"Deus é a mais alta subjetividade do homem... Este é o mistério da religião: o homem projeta o seu ser na objetividade e então se transforma a si mesmo num objeto face a esta imagem, assim convertida em sujeito."
— Ludwig Feuerbach.Ah, os mortais! Já reparou como eles, ou melhor, como vocês, estão sempre à procura de alguém para culpar por suas ações estúpidas? Desde os primórdios, o Homem busca algo para não somente depositar suas esperanças, mas para justificar qualquer coisa.
Vamos tomar como exemplo os gregos. Povo esquisito, não? Eles tinham deuses para simplesmente tudo (aliás, os romanos não ficam muito atrás com aquela história de Carnea, deusa das alças de porta e dos órgãos corporais). Mas hoje, meus amigos, vamos falar sobre Hermes, o deus mensageiro!
Hermes, assim como Apolo e vários outros deuses, acumulava muitas funções. Entre elas, proteger os ladrões. Exato, você não leu errado. Caso você esteja pensando em furtar aquele salgado da cantina, agora já sabe a quem deve pedir as bênçãos. Mas este, definitivamente, não é o ponto. Não estou aqui para te ajudar a sair impune após cometer delitos. Estou aqui para provar que, afinal das contas, o ateísta Ludwig Feurbach estava certo.
Transcrevendo de forma simplória a frase que introduz nossa conversação, posso lhes assegurar de uma coisa: Deus nada mais é do que o próprio Homem, seus ideais e personalidade, convertido numa figura poderosa acima de si mesmo. Em outras palavras, Deus não fez o Homem a sua imagem — o Homem fez Deus a sua imagem! Curioso, não?
Certo, mas o que isto tem a ver com Hermes e os gregos? — você se pergunta. Bom, para ser sincero, eu não sei. Apenas não encontrei melhor forma de chegar ao tópico acima, desculpe. Esqueça os gregos. Vamos partir para os romanos — sim, sim aqueles que travavam batalhas sangrentas em nome de Marte, o deus da guerra.
Os romanos eram autoritários, obedientes. Tinham como qualidade principal a gravitas, que significava caráter, dignidade e honra. Assim também era o modo o qual eles enxergavam Marte; a personalidade de um povo refletida em um de seus maiores deuses.
Acho que este talvez seja um exemplo muito distante. Vamos pensar nos dias atuais, no século XXI. Não é difícil encontrar alguém que diga por aí que age da forma que age porque Deus ou a Bíblia o disse para agir de tal modo. Vou contar uma coisa para vocês, meus amigos: eu, quer dizer, Deus não o disse merda alguma! O Homem inventou seu Deus de modo que ele corresponda aos seus próprios princípios ou desejos.
"'Eu não gosto de homossexuais? Então Deus também não!"; "Espera, como assim eu vou morrer e já era? Não, a minha alma é imortal e eu vou viver pra sempre no Céu ouvindo os anjos tocarem suas harpas!". Não, meu amigo, não exatamente.
Mas não estou querendo ridicularizar religião alguma. Estou apenas querendo — como é que dizem os mortais? — tirar o meu da reta.
O meu nome é Destino. Você pode me chamar de Deus se preferir, mas eu não sou muito fã desse título. Na verdade, até mesmo o meu verdadeiro nome tem sido difamado. Por vocês! Não, o Destino não é cruel. Não, o Destino não é um maldito psicótico, como diria Michael Clifford. O fato é: vocês todos — e desta vez estou te incluindo, anjo Ashton — tem uma ideia muito errada de como eu ajo.
Todos os seres, humanos ou divinos (abaixo de mim), estão destinados a algo. Esta é a regra absoluta. Você pode, por exemplo, estar destinado a ter uma grande fortuna, mas as suas pequenas ações diárias é que decidirão se a sua fortuna será proveniente de um assalto ao banco ou se ela será fruto do seu trabalho. Eu te ofereço o destino, mas você é quem trilha o caminho. Não sou a porcaria de um GPS.
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white wings • au!cashton
FanfictionAshton morreu no exato dia em que Calum nasceu. Desde então, tornou-se seu anjo da guarda, destinado a protegê-lo até seu último dia de vida. Como todo bom anjo, Ashton precisava se manter nas sombras, apenas observando seu protegido e garantindo su...