Capítulo Oito

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O céu desabava em uma chuva torrencial e Mariana estava naquela parada de ônibus há horas, deveria ter aceitado a carona de Pedro, mas desconfiava que o diretor financeiro queria muito mais que apenas dar-lhe uma carona, fingindo que sua amiga Escarlate iria buscá-la no trabalho dispensou a carona se arrependendo naquele momento em que raios cruzavam o céu clareando-o num azul brilhante. Estremeceu diante da cena, tinha verdadeiro pavor de raios, relâmpagos e trovões, havia trago esse medo desde a infância, costumava se esconder em baixo das cobertas e ficar em silêncio até que a chuva passasse, ou seu pai viesse acudi-la.

Mais uma vez o céu ficou claro e Mariana emitiu um gritinho de pavor, algumas pessoas que estavam na parada a olharam de esgrelha, como podia uma mulher adulta, ter medo de relâmpagos? Chegou um ônibus, que não era o seu deixando o local quase vazio se não fosse pelo rapaz atrás dela deixando a editora ainda mais apavorada, depois disso a chuva torrencial só piorou e em poucos minutos Mariana estava completamente molhada e quase só na parada de ônibus.

-Droga!

Resmungou procurando o celular na bolsa na pretensão se usar um aplicativo pra chamar um táxi quando ouviu uma voz soar atrás dela.

-Passa a bolsa moça!

Anunciou a voz malandra do rapaz.

Mariana travou diante das palavras do rapaz que se aproximou esticando a mão para pegar a bolsa dela, que num impulso segurou-a firme.

-Faz graça não tia, solta a bolsa ou vai ficar boiando na água.

Ameaçou ele sacando uma 38 que estava em sua cintura apontando para o rosto da editora engatilhando-a.

Mariana estremeceu ficando em choque, mas não soltou a bolsa não sabia se por loucura ou numa ataque louco de adrenalina segurou a bolsa com ainda mais força.

-Não brinque com a minha cara vadia!

Gritou o rapaz com olhos sanguinários pra em seguida desferir um golpe no rosto de Mariana com o cabo do 38 fazendo com que ela soltasse a bolsa e levasse a mão ao lado do rosto onde havia levado a pancada e o ladrão saiu correndo devolvendo o revolver a cintura e sumiu veloz no meio da chuva entre os carros parados num sinal vermelho próximo dali.

No segundo seguinte Mariana desabou num choro desenfreado, nunca havia sido assaltada em toda sua vida, crescera num bairro de classe média, mas havia frequentado todos os ambientes durante sua vida, comunidades, favelas, altas rodas, mas nunca em sua vida havia passado por tal violência, curvando o corpo para frente tentou respirar entre as lágrimas, a dor latente em seu rosto e a chuva pesada que se chocava contra seu corpo.

O mundo desabava do lado de fora enquanto Camila dirigia seu Camaro branco, mais um dos itens de sua coleção, não era bem o carro perfeito pra se sair naquela chuva, mas a modelo com quem sairia naquela noite merecia dar uma volta no seu bebê.

Deslizava os olhos ao redor enquanto esperava o sinal ficar verde quando viu uma cena que lhe chamou a atenção, normalmente aquela cena não a incomodaria, um garoto que não deveria ter mais de dezessete anos empunhava um revólver apontado para a cabeça de uma mulher loira que segurava sua bolsa na tentativa de não ser roubada, mas a provável ameaça do jovem e a coronhada no rosto da mulher surtiu o efeito desejado pelo jovem delinquente que fugiu levando com ele a bolsa da mulher que Camila reconheceu imediatamente.

Sem se importar com o fato de ter deixado o carro estacionado no meio da Avenida, caminhou na direção de Mariana que permanecia curvada sobre o próprio corpo com a mão direita sobre a boca. Camila não entendia que urgência era aquela que a dominava, desejava proteger Mariana, era uma urgência intensa e incontrolável.

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