"Os dispostos se atraem."
Cheguei em casa tarde da noite. Subi as escadas com dificuldade, pois meus pés estavam dormentes e meu corpo estava exausto. Minha mente pedia cama, mas eu precisava de um banho antes. Ao entrar no meu quarto, peguei o porta retratos onde havia uma fotografia de meus pais. Eu gostaria muito que eles estivessem na plateia e me dissessem o que acharam da apresentação, mas onde quer que eles estejam, tenho certeza que assistiam a tudo de camarote. As palavras de tia Steph sobre o quanto eles deveriam estar orgulhos ainda ecoavam em meus ouvidos e eu sabia que ela estava certa.
Naquela noite, dormi com o porta retrato em meu colo. Dormi como um anjo e sonhei que estava novamente em cima do palco, porém dessa vez as únicas duas pessoas na plateia eram meus pais, que sorriam e aplaudiam a cada verso cantado.
Acordei no domingo com um pouco de dor de garganta e me arrependi de não ter preparado a voz com mais antecedência. Preparei um chá de limão com mel, me enrolei em uma manta e me joguei no sofá. Resolvi assistir ao vídeo que Elena havia me enviado – era o vídeo da apresentação da noite passada. Assisti apenas uma vez, pois ainda era estranho me ver cantando em cima de um palco. Pouco tempo depois meu celular apitou:
"Nem pense em me dar um bolo. Já escolhi o restaurante. Te pego às oito. E."
Eu havia esquecido completamente de inventar uma desculpa e cancelar o tal jantar com Ethan. Olhei no relógio e já passava do meio-dia. Eu não estava muito animada em ter que sair de casa, gostaria mesmo era de passar o dia inteiro no sofá assistindo comédias românticas e comendo pipoca, mas decidi dar uma chance a Ethan, ir ao jantar seria a minha forma de agradece-lo por ter me inscrito no show de talentos, pois eu jamais teria coragem para fazer aquilo:
"Espero que o restaurante tenha comida de verdade. Odeio frescuras! A."
Permaneci no sofá até o fim da tarde e só então após assistir a três filmes seguidos, levantei-me para preparar algo para comer. Já passava das 19h quando comecei a me arrumar para o jantar. Vesti meias-calças e um vestido azul marinho de mangas longas – o clima do outono estava ficando cada vez mais gelado e eu não estava a fim de pegar um resfriado. Calcei botas de cano baixo e soltei os cabelos. Fiz uma maquiagem rápida e estava terminando de passar o batom quando ouvi uma buzina. Não me mexi, iria esperá-lo vir até a porta e tocar a campainha, o que não demorou a acontecer. Desci as escadas e sem pressa abri a porta. Ethan estava parado de costas a poucos centímetros da porta. Vestia calças jeans pretas – como sempre – e uma camisa de botões também azul marinho com os punhos dobrados até os cotovelos. Ele se virou assim que me ouviu pigarrear:
― Uau! – foi a primeira palavra que sibilou – Se tivéssemos combinados as cores não teria dado tão certo.
Ele se dirigiu para mais perto e seu perfume amadeirado chegou até mim me fazendo puxar o ar com mais força. Só então percebi que ele segurava uma única margarida em sua mão esquerda.
― Meu pai me disse que mulheres adoram flores. – ele disse me entregando-a.
― De onde você roubou essa flor? – eu perguntei tentando segurar o riso.
Ethan coçou a cabeça e então soltou uma gargalhada.
― Espero que sua vizinha não se incomode... – ele respondeu inclinando a cabeça para o lado apontando um pequeno canteiro de flores. Srta. Wilson cultivava margaridas e eu sabia disso desde o dia em que me mudei.
Coloquei a flor sobre o aparador ao lado da porta e peguei meu casaco antes de seguir Ethan até sua... moto? Parei imediatamente ao vê-la estacionada na entrada da garagem:
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SETEMBRO (concluída)
Teen FictionAbby Stuart nunca foi muito fã de clichês, mas surpreendentemente, sua vida havia se tornado um daqueles clichês bobos de filmes. Perder seus pais em um acidente de carro, mudar de cidade e começar em uma nova escola - esses eram apenas alguns que a...