XIII - [Revisado]

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Clayton


Eu havia apenas ido procurar Becca. Procurar a droga da Becca que decidiu passear. Eu não podia me ausentar da casa do Aidan por quarenta minutos que alguma merda explodia lá dentro. Quase que literalmente. Infelizmente, não achei Becca em nenhum dos lugares que ela disse que estaria. Contudo, achei que ela pudesse estar voltando quando eu estava indo, e havíamos nos desencontrado por pouco. Foi muita sorte que decidi pegar o caminho mais tranquilo e consegui passar cedo pela casa do Alfa. Quando percebi que alguma coisa estranha estava acontecendo, decidi dar uma volta na quadra antes de estacionar, e pude ver horrorizado o estado em que se encontrava sua casa.

Alguns lobos estavam escondidos entre os arbustos de paisagismo na frente da casa, mas eu consegui enxergá-los apesar de eles certamente conseguirem se ocultar de olhos humanos. Os vidros estavam despedaçados e alguém em forma humana estava tentando colocar a porta de volta no lugar. Contei cinco lobos na parte da frente, mas tinha certeza de que ainda haveria alguns dentro da casa e no quintal. Aidan tinha sorte que morava em uma rua calma, e sua casa a mais afastada e recuada, pois assim as chances de outras pessoas virem o estrago em seu imóvel seria muito menor.

Xinguei alto enquanto socava o volante, sem querer soltando uma alta buzinada enquanto já estava no fim da quadra. Eu tinha certeza de que Mathias havia ficado lá quando saí, mas poderiam ter chegado outros dos nossos lá dentro enquanto eu estava fora, e isso não era bom.

Estacionei a três quadras da casa e liguei para Connor. Aquilo me cheirava à invasão. Obviamente não somente a invasão da casa de Aidan, mas só podia significar uma coisa: Alguém sabia que Aidan estava fora da cidade por tempo indeterminado e, tentando se aproveitar, estava querendo tomar nosso território.

Para se tomar o território de outro lobo, podia-se fazer de duas maneiras: A primeira maneira seria tomando sua alcateia, no caso, matando o Alfa – provando-se mais dominante que o Beta, Gamma e os demais – e tomando seu lugar. A segunda maneira, apesar de mais trabalhosa, era menos arriscada para o lobo invasor em si, pois ele mesmo traria consigo sua própria alcateia, ou poderia formar uma ali na hora. Juntos expulsariam, incorporariam ou dizimariam a alcateia local.

Claramente, os lobos que vi não eram nossos, portanto eu deduzia que o invasor estava tentando implantar sua alcateia no lugar da nossa e havia, aparentemente, tido sucesso em seu primeiro passo: tomar a casa do Alfa, que era considerado o coração de alcateia, onde todos eram bem-vindos e se reuniam.

Entretanto, ele ainda tinha de nos expulsar do território ou fazer-nos se juntar a sua alcateia, mas sob seu domínio. E isso ele não conseguiria.

– Fala, Clayton? – falou Connor do outro lado da linha, soando despreocupado e fazendo-me ter certeza de que ninguém além de mim sabia da situação ainda. – Estou quase saindo para minha hora de almoço, cara, mas pode falar.

– Connor, temos uma emergência. – Tentei me controlar para não berrar ao telefone, pois estava enfurecido com a ousadia daqueles lobos. Mesmo assim, eu sabia que minha voz saía um tanto alterada.

– Diga, Clayton. O que aconteceu? – Agora eu havia chamado sua atenção, estava atento à minhas palavras. Ouvi sua cadeira do escritório ranger, provavelmente tinha se endireitado para prestar mais atenção.

– A casa do Aidan foi invadida. Está tudo quebrado, a porta arrombada. Consegui avistar cinco lobos de vigia no jardim da frente. Estão escondidos o suficiente para humanos, mas tenho certeza do que vi.

– Você não estava lá? – indagou Connor, acusatório. – Hoje era seu dia de ficar na casa. Não tirou folga justamente pra isso?

– Não, eu não estava lá – rebati. – Rebecca saiu sozinha para dar uma olhada na casa dela, mas ela começou a demorar e decidi procurá-la. Além do mais, deixei Mathias lá quando saí. Ele falou que ia esperar até eu voltar com ela ou até ela aparecer.

ValenteOnde histórias criam vida. Descubra agora