8.Em seus olhos

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POV LAUREN

Acordei com a Karla dedilhando uma música ao violão. Não era a que ela cantou antes, mas era um melodia muito bonita.

O dia estava começando a raiar e ela estava sentada na ponta do colchão olhando o mar e tocando baixinho a música. O som parecia um pouco melancólico, mas ela não cantava nada. Mais uma vez eu estava gostando do que ela tocava, mesmo sem ela cantar. O máximo que ela fazia com a voz era:. " aaaaaa...aaaaa... Ie ie.. "

- Gostei! Canta essa pra mim?

A Karla tomou um susto.

- Desculpa não quis te acordar! - ela virou pra mim sorrindo.

- Canta essa pra mim? - pedi.

- Ah... Não tem letra ainda... Eu a tenho a bastante tempo, mas não consigo escrevê-la... - ela deu de ombros. - Não tenho uma letra pra ela...

Sentei do lado dela na ponta do colchão e trouxe comigo o lençol para nos cobrir. Passei o pano por nós duas e a abracei.

- Não estava com frio?

- Um pouco... é verdade! - ela sorriu.

- Karla...

- Hum?

Eu não queria perguntar, mas ao mesmo tempo era difícil não falar sobre isso.

- Desde ontem... Sei lá, me parece que está triste.

Ela deu uma risada anasalada e leve.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não... Nada...

- Porque se eu fiz alguma coisa errada me diz...

- É só que vou sentir a tua falta... - ela falou olhando para o chão. Não teve coragem de olhar em meu rosto.

Merda! Não devia ter perguntado. Era óbvio que podia ser algo sobre isso uma vez que agora ela sabe que só fico mais uma semana aqui. O que eu posso falar agora? O que eu posso dizer? Bom... Posso prometer que vou voltar... Não vai ser a primeira vez que minto para uma garota.

- Eu vou voltar! Eu juro! - falei.

Ela me olhou e deu um sorriso, mas ainda era triste. Talvez eu não tenha sido muito convincente ao falar isso.

- Que bom! - foi tudo que ela disse.

Essa era a merda de passar mais tempo que uma noite com uma garota! Elas sempre ficam fantasiando algo a mais! Achei que as coisas seriam diferentes com ela, achei que ela sabia que eu iria embora e estava bem com isso... Ela sempre soube que meu tempo aqui era limitado.

Droga! O negócio agora era manter firme que eu voltaria em breve e tudo se acalmaria. Ficamos quietas e o dia começou a nascer. A Karla se apoiou mais em mim deitando a cabeça no meu ombro e eu a abracei mais forte.

Ficamos olhando aquele momento e toda a beleza que a natureza nos proporcionava.

- Eu gosto de ver o sol nascer! - ela disse - É sempre uma luz de possibilidades! Eu sempre me ânimo com o sol!

Agora ela falava de forma mais tranquila, como a Karla que eu conhecia.

- O dia sempre me dá mais coragem do que a noite! - ela riu de lado.

- Tá precisando de coragem Karla? - impliquei.

- Tô! - ela riu - Coragem pra te encher de beijos agora e depois ir embora pra ajudar a minha mãe no restaurante!

Ela riu pulando em cima de mim e fazendo nós duas rolar pelo colchão. Começamos a nos beijar e rolar enquanto riamos.

Hoje era domingo e a festa de San Martin iria acontecer de dia! Logo em vez de janta o restaurante serviria almoço. Em vez de shows a noite os shows seriam a tarde e amanhã? Amanhã a vida de San Martin voltava ao normal!

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