Especial II

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Rebecca

Era bom estar viajando com outro propósito, para variar. Um propósito que não tivesse nada relacionado às responsabilidades lupinas ou alguma ameaça iminente. Era bom, simplesmente, estar em um avião a caminho do México e ter a certeza de que sua melhor amiga ruiva estaria te esperando no saguão com uma grande placa.

E dito e feito, apesar estarmos vindo justamente para vê-la, era ela quem fazia a maior festa. Riley, Aidan e eu carregamos nossas malas de rodinhas pelo saguão e avistamos o enorme cartaz, decorado com canetas coloridas e glitter, que Scarlet Briggs segurava. Como se ela precisasse disso. Scarlet, branquela de olhos verdes e com cabelos comparáveis à labaredas de chamas, chamava muita atenção na capital do país mais ao sul do domínio do Letum.

De qualquer forma, decidira fazer um cartaz, que tinha meu nome escrito com sua letra cursiva impecável, cada letra de meu nome feita com uma cor de canetinha diferente. Ela havia até desenhado um pequeno lobinho no canto inferior esquerdo do cartaz, e uma lua minguante no canto superior direito.

– Scarlet! - gritei ao seu encontro, as pessoas ao redor nem se importando. Reencontros barulhentos era o mínimo que você deveria esperar em um aeroporto, ainda mais na ala de desembarque.

– Rebecca! - retribui com a mesma quantidade de entusiasmo. Não ligamos de deixar os dois homens atrás de nós esperando.

Era a primeira vez que eu a via, desde que eu havia acordado do coma do qual ela mesma havia me salvado. Havíamos nos visto em ligações por Skype e nos falado por diversos telefonemas, mas o contato físico de uma melhor amiga para com a outra era impagável.

– Estive com tantas saudades sua, sua pirralha - continuava a chamá-la de pirralha, mesmo eu sendo mais nova do que ela. Era uma pequena piada interna.

– E eu sua, sua encrenqueira. - Não tinha como argumentar com ela, eu realmente era, apesar de nem sempre ser de propósito.

Após mais alguns minutos abraçada comigo e, cumprimentou Aidan com um abraço caloroso, mais caloroso do que eu jamais imaginaria. Eu não sabia que ambos haviam se tornado tão próximos no tempo em que estive desacordada. Era de se esperar, porém, visto que trabalharam juntos para juntar minhas duas partes novamente. Scar depois puxou Riley pelo colarinho, recebendo-o com um beijo afogueado. Riley, logicamente, não calava a boca em Columbus sobre como havia fisgado o coração da raposinha, e também como não aguentava mais esperar para ter seu reencontro.

Seguimo-la até um táxi, de onde fomos até o apartamento que ela havia alugado. O plano era passarmos uma semana na Cidade do México, quase como se fossem férias, curtindo o aniversário da nossa Selvagem e aproveitando para matar o máximo de saudades, visto que não sabíamos ao certo quando ela decidiria voltar à Columbus. Riley poderia ficar mais do que uma semana, mas Aidan queria voltar logo. Continuava preocupado com invasões, depois do que acontecera com Maxwell Kentner e os solitários. Eu apostava que ele jamais se recuperaria, jamais iria se permitir ficar muito tempo longe de casa.

De qualquer forma, apesar de minha vontade de que Scarlet voltasse à Columbus, achei melhor voltar com Aidan, tanto para dar privacidade para os dois pombinhos, quanto para voltar e aproveitar minha vida em alcateia com meus irmãos.

Passamos os primeiros dias visitando pontos turísticos, parques e shoppings com nossa anfitriã. Quando não saíamos, ficávamos de bobeira no apartamento dela ou então no apartamento de seus amigos Selvagens, sua mais nova família. Eram todos muito acolhedores e simpáticos. Eu gostava muito do sotaque deles, que tinham que falar comigo em inglês, pois a única coisa que eu sabia falar em espanhol era que eu não sabia falar espanhol. Bem, e também 'me pasa el guacamole, por favor'.

ValenteOnde histórias criam vida. Descubra agora