"Nada em si é bom ou mau; tudo depende daquilo que pensamos."William Shakespeare
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10 anos antes
Abro os olhos, me sinto perdida e confusa, não estou entendendo nada. Milhares de perguntas se passam em minha cabeça, como eu havia ido parar ali? Ou melhor onde era "ali"? Porque as janelas tinham grades? Porque eu estava com uma faixa na cabeça? E a maior pergunta que rodava em minha cabeça...
Quem sou eu?
Ouço a porta sendo aberta, uma mulher que aparenta ser uma freira entra no quarto, ela parece jovem, acredito que tenha uns 21 anos. Ela se aproxima de mim com um doce sorriso no rosto, parece preocupada comigo.
__ Como você está se sentindo flor?- perguntou, a voz doce e calma, soando realmente de forma preocupada. - Está sentindo dor em alguma parte do corpo?
__ Estou bem. - respondo. Ela me olha então, agora seus olhos revelando sua curiosidade, na verdade é estranha a forma como consigo ler bem seu olhar.
__ Como é seu nome pequena? - pergunta então.
__ Eu não sei.- eu não conseguia me lembrar de meu nome, era como se tudo que aconteceu antes de eu chegar nesse lugar tivesse se apagado da minha mente.
__ Como não sabe? Você não se lembra?- perguntou incrédula.
__ Não.
__ Oh meu Deus! Você sabe como chegou aqui?
Neguei com a cabeça
__Poderia me dizer?- perguntei receosa. Eu queria saber, não saber apenas como havia chegado ali, mas também queria saber mais sobre mim. Mesmo que estivesse claro que a freira parecia ainda mais perdida que eu.
__ Antes eu preciso falar com a madre, ela deve saber o que fazer.- falou já saindo do quarto - Descanse princesa, volto logo. - ela me olhou sorrindo antes de sair fechando a porta.
O que estava acontecendo? Eu não poderia simplesmente ter esquecido meu nome, e tudo mais!
Passado algum tempo a mulher voltou e me levou para uma sala onde aparentemente eu iria encontrar-me com a madre.
Quando chegamos na sala ela saiu, me deixando sozinha com a madre. Observei a senhora por algum tempo, ela aparentava ser bem velha, entre 80 e 90 anos. A senhora me fez várias perguntas, grande parte delas eu não consegui responder, pois eu realmente não me lembrava de nada. Ela me falou que quando me encontraram eu estava desacordada na porta do orfanato, e só tinha comigo um colar com um pingente no formato da lua, cheio de pedras azuis, e atrás dele tinha escrito "Ayla", logo fui batizada por este nome. Eu li em um livro que esse nome significa "luz do luar" ou simplesmente "luar" tanto que os mais íntimos me chamavam de lua.
Foi então que comecei a estudar ali e fiz várias amizades, em menos de um ano ali eu já sabia ler e falar fluentemente várias línguas, como o latim, inglês, francês e alemão, sabendo também a própria língua usada naquela terra em que morava. Além disso, pode parecer estranho, mas era como se eu soubesse uma outra língua, sempre que olhava para algo ou falava outras palavras me vinham em mente, palavras estranhas e que mesmo após pesquisar em vários livros nunca encontrei o que significavam. Por esse motivo "batizei" aquela língua de idioma da lua, pois apenas eu o conhecia.
Minha melhor amiga em todo o orfanato era a doce mulher que havia cuidado de mim no primeiro dia, seu nome era Angélica e realmente não poderia existir nenhum outro nome melhor que esse para ela, pois ela realmente era como um anjo. Nós sempre ficávamos juntas, em todos os momentos, algumas das outras crianças não gostavam de mim porque eu era a "preferida" dela, mais eu sei que eu não era a preferida até porque a Lica - apelido que eu a dei - sabia distribuir amor para todas as crianças igualmente. Ela só passava mais tempo comigo tentando me ajudar a lembrar de alguma coisa sobre meu passado, eu só consegui me lembrar minha idade e nome, que realmente era Ayla.
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A Filha Da Lua, a Princesa Perdida (EM REVISÃO) - Livro 1 Trilogia Universo
خيال (فانتازيا)Já parou para pensar o quão estranho seria se o mundo que conhecemos fosse muito além de tudo o que sabemos? Para Ayla esse pensamento nunca sequer teria passado por sua mente, afinal, sua mente há muito tempo havia se afundado em medos e rec...