Sinto-me sendo subitamente lançado em meio a uma roda gigante em movimento. Minha cabeça gira e gira. E eu ofego. Ashton pergunta se está tudo bem, suas sobrancelhas estão franzidas; Não está. Quando sinto seu toque, apenas a mão esquerda repousada em meu ombro, tudo para. Um pequeno choque percorre meu corpo. Sou jogado de volta a vida real.
— Obrigado — balbucio entredentes. Ashton apenas chacoalha a cabeça minimamente, abrindo um sorrisinho contido. Para ele, não foi nada demais, já que me salvar é, literalmente, seu trabalho de período integral.
Eu estava a ponto de desmaiar, sei disso. Já desmaiei diversas vezes antes — na escola, nos passeios da escola, nas raras festas que vou, no banheiro... — e começo a me perguntar se, a partir de agora, Ashton sempre impedirá meus desmaios repentinos. Se a resposta for sim, ficarei muito grato, pois seria muito esquisito se eu tivesse simplesmente desmaiado agora (logo após olhar para Michael e constatar que ele é um babaca por estar desejando o meu anjo pessoal).
Caminhamos até o babacão de primeira classe. O cumprimento com um aceno de cabeça, mas ele mal vê — está ocupado demais apreciando Ashton, medindo-o de cima a baixo e memorizando cada detalhe de seu belo corpo. Quero explodir. Ou melhor, quero que Michael exploda. Será que Ashton é capaz de criar uma bomba com o poder da mente? Quero muito descobrir.
— E quem é você? — ele parece estar se contendo ao máximo para não soltar uma de suas cantadas baratas. Seus lábios são mordidos teatralmente e seus olhos, os mesmos que me conquistavam mais cedo, agora buscam algum traço de desejo mútuo nos olhos de Ashton.
Sério, alguém pode, por favor, materializar uma bomba para mim? Tipo, agora mesmo. Não sou obrigado a aturar essa palhaçada na frente da minha própria casa! Na minha floresta. Na minha fucking floresta!
— Esse é o meu primo — falo, atraindo sua atenção por apenas um segundo. Vejo o sorrisinho presunçoso sendo esboçado em seu rosto. Ele encara Ashton como um lobo faminto, apenas a espera do momento perfeito para atacar sua presa. — Ashton.
— Prazer, Ashton — o sorriso se alarga. — Sou Michael.
Também conhecido como "babacão", diz Ashton em minha mente.
— Prazer, Michael — ele diz em voz alta.
— Suponho que você nos acompanhará — comenta Michael. O anjo confirma. Quase posso visualizar a mente de Michael emitindo um sinal de alerta: hora do flerte! Hora do flerte! — Bom, então minha tarde será ainda melhor do que pensei que seria — seus olhos passam de mim a Ashton rapidamente, antes que ele vire de costas de forma ensaiada, na direção do carro, e diga: — Em dose dupla.
Tudo se torna automaticamente bizarro quando se está no meio de uma floresta, principalmente no fim da tarde, quando começa a escurecer. Sinto-me como um porco indo para o abate. Michael soa muito como um pedófilo e eu estou começando a ficar com medo. Por sorte, tenho Ashton ao meu lado, então fico mais tranquilo.
— Você está animado demais para quem vai só fazer um trabalho — deixo escapar. Michael se vira e me encara. Quando é que ele vai parar de dar esses sorrisos maníacos? Ele não sabe que pode acabar assustando as pessoas?
— Quem foi que disse que nós vamos fazer um trabalho?
Dou um passo para trás. Automaticamente, começo a procurar um meio de me proteger (um galho um pouco mais reforçado, talvez?), pois estou realmente assustado. Certo, ter Michael flertando comigo é tudo o que eu sempre quis, mas isso é um tanto estranho. Sou um bebê. Não gosto de me sentir como um bicho acuado.
Ashton então revira os olhos explicitamente.
— Então o que você tem em mente? — ele pergunta, mas não de modo insinuativo. Pelo contrário, acho que ele tem de segurar a língua para não soltar um belo "babacão" no fim da frase.
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white wings • au!cashton
FanfictionAshton morreu no exato dia em que Calum nasceu. Desde então, tornou-se seu anjo da guarda, destinado a protegê-lo até seu último dia de vida. Como todo bom anjo, Ashton precisava se manter nas sombras, apenas observando seu protegido e garantindo su...