.: Capítulo 5 :.

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"Quantos segredos você guarda?"

Julieth, esse era o nome daquela doce senhora que me receberá tão bem. Enquanto conversávamos, tomamos uma xícara de chá e lhe contei sobre minhas experiências como baby-sitter no Kansas. Ela me ouvia atentamente e perguntava quando havia dúvidas. Algo nela era reconfortante e eu me sentia tão segura, como nunca antes:

― Temos algumas outras pessoas para selecionarmos, querida. Mas você se tornou uma de minhas preferidas. – ela sorriu e suas marcas de expressão tornaram-se visíveis.

― Adoraria trabalhar aqui Sr. Julieth e obrigada pela preferência. – sorri dando um último gole em meu chá. – Mas agora preciso ir.

― Uma pena! – ela suspirou – A conversa estava ótima, mas entraremos em contato caso seja a escolhida. – ela tocou minha mão de leve e se retirou, levando as xícaras para a cozinha nos fundos.

Caminhei de volta a porta, porém algo chamou minha atenção. Alguns flashes e muitas risadas ecoavam da sala localizada ao final do corredor. Minha curiosidade falou mais alto e então segui até lá. A porta estava entreaberta e conforme eu me aproximava, as risadas aumentavam ainda mais.

Apoiei meu ombro no batente e, só então, percebi o porquê daquele lugar estar tão quieto: todas as crianças estavam naquela sala. Rostinhos rosados e vários corpinhos saltitantes brincavam por ali. Algumas pintavam em suas mesas, outras rabiscavam o quadro negro, enquanto outras inventavam brincadeiras que somente ela entendiam. No meio de todas aquelas crianças, um rosto conhecido me fez estremecer. Era Ethan. Ele estava de costas e abaixado, estava imóvel e só então percebi que ele... Espera aí! Aquilo em suas mãos era uma máquina fotográfica? Não recuei, pois nem ele, nem ninguém haviam notado minha presença. Mudei o peso de um dos pés e ainda sem acreditar, continuei a observar. Meus olhos custavam a acreditar no que estavam vendo. Ele se levantou, me fazendo reagir, mais continuei ali.

― Por hoje é só, crianças! – ele disse. Sua voz estava doce.

― Ah, tava tão divertido. – uma menina de cabelos cor de ferrugem fez uma careta ao ouvir o que ele havia dito.

― Semana que vem estarei de volta. – ele logo a tranquilizou apertando seu nariz.

― Promete?

― Prometo. – ele sorriu e então se virou.

Eu, realmente, não esperava por aquilo. Seus olhos logo encontraram os meus e pareceram tão assustados quanto os meus.

― O que você faz aqui? – ele perguntou imóvel.

― Ah, oi! – disse tentando encontrar as palavras – Essa pergunta soa diferente quando não sou eu quem a faço. A pergunta certa é: O que você faz aqui?

― Nada. – respondeu esbarrando em meu ombro e caminhando para o corredor.

― Ei, calma. Por que está fugindo? – disse o seguindo – Não sabia que você fotografava. – minha voz saia mais baixa conforme caminhávamos.

― Você não respondeu minha pergunta. – insistiu ele ainda de costas para mim.

― Vim procurar um emprego.

― Aqui? - ele me encarou arqueando uma das sobrancelhas – Ah, faça me rir Abby. 

― Qual é o problema? – perguntei o desafiando – Fui baby-sitter no Kansas se quer saber.

― Você, cuidando de crianças? - seu sorriso era debochado.

― Às vezes eu não te entendo sabia? – entrei em sua frente e ele logo parou – Você trabalha aqui, isso sim é um absurdo.

― Eu não trabalho aqui! – sua voz saiu um pouco mais ríspida.

Foi então que ouvimos alguém se aproximando. Uma mulher de mais ou menos trinta anos, caminhava em nossa direção com um sorriso nos lábios:

SETEMBRO (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora