XV - [Revisado]

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Mathias


Rebecca e Kenna estavam sendo arrastadas para o prédio de questionamento. Ambas feridas, mas com parte dos ferimentos já cicatrizando. Movi-me silenciosamente para poder mantê-las sob minha visão. Conseguia, agora, ver Connor, que se transformara em humano brevemente para gesticular instruções.

Connor franziu o cenho para mim, vendo que eu queria agir naquele mesmo instante. Indicou-me com a mão que podíamos esperar mais, que iam apenas colocá-las nas jaulas. Sem dúvidas ele acreditava que não iriam machucá-las mais e que, portanto, não deveríamos nos arriscar sem os reforços. Se ouvíssemos que elas estavam sendo maltratadas, daí sim partiríamos para a briga.

Voltei a observar os lobos e Rebecca. Ela ainda parecia cansada, apesar de estar se curando de suas marcas de batalha. Andava a passos lentos, fazendo os homens de Maxwell a empurrarem com força.

– Ande logo – resmungou um deles. – Pare de enrolar!

Um dos outros homens riu e eu tive uma tremenda vontade de estripá-lo.

– Calma, é de se esperar que ela não esteja aguentando depois da surra que levou de Maxwell.

Trinquei meus dentes, sabendo que Rebecca deveria estar se contorcendo muito por dentro após ouvir aquelas provocações. Ela continuou a andar, mas agora parecia estar se arrastando ainda mais, propositalmente, para irritar os lobos. Ou talvez estivesse, de fato, esgotada.

As mulheres finalmente atravessaram o quintal da casa e Maxwell as esperava, segurando aberta a porta do Prédio de Questionamento. Alguns de seus lobos foram entrando, mas a maioria ficou do lado de fora, ainda fazendo ronda, comendo ou observando o quintal.

Percebi o olhar mortífero que Kenna deu para Maxwell, mas ele apenas riu enquanto ela passava, entrando no prédio atrás delas e trancando a porta.


~x~


Rebecca


Fazia tempo que eu não entrava aqui. Eu nunca tivera muitos motivos para utilizar o Prédio de Questionamento e isso era algo pela qual eu era grata. Podia ser dominante, mas não gostava de torturar os outros ou mantê-los prisioneiros. Mesmo se um dia fosse preciso, tenho certeza de que Aidan não me deixaria cumprir essa função, sem dúvidas com o intuito de me proteger dessas tarefas, pois a tortura era uma coisa perigosa com a qual se acostumar.

De qualquer forma, aqui estava eu novamente, passando pelas diversas máquinas e aparelhos que, eu sabia, seriam e já tinham sido o pesadelo de algum ser sobrenatural. Talvez agora fosse minha vez de vivenciar um desses pesadelos.

Respirei fundo ao passar pela primeira grande sala, aliviada pelo fato de os lobos não me empurrarem para cima de qualquer um daqueles instrumentos de tortura. Eu jamais deixaria Maxwell e seus homens me torturar de olhos fechados, mas sentia que já não tinha muito mais forças em mim. Eu precisava descansar, estava abatida e sem conseguir recuperar minha total potência. No estado em que eu estava, seria difícil impedir alguém de me fazer mal.

Aliviada, percebi que estavam levando Kenna para o subsolo e, ao pôr meus pés naquela fatídica escada de metal em espiral, não consegui deixar de lado minhas lembranças da primeira vez em que fui enjaulada em Columbus e da minha tentativa de fuga. Fuga essa obviamente malsucedida, a qual resultou em minhas pernas serem quebradas. Eu acreditava que, desta vez, eu tinha o mesmo nível de chances de escapar. Ou seja, nenhuma.

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