white wings • au!cashton

No matter what, I will always love you

Algumas semanas depois

Os flocos de neve começam a cair preguiçosamente por sobre a copa das árvores, o tom alvo gradativamente acrescentando a elas o tipo de magnificência natural que poucos tiram alguns segundos para apreciar. Calum adora a neve e seu efeito sobre as coisas. Não pude deixar de me impressionar quando, certo dia, ele me contou que o encanto está na metáfora que ela nos proporciona — um floco de neve pode parecer insignificante, mas una-o a outra tonelada e tenha uma catástrofe. Assim também são as pessoas, afinal.

Calum está deitado por sobre meu peito, o frio de dezembro sendo combatido pelo calor de nossos corpos. Ele ergue a cabeça lentamente, seus lábios esboçando um sorriso preguiçoso que pouco a pouco toma conta de seu rosto inteiro. Acho que não preciso mencionar, pelo o que talvez seja a milionésima vez, o quanto amo suas bochechas infladas e seus olhinhos pequenos. Tenho a leve impressão de que meu discurso possa estar se tornando repetitivo, mas é impossível deixar de ressaltar os detalhes que constroem sua perfeição.

— Está começando a nevar — relata ele, a voz macia. Seus olhos, outrora observando o que há por trás da portinha de madeira aberta, encontram os meus e eu o vejo sorrir também com eles. Sei que estou fazendo o mesmo quando seus lábios tocam minhas bochechas frias e ele solta um longo suspiro apaixonado. — Já disse o quanto amo seus olhos?

Não sou capaz de controlar o riso curto que escapa de meus lábios. Calum repete isto todos os dias nos momentos mais aleatórios que pode encontrar, possivelmente porque seu maior prazer é assistir a minha vergonha. E, enquanto sua voz melodiosa proclama lenta e suavemente o quanto ama minhas íris cor de âmbar, recebo pequenos beijos em minhas pálpebras fechadas.

— Já disse o quanto amo você?

Abro meus olhos lentamente ao que pronuncio tais palavras. Sinto o coração de Calum bater rápido contra meu peito e sei que ele também sente o meu do mesmo modo, o nervosismo se tornando impossível de esconder por conta de nossa proximidade. Meu estômago dá uma, duas três voltas enquanto nos encaramos por um, dois, três segundos. O silêncio é a pior das torturas e eu já estou pensando em mil formas de me retratar por ter estragado tudo quando Calum abre um sorriso tão grande e brilhante que é capaz de derreter não somente a neve que cai do lado de fora, mas também as calotas polares.

— Não, você nunca disse — responde ele, a felicidade transbordando por entre cada sílaba. — Mas eu não me incomodaria se dissesse.

— Calum Thomas Hood — eu anuncio de forma teatral, assistindo-o rir excessivamente. Estou encantado por cada pedacinho do garoto a minha frente e isto é explicitado no sorriso que toma conta não somente de meu rosto inteirinho, mas também de minha alma. — Eu te amo.

— Eu te amo, Ashton Irwin — responde ele imediatamente, atropelando-se nas palavras. — Eu te amo tanto que poderia esculpir uma enorme estátua sua, ir até Florença e colocá-la no lugar de Davi.

— Eu te amo tanto que voltaria no tempo e faria o próprio Michelangelo trocar o rosto de Davi pelo seu.

Nós discutimos por um bom tempo, nossas expressões tornando-se cada vez mais divertidamente indignadas enquanto nossas mãos puxam as cordinhas de nossos capuzes ou apertam nossos narizes numa guerra estranhamente boa. No meio de tudo isso, não posso evitar pensar o quanto, finalmente, tudo parece estar em seu devido lugar. Pela primeira vez, sinto-me cheio.

Calum Hood é a peça essencial de meu quebra-cabeça. De todos os lados, nos encaixamos. Sem ele, fico incompleto. Fomos feitos sob medida um para o outro; nascemos destinados.

Por muito tempo, tive medo do futuro. Mas, agora que sei que nossos destinos estão entrelaçados, sinto que não há o que temer — não importa o que aconteça, não importa a situação em que estejamos, sei que Calum e eu ficaremos juntos no fim de tudo.