Estar sentado num jardim em meio a um interrogatório sobre paixões secretas no fim de uma tarde nublada com Luke Hemmings ao meu lado já é uma cena um tanto esquisita. Adicione um anjo desesperado e uma gritaria que só pode ser escutada pelos meus ouvidinhos angelicais e você terá o meu inferno dantesco.
Minha expressão se congela em olhos arregalados, boca escancarada e sobrancelhas arqueadas em puro horror. Ah, Frank, eu quero muito apertar esse seu pescoço! O anjo não para de pular hiperativamente atrás de Luke, apressando-me. Ele diz que eu tenho de ver o que acontecerá "em breve" e meu coração logo é tomado pela ansiedade.
Luke está olhando diretamente para o ponto onde Frank está, mas sei que ele não é capaz de enxergar nada com seus olhos mortais, portanto, ele logo me encara novamente com uma expressão preocupada que claramente diz: você está bem ou deseja que eu ligue para o psiquiatra, docinho?
— Luke, acabo de me lembrar de algo! — anuncio, pondo-me de pé em um salto desesperado. — Preciso ir!
Saio correndo sem esperar por uma resposta, irritado demais para checar se Frank está ou não em meu encalço. Assumo que sim, pois logo ouço uma comemoração exagerada. Minhas pernas trabalham até o momento em que encontro um bom arbusto para me esconder — assim, posso ficar invisível aos olhos humanos e voar com Frank para onde quer que ele deseje.
— Espero que você tenha um bom motivo para estar agindo desta forma — aviso, esticando minhas asas brancas e vendo os olhos de Frank brilharem assim que o faço.
Nem todos os anjos possuem asas brancas. As de Frank, por exemplo, são de um tom amarronzado. Ele estaria mentindo se dissesse que não cobiça as minhas, por isso, sempre alega os quão invejáveis elas são.
O anjo não me responde, apenas começa a voar pelo mesmo caminho de onde viemos. Eu o sigo, ficando um pouco para trás e causando estranheza em Frank, que nunca ficou a frente de mim quando decidíamos competir em uma corrida pelo céu noturno.
— A humanidade está te afetando — comenta ele, notando meus movimentos lentos.
Decido ignorá-lo até o momento em que pairamos sobre a residência dos Hemmings. Luke ainda está do lado de fora, no jardim, digitando freneticamente no celular. Suspiro. Ele deve estar pensando que inventei uma desculpa qualquer para fugir de sua pergunta, o que apenas acabou por confirmá-la. Maldito Frank.
Sentamo-nos na beirada na janela escancarada do quarto, lado a lado. Temos de encolher nossas asas, pois o roçar de penas nos incomoda o bastante para nos empurrarmos com os ombros como duas crianças briguentas.
Observo o interior do cômodo. Calum está sentado em uma cadeira no centro, com Michael em pé logo atrás de si. Ele seca o cabelo de meu protegido, revelando a mecha loira que agora se despeja por seu cabelo escuro. Se eu pensava que não havia modo de Calum Hood se tornar ainda mais bonito, acabo de descobrir que eu estava enganado. Os cabelos de Michael estão novamente em um vermelho vívido, porém é possível notar os quão quebrados seus fios estão devido ao uso exagerado de química.
— Michael é um maldito filho da puta bonito para um caralho, não é? — pergunta Frank ao meu lado. O longo suspiro que acompanha a frase me faz deduzir que talvez eu não seja o único aqui apaixonado por seu próprio protegido.
— Lave esta boca com sabão, por favor — reprimo um sorrisinho ao que ele estica a língua em minha direção.
— Ora, lave a minha boca com a sua.
Eu rolo os olhos, desprezando completamente a ideia.
— Não aja como se você já não tivesse feito isso antes — ele cruza os braços, olhando diretamente em meus olhos à espera de uma reação positiva.
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white wings • au!cashton
FanfictionAshton morreu no exato dia em que Calum nasceu. Desde então, tornou-se seu anjo da guarda, destinado a protegê-lo até seu último dia de vida. Como todo bom anjo, Ashton precisava se manter nas sombras, apenas observando seu protegido e garantindo su...