuart. – ele disse ao finalmente me soltar.
Antes de sair, ele soltou um sorriso sarcástico em direção a Ethan que, mais uma vez, o ignorou.
― Estava me sentindo de novo na quinta série. – eu disse me sentando novamente ao seu lado – Não seja tão ciumento, Ethan Walker.
― Eu até que fui simpático. – ele respondeu dando de ombros.
Nesse mesmo momento, ouvimos a voz estridente de Zoey pedindo licença e atravessando a multidão que se formava na sala de estar. Ela passou por nós correndo e subiu as escadas quase tropeçando em suas pernas. Ethan me olhou curioso e eu apenas consegui gargalhar.
― Elena tem a ver com isso? – ele quis saber.
― Sim. – eu respondi me recuperando.
― Ainda bem que estou aqui para ver isso. – foi a vez dele soltar uma gargalhada.
A música Back in black, do AC/DC começou a tocar um pouco mais baixo e próximo a nós. Só então Ethan se lembrou de que aquele era o toque de seu celular.
― Pronto! – ele disse ao atender. – Sou eu mesmo. – silêncio.
Seu cenho se franziu e ele se levantou num rompante. Eu comecei a me preocupar.
― Para onde estão levando-o? – ele perguntou depois de um longo silêncio – Estou indo para lá. – e desligou.
― O que aconteceu? – eu perguntei ao me levantar.
― Meu pai passou mal e o levaram para o hospital. – ele me encarou assustado – Você veio com seu carro?
― Sim. – respondi pegando as chaves em meu bolso.
― Preciso de carona. Eu vim andando até aqui.
Eu o peguei pela mão e começamos a ir em direção a saída. Eu sentia sua mão suar conforme caminhávamos e sua respiração estava mais rápida do que o normal. Ao sairmos da casa, começamos a acelerar o passo em direção ao meu carro. Atrás de mim, Ethan colocava o endereço do hospital no GPS do celular. Agradeci pela rua estar menos movimentada do que antes e assim pude sair o mais rápido possível em direção ao endereço que aparecia na tela a minha frente.
― Eu falei para ele não sair de casa. – Ethan começou a dizer – Tenho certeza de que ele foi até o bar do Stue assistir ao jogo de baseball.
― Ele vai estar bem, não se preocupe. – eu tentei acalmá-lo, mas no fundo também estava preocupada.
●●●
Chegamos ao hospital três minutos antes do previsto pelo GPS e eu agradeci por isso. Nunca havia corrido tanto em toda a minha vida de motorista – ainda mais depois do acidente que tirou a vida dos meus pais. Parei em frente à porta do hospital e Ethan saiu em disparada em direção à entrada, em seguida fui atrás de uma vaga no estacionamento ao lado.
Entrei no hospital e após me identificar segui até a ala de emergências. O corredor estava praticamente vazio, somente algumas poucas pessoas esperavam nas cadeiras encostadas à parede. Naquele momento, foi inevitável não me lembrar da noite mais intensa e terrível da minha vida.
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SETEMBRO (concluída)
Teen FictionAbby Stuart nunca foi muito fã de clichês, mas surpreendentemente, sua vida havia se tornado um daqueles clichês bobos de filmes. Perder seus pais em um acidente de carro, mudar de cidade e começar em uma nova escola - esses eram apenas alguns que a...