Fueling the fire until we combust

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Observo a figura de Frank encarar-me do outro lado do ginásio. O sorriso carregado de segundas intenções é crescente em seu rosto e eu não posso deixar de sentir uma pontada de ira afetar meu peito. Vejo-o dirigir-se a Michael, uma frase sendo sussurrada ao pé do ouvido quando o ex-namorado de Calum atenta os olhos para nós dois. Frank me pega os encarando e me sopra um beijo no ar, puxando o acompanhante pelo braço e seguindo para algum canto qualquer.

Não me surpreendo. Não me surpreendo ao vê-los juntos, parecendo tão íntimos. Não me surpreendo ao deduzir que eles são nada mais nada menos do que cúmplices. Afinal, eu já tinha minhas suspeitas. Michael e aquele papo sobre ter uma conexão com Calum? Eu certamente já havia ouvido aquilo antes, saindo da boca de um anjo. Engraçado. Sempre os achei parecidos demais em questões de personalidade e atitudes e agora entendo que isto se deve pela convivência recíproca, não simplesmente pela conexão de anjo e protegido. Agora, a pergunta que deve ser feita é: o que eles realmente são?

— Acho que o acompanhante de Michael está de olho em você — a voz de Calum chega a meus ouvidos e, instantaneamente, viro-me em sua direção. Novamente, estranho ao encarar as lentes azuis que substituem a cor tão bela de seus olhos. Ele mordisca os lábios, contendo o bico que insiste em querer se formar.

— Você já o viu antes? — questiono-o e, ao acompanhar seu olhar, noto que Frank está de fato me encarando como se esperasse por algo. Se ele pensa que irei até ele, está muito enganado. Michael, por outro lado, parece irritado por não ter a atenção de seu par.

— Não, ele não estuda aqui — sinto uma pontada de ciúme cutucar seu peito ao que ele despeja as palavras sobre mim. Observo atentamente seu rosto, que expressa o sentimento agora sem repressão. — Mas se quiser o número dele posso pedir a Nia que vá conversar com ele.

Incapaz de disfarçar, uma risadinha me escapa pelos lábios. Calum cruza os braços, arqueando uma das sobrancelhas. Aperto suas bochechas, espremendo-as na direção de sua boca — e que belíssima boca, devo ressaltar!

— Sabe que só tenho olhos para você, não sabe? — a frase é dita em tom de brincadeira, mas, mesmo que Calum não saiba, há veracidade presente nela. Retiro minhas mãos de seu rosto e abro um sorrisinho ao que ele me encara fixamente, balançando a cabeça por alguns segundos. Ele faz muito isso, na verdade. Daria tudo para saber o que se passa por sua mente quando me olha desta maneira tão intensa e secreta.

— Não brinque com meu coração, Ashton — pede ele, soando mais sério do que gostaria. Calum então abre um pequeno sorriso ao se levantar, subitamente parecendo constrangido, e estira um dos braços em minha direção. — Será que posso tirar um anjo para dançar? — eu apanho sua mão, levantando-me e postando-me à sua frente. Não posso me conter quando meus lábios se esticam naturalmente, pois sou uma garotinha apaixonada e não consigo evitar me sentir imensamente feliz por cada palavra minimamente bonitinha dita por Calum Hood. — Nossa última dança nunca foi terminada, se bem me recordo.

E ele está certo, porque também me lembro daquela noite como se fosse hoje. A primeira vez que fomos a uma festa na casa de Luke, dia em que fizemos as pazes após uma briga estúpida que durou mais do que o necessário. Lembro-me de dançar com ele ao som de The Neighbourhood, os cachos que caíam em meus olhos sendo afastados por seus dedos delicados, o sorriso prevalecendo em ambas as faces. Foi a primeira vez que me perguntei, olhando em seus olhos sinceros, se eu um dia teria uma chance. Logo reprimi o sentimento. Recordo-me também de me sentir como uma segunda opção pelo resto da noite após Michael aparecer e, pronto para pular em meu pescoço, pedir gentilmente para que eu parasse de correr atrás dos seus.

— Eu não sei dançar — digo, pois é verdade.

Calum rola os olhos, segurando minhas duas mãos com firmeza e me arrastando até o centro do ginásio, onde algumas pessoas dançam ao som de música eletrônica. Meu palpite sobre ter de ouvir as divas pop pelo resto da noite acaba de ser exterminado. Vejo que, ao nosso redor, os casais que se arriscam na dança são apenas os héteros e me sinto um tanto chateado, pois, se bem sei, a regra era de que os pares deveriam ser homo, mas todos parecem estar se misturando. Calum não parece se importar.

white wings • au!cashtonOnde histórias criam vida. Descubra agora