2.Costa Rica

5.5K 327 600
                                    

Na Costa Rica, escolhi uma cidade pequena e nada turística para me esconder, tudo que eu queria era a solidão e a praia. 

A casa que me foi destinada era nova e bonita, bem de frente para o mar! Não era muito grande, dois quartos apenas, que ficavam no segundo piso. Meu quarto tinha uma enorme sacada, quase um pátio retangular do tamanho da extensão da garagem logo abaixo. O peculiar dessa "sacada" é que não tinha parapeito, nem muro, nem vidro, nem grade, nem nada! Parecia meio perigoso, mas se caísse não era muito alto. Segundo o dono, a sacada não estava terminada, mas eu não me importei, até gostei! A vista para o mar não tinha nenhum tipo de barreira!

 A casa era nova e fazia o estilo clean, tudo em cores brancas ou bege muito claro, contrastando comigo que sempre andava com roupas pretas ou cinzas.

Não que eu não goste de outras cores, mas com meu estilo roqueiro acabo sempre escolhendo cores pretas, cinzas, às vezes um branco. Parece que cores não combinam muito comigo, ou com meu estilo, ou com meu humor! Sei lá!

A primeira semana de férias eu basicamente dormi os dias inteiros! A rotina de viagens e shows deixaram meu corpo dolorido e extremamente fatigado. O estress que a banda vinha passando nos últimos tempos também estava me afetando. Era ridículo ver a Madelaine ter toda atenção, além de estar sempre querendo menosprezar o Louis. Estava tão farta disso tudo que nem pra compor mais eu tinha inspiração. Nunca senti tanta necessidade de isolamento quanto agora!

A noite acordava pra comer algo e muitas vezes só ficava bebendo na sacada do meu quarto, onde coloquei uma espreguiçadeira. Embora a casa fosse de frente para o mar e a vista lindíssima, eu ainda não tinha conseguido sair do meu fuso horário da banda... Dormia o dia todo e acordava por volta das cinco da tarde, quando o sol já estava saindo. 

Me permiti uma semana de folga das minhas corridas diárias e exercícios físicos para manter a minha musculatura resistente para o esforço da bateria. Eram férias de tudo mesmo!

Eu estava cumprindo meus objetivos a risca, basicamente não tinha falado ou convivido com pessoas durante esses dias aqui na Costa rica. Não li jornais, não entrei nas redes sociais, não ouvi música, nem toquei violão (que eu trouxe comigo caso alguma música viesse a cabeça), não compus nada, nem escrevi uma só linha em meu livro de anotações! O total silêncio e distanciamento de tudo pra tentar conseguir me conectar novamente com o meu eu.

A única coisa que não tinha conseguido fazer ainda era realizar o desejo enorme de ir a praia, ou pelo menos ver a praia durante o dia. Mas ainda tinha muitos dias pra fazer isso!

O primeiro dia que me animei a sair de casa fui até o centro da pequena cidade, que não ficava muito longe da casa. Uma estrada de chão batido com um pouco de mato ao redor e sempre beirando a praia. Quinze minutos de caminhada e lá estava a praça central e o pequeno comércio ao redor.

A praça estava toda iluminada com lâmpadas brancas que corriam em um fio enfeitando árvores e postes que circundavam a pracinha como um todo. Estava muito bonito mesmo, tinha muitas mesas na rua e uma pequena feirinha. Em uma faixa li algo em espanhol sobre "fiesta San Martin". Meu espanhol era péssimo, mas não pretendia falar com ninguém mesmo!

Antes de passar no mercado, meu objetivo de ter vindo até aqui , ouvi uma música tocando.

Olhei ao redor.

Em frente a praça avistei um pequeno palanque a céu aberto em frente a um bar e uma bela garota se apresentando. Olhei em meu relógio, oito da noite, o mercado deveria ficar aberto até as nove, dei de ombros e me permitir sentar na platéia na mesa mais do fundo e pedir uma cerveja.

A noite estava quente, o céu estrelado e iluminado por uma lua cheia muito bonita. A brisa do mar deixava o clima mais agradável ainda.

Enquanto tomava a minha cerveja observava o público ao redor. Eram todos locais, só se ouvia o espanhol ao redor de mim. As pessoas falavam e riam alto demais para o meu gosto, mas era visível a felicidade do povo. Aquele lugar todo me fez sentir como se estivesse em uma cidade cenográfica, de tão pequena e ao mesmo tempo tão cheia de vida.

Black BeautyOnde histórias criam vida. Descubra agora