X - [Revisado]

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Kenna


Eu nunca tinha vindo para essa porcaria dessa cidade, mas honestamente, também nunca havia tido motivos para vir. Era bastante diferente de Seattle, mais calma. Entretanto, quem não estava calma era eu.

Não havia sido fácil, mesmo com a ajuda de Nora, a convencer meu Alfa a me deixar visitar meu namorado. Como qualquer outro Alfa, Joseph Beitman não gostava de deixar suas fêmeas perambulando por aí. Contudo, eu fui bastante persuasiva com Nora, e Nora foi bastante persuasiva com ele. O que uma mulher não faz na vida de um homem, não é mesmo?

E agora estava eu, Kenna Korte, à procura do meu homem. Joseph havia me dado um mapa com a localização da casa do Alfa de Columbus, mas mesmo assim demorei um tanto para chegar lá, o que também não melhorou em nada meu humor. Eu nunca havia sido muito boa em ler mapas. Após engolir meu orgulho e pedir ajuda aos pedestres na rua, dirigi meu carro alugado até a fatídica casa.

Era uma casa grande, a maior da quadra. Entretanto, como era de se esperar, era menor do que a mansão dos Beitman. Provavelmente isso não incomodava os lobos daqui, pois, pelo que eu havia ouvido, a alcateia daqui era uma das menores. Desci do carro e liguei o alarme. Parecia uma região calma, residencial, mas nunca se sabe quando alguém vai tentar roubar seu carro. Seria até engraçado, um ladrão comum tentar roubar o carro de um lobisomem, e pensando nisso consegui rir pela primeira vez naquele dia.

Meu sorriso no rosto, à medida que eu ia chegando mais perto da porta da frente, era bem-vindo, pois eu queria ver logo Maxwell e também parecer educada perante a nova alcateia. Bati na porta de leve, sabendo que iriam ouvir sem problemas, se é que já não tinham me ouvido sair do carro.

Quem abriu a porta foi um cabeludo com piercings. Usava uma regata cinza que me permitia ver seus braços fortes. Olhou para mim e franziu o cenho, dava para perceber que ele esperava que eu fosse outra pessoa. Eu conseguia sentir o cheio de mau-humor que ele exalava, assim como um cheiro de hortelã e âmbar, que eu só pude presumir que fosse algum tipo de colônia estranha que ele usava.

– Quem é você? – perguntou, secamente.

– Sou Kenna Korte – respondi, sem dar muita bola para ele. Tentei espiar por sobre o corpo dele se conseguia enxergar Max dentro da casa. – Sou da Alcateia de Seattle.

Ele bufou e virou para trás, encontrando o olhar de um lobo que estava no sofá assistindo à televisão. O outro lobo se revirou no sofá de forma que conseguisse me olhar, de cenho franzido, mas assentiu com a cabeça. Logo após já voltou sua atenção ao aparelho.

– Pode entrar – convidou-me o cabeludo, sem emoção alguma na voz.

Assim o fiz, tirando meu casaco e procurando por Max. A casa estava vazia, pois ainda era cedo. Farejei o ar, mas os únicos cheiros frescos eram dos dois lobos que estavam na sala.

– Nenhum dos outros lobos de Seattle estão aqui? – indaguei.

– Não – falou o lobo que assistia à TV, imediatamente desligando-a quando percebeu que eu ia começar a incomodá-lo com perguntas. Como ele não se levantou para me cumprimentar formalmente, como de costume nas alcateias, logo tive a impressão de que ele não poderia ser quem havia ficado em comando da alcateia. Não podia ser o Gamma. – Não quiseram ficar hospedados aqui. Normalmente eles aparecem para o almoço ou para o jantar.

Revirei meus olhos. Eu ia ter que ir atrás deles pela cidade, agora? Ah, Max ia me ouvir reclamar e muito. Ele havia deixado implícito para mim que ao menos ele ia ficar na casa do Alfa.

ValenteOnde histórias criam vida. Descubra agora