The truth

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O clima presente no ar é de tensão. A desconfiança que emana do grupo é tão palpável quanto a hesitação sentida por Calum diante da porta de entrada do quarto de Luke. O cômodo, outrora o tão confortável palco de reuniões para jogar conversa fora ou apenas ouvir boa música em silêncio ao lado de agradável companhia, agora representa apenas coisas ruins. Sinto-me injuriado e não é preciso ser um gênio para adivinhar o que se passa na mente de Calum, que tem o coração apertado. Seu olhar se recai sobre a cama, seu semblante se moldando aos poucos em uma expressão de pura tristeza. Meu peito dói por ele, pois compreendo o quão difícil pode ser retornar ao local onde se enfrentou um trauma.

Michael e Frank passam ao nosso lado para adentrar o cômodo e o primeiro deles esbarra o ombro em Calum acidentalmente. Vejo-o recuar, apertando meu braço levemente. Michael, ao notar o que acaba de acontecer, vira-se para Calum. Seu olhar é marcado pela preocupação intensa. Por algum motivo, acredito na sinceridade de sua voz quando ele diz:

— Mil perdões não serão o suficiente para apagar o que aconteceu, mas eu espero mesmo que você possa me desculpar algum dia — seus dedos correm por seus próprios fios negros desconfortavelmente, a culpa transparecendo em sua face.

Calum assente vagarosamente, pressionando os lábios um no outro. Michael então passa por nós, abandonando-nos ainda na entrada do quarto. Eu me viro para o garoto ao meu lado, tomando suas mãos para mim. Olho em seus olhos e deposito um casto beijo em sua testa enquanto nossos dedos são entrelaçados.

— Está tudo bem — pronuncio, a voz macia. Ele observa nossas mãos unidas e produz um sorriso mínimo, porém sincero e eu não posso deixar de pensar que ele seja um pequeno raio de sol em meio ao dia mais escuro. — Sei que não é muita coisa, mas, caso algo dê errado, irei te proteger — eu sorrio, tentando passar confiança não apenas a ele, mas também a mim mesmo. — Seremos eu e você contra todos os mundos, lembra?

Calum beija minha bochecha, murmurando algo sobre eu ser um merdinha fofo que me faz rir. Nós então nos dirigimos ao beliche, sentando-nos na cama superior, de modo que nossos pés pendem no ar vagamente. Ele entrelaça nossas mãos novamente e eu não consigo manter meus dentes na boca, como o bom boboca apaixonado que sou.

— Eu deveria ter dado ouvidos quando você me disse, àquela primeira noite em meu quarto, para não se apaixonar por você — confessa ele quase em um sussurro.

— Ah, é? — arqueio as sobrancelhas, cruzando os braços. O sorriso irônico cruza meu rosto ao que ele imita meus movimentos. — Está arrependido então?

— O que você acha?

— Acho que não — dou de ombros. Calum ri, selando seus lábios nos meus por apenas um segundo.

— Ora, ora — diz ao se afastar. — Você é mesmo muito inteligente, Ashton.

Eu balanço a cabeça de um lado para o outro, sorrindo ao observar amplamente o restante do quarto enquanto meus pensamentos gritam que isto tudo não pode ser real, pois Calum Hood é perfeito demais para ser verdade. Na cama de Luke, vejo Michael sentado com os cabelos bagunçados. Seu olhar acompanha os movimentos de Frank — que anda de um lado para o outro tocando em tudo o que vê pela frente — como um predador.

— Algo a dizer, Ashton? — questiona Michael sem me encarar. Levo um pequeno susto, envergonhando-me levemente por ter sido pego o encarando.

— Hãm... — começo, tentando livrar meus pensamentos de uma nova teoria que me alcança a mente. — Quando vão começar a nos contar tudo?

— Bom — ele suspira, finalmente direcionando seu olhar a mim. — Frank acha que devemos ir direto ao ponto, mas algumas coisas podem ser difíceis de compreender. Principalmente para Calum, que faz parte de outro mundo.

white wings • au!cashtonOnde histórias criam vida. Descubra agora