UMA SEMANA DEPOIS
"[...] Nossos corações batem no mesmo ritmo desenfreado, como uma orquestra que, apesar de desafinada, ainda segue a mesma sincronização. Sinto nossos suores frios se misturarem, nossas respirações se tornando uma coisa só. Seu corpo todo ainda treme por conta do choque que percorre suas veias; o trauma recente provavelmente ainda o assombra. Tento fazer com que suas dores desapareçam, porém não sou capaz de tal ato: não sou nada além de uma fraude — um anjo que, aos poucos, está caindo.
Nossas testas estão coladas. Vejo as lágrimas que escorrem por seus olhos fechados molharem suas bochechas. Baixinho, eu sussurro seu nome. Uma, duas, três vezes. Ele não me responde. Calum Hood está quebrado, por dentro e por fora. Esqueço minhas próprias dores para abraçar as dele; não me importo com nada além do garoto frágil à minha frente. Seu choro é tão audível quanto palpável; cada lágrima derramada por seus olhos cor de café estilhaçam meu coração, transformando-o em cacos que me cortam, abrindo feridas iguais as que, agora, sei que ele também tem.
Não quero vê-lo chorar, não quero vê-lo desta forma tão vulnerável. Não posso. Não sei se é o certo a se fazer, mas, suavemente, encosto meus lábios nos dele. Acontece de forma tão calma e superficial que, de início, não tenho certeza se ele é capaz de sentir ou não. Até que, vagarosamente, Calum abre os olhos, afastando-se alguns centímetros. Não sabia que meu coração era capaz de se afundar ainda mais, mas ele o faz.
— Não me beije — balbucia ele. Mesmo sendo apenas três palavrinhas, sinto que elas doem nele tanto quanto doem em mim. Elas nos machucam na mesma intensidade. — Eu não posso, Ashton. Eu não posso.
Calum encosta a cabeça na parede atrás de si, abraçando as próprias pernas e deixando que as lágrimas escorram livremente por seu rosto avermelhado. Sem saber o que fazer, eu apenas encaro sua fragilidade, ouvindo-o repetir as duras palavras que, de algum modo, sei que significam mais do que aparentam ser.
— Eu não posso, Ashton."
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TRINTA MINUTOS ANTES
— Está se divertindo?
Calum apenas balança sua cabeça para cima e para baixo da forma mais entediada possível. Nia Lovelis solta uma gargalhada animada, passando a mão pelos curtos fios negros que começam a formar cachos em sua cabeça. Sua namorada, Miranda, coloca um copo de plástico nas mãos de meu protegido, que franze o nariz ao cheirar o líquido que o preenche. Nia solta uma gargalhada novamente, não permanecendo na presença de Calum o suficiente para ouvir suas represálias. As duas jovens logo o abandonam sozinho novamente no sofá da sala de estar dos Hemmings, onde ele apenas observa o namorado ao longe, que bebe desenfreadamente na companhia dos amigos do time de futebol.
Calum solta um suspiro longo, direcionando seu olhar à porta de entrada pela vigésima vez na noite. É como se ele estivesse à espera de alguém mais interessante, sempre se frustrando ao encontrar as mesmas pessoas entrando e saindo pela passagem. É a festa de aniversário de dezoito anos de Michael Clifford e eu, obviamente, não fui convidado. Não me importo muito com isso, mas esperava que Calum estivesse se divertindo mais. Se eu pudesse aparecer de corpo e não somente de alma, talvez eu conseguisse animá-lo um pouco.
Para ser bem sincero, eu não sei o que diabos Calum está fazendo aqui. Quer dizer, durante esta semana, Michael e ele trocaram, no máximo, duas ou três palavras. E eu posso afirmar que estas três palavras não tinham nada a ver com eu te amo, mas passavam bem longe disto.
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white wings • au!cashton
FanfictionAshton morreu no exato dia em que Calum nasceu. Desde então, tornou-se seu anjo da guarda, destinado a protegê-lo até seu último dia de vida. Como todo bom anjo, Ashton precisava se manter nas sombras, apenas observando seu protegido e garantindo su...