.: Capítulo 7 :.

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"Pensar é um ato. Sentir é um fato."

Quem era ao telefone? – dormi com aquele pensamento em minha cabeça e cheguei a ter aquele sonho estranho novamente. Aquilo já estava se tornando um hábito e estava começando a me assustar.

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O final de semana foi tranquilo. Leslie e eu fomos visitar Andrew em sua casa no domingo e aproveitamos para estudar para as últimas provas de setembro que aconteceriam naquela semana.

Na noite de domingo peguei mais uma vez meu caderno de capa amarela, mas estava sem inspiração alguma para escrever – na verdade, fazia muito tempo que a inspiração estava ausente em minha vida. Lembro-me que há alguns anos atrás, escrever músicas era uma tarefa fácil e as ideias brotavam em minha cabeça como pirilampos no meio da noite. Depois do acidente, essas ideias foram embora junto com meus pais, deixando-me a deriva no meio do nada.

Naquela noite, adormeci novamente com o caderno em mãos, só que dessa vez não tive sonhos estranhos. Nem sei dizer ao certo se sonhei ou não.

A segunda-feira começou atrasada, pois por algum motivo que eu não soube identificar, meu carro não funcionou naquela manhã. Sorte que a escola ficava a poucas quadras de casa e acelerei o passo ao confirmar que estava realmente atrasada para a primeira aula, por sorte cheguei a tempo de fazer a primeira prova da semana.

Só consegui encontrar com Elena na hora do intervalo e após uma longa conversa, contei a ela sobre a visita de Ethan na sexta-feira:

― Meu Deus do céu! – ela disse surpresa – Não deixe que as outras meninas saibam disso, Miss Kansas, senão elas desejarão a sua morte. – ela brincou depois de ouvir toda a história. – Estou chocada!

― Mas eu ainda acredito que tem algo por trás disso. Com tanta garota maravilhosa por essa escola, ele vai escolher justo uma que chegou do Kansas há pouco tempo? – eu disse enquanto caminhávamos para a aula de Filosofia.

― Você é linda, Abby. – Elena disse séria – E se não for uma aposta como você está pensando?

― Duvido muito. – eu disse entrando na sala.

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Após uma manhã de provas, finalmente o último sinal soou pelos corredores do colégio. Estava caminhando em direção à saída quando senti meu braço ser tocado:

― Quer uma carona? – me virei e dei de cara com Ethan. Ele vestia uma camiseta dos Beatles e fiquei surpresa ao conhecer seu gosto musical – aquele não era um gênero que combinava muito com ele, esperava ver algo como Metallica ou Gun's and Roses.

― Como você sabe que estou sem carro? – perguntei enquanto continuava a andar.

― O carro que está estacionado embaixo do pessegueiro não é o seu. – ele respondeu caminhando lentamente ao meu lado.

― Você anda me espionando então? – não pude disfarçar o tom de ironia em minha voz.

― Digamos que seu carro seja um pouco chamativo. Vermelho não é uma cor tão discreta. – ele disse sorrindo de lado.

― Resolveu o que tinha que resolver na sexta-feira à noite? – fiz uma pergunta que estava entalada em minha garganta.

Ethan me encarou e ficou em silêncio. Talvez procurando as palavras que havia perdido – pela primeira o deixei sem palavras.

― É sobre isso que quero falar... – ele começou a dizer.

― Ethan, de verdade, já pode parar com esse seu joguinho ridículo – eu disse o interrompendo – Eu já disse que não caio nessa! O que acha de ir jogar com as outras milhares de garotas que se jogam aos seus pés?

SETEMBRO (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora