Capítulo 06

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O mesmo me faz um sinal para me adentrar e assim faço o encarando, me encosto na parede perto da porta e espero ele chamar pelo mesmo ou, pelo menos, fazer algo de útil.

— Vou chamá-lo esquentadinha. - Sussurra em meu ouvido tão rápido que me assusto.

O irritante sai com aquele olhar malicioso que me irrita só de ver, nos encaramos profundamente por alguns segundos antes dele sumir da minha frente, seu olhar mostrou o quão penetrante e perverso é, só tenho uma certeza, ele vai ser problema.

Desculpe a demora Sarah. - Me assusto e vejo John ao meu lado, o mesmo beija minha mão como da primeira vez, tenho que me acostumar logo com o cavalheirismo.

— Tudo bem! Me atenderam rapidamente. - Sorri brevemente.

— Ah... vejo então que já conheceu meu filho Ryan! - Sorri ao me fitar.

O fito sem jeito, não posso acreditar em sua última frase, ele realmente é seu filho e vou ter que vê-lo quase sempre? Ou pior, contar com ele no meu trabalho.

— Sim, adorável ele. - Digo tentando disfarçar minha insatisfação.

Eu não acredito que ele é realmente um Henson, tinha uma esperança que não fosse, mas ela foi destruída junto com minha sanidade. Então é Ryan o nome do cretino, nem parece da família, já fico irritada só de imaginar cruzar com ele em todas as aulas de Jenny e talvez na faculdade, pelo jeito que falou comigo mais cedo, não duvido que serei seu alvo para brincadeiras idiotas. Suspiro me perguntando se isso é uma prova de resistência, o vendo de segunda à sexta? Trabalho e faculdade? Por mais que seja lindo, não muda meu ranço.

— Hum que estranho, ele nunca é gentil com ninguém, digamos que ele tem um gênio forte. - Diz pensativo.

No mesmo segundo desconfio que ele percebeu minha mentira, então eu lhe dou um sorriso sem graça e mudo de assunto rapidamente, quem diria que até seu pai sabe que ele é um demônio? Pensei que na frente dele, Ryan se fazia de anjo como todos do seu tipo. Respiro fundo e aliviada, essa foi quase, não quero que John pense que seu filho mexeu comigo em algum momento, ou pior, que estávamos de gracinha um com o outro.

— E Jenny? - Pergunto desviando o olhar.

— Está atrasada! - Suspira.

— Tudo bem! Eu a espero. - Mordo meu lábio nervosa, que droga de mania.

— Ela não deve demorar! Caso queira... Você pode ir para o salão se preparar. - Passa a mão por sua nuca.

— Seria ótimo! - Aceito sem pensar duas vezes.

A ideia foi ótima e veio no momento certo, digamos que ainda estou nervosa por essa primeira aula e treinar mais um pouco viria a calhar, nunca se sabe se Jenny será um demônio como Ryan. John me acompanha gentilmente até o salão de dança em silêncio, ele parece ser muito certo em questão aos seus filhos, típico aqueles pais que ficam sem graça quando um filho apronta alguma e tomam suas dores, coitado.

— Fique à vontade! Assim que Jenny chegar, eu a trago para serem apresentadas. - Diz antes de sair.

Apenas concordo com a cabeça e começo a olhar aquele salão novamente, é maravilhoso, espelhos grandes, o teto detalhado, parece até que tudo foi feito por um artista, o que não duvido, já que eles são podres de ricos, poderia muito bem ter contratado um artista francês para fazer esse trabalho. Paro de parecer uma boba e começo a mexer em minha bolsa ao ouvir o toque de meu celular, me agacho e coloco minha mão nesse buraco negro, assim que o pego, atendo de imediato.

— Ana, que surpresa maravilhosa. - Sorri ao atender.

Sua falsa, por que não me disse que conseguiu emprego na mansão mais rica de Costwolds? - Grita ao telefone.

— Quem te falou isso? - Ergo minha sobrancelha.

Tenho meus contatos querida e também... Sua madrinha me disse. - Sorri.

— Como sempre ela não segura a língua. - Suspiro. - Eu ia te contar depois de hoje, se tudo desse certo por aqui. - Me olho no espelho.

Espero que sim, pois o filhote de Henson é um gato. - Diz com malícia. - Ele vive aparecendo nos jornais e revistas... um pecado em pessoa.

— Pode ser bonito, mas educação passa longe. - Sorri e olhei para a porta, conferindo se não tinha ninguém vindo. - Puro demônio, só espero que a irmã não seja igual. - Digo mais baixo.

Cuidado com o que fala... As paredes têm ouvidos. - Gargalha.

— Verdade... depois a gente se fala então, não quero problemas... querendo ou não, eles pagam bem.

Vou esperar o retorno, por favor, não me ligue tarde que vou dormir. - Boceja.

Apenas sorri e encerrei a ligação, Ana sempre faz meus dias melhores, tenho tanta saudade dela, suspiro e guardo meu celular na bolsa. Fico me olhando no espelho e gosto dos detalhes que minha mãe deixou em mim, principalmente os olhos cor de mel e os cabelos chocolates, uma combinação perfeita. Sorri e voltei a olhar o salão, isso é mais que um sonho, é como se eu estivesse no paraíso, com toda certeza, esse lugar é igual ao dos filmes e curiosamente igual ao que minha mãe dançava nos vídeos que vi. Ao me recordar do vídeo, fico na frente dos espelhos e é igual, será que minha mãe já teve um salão assim? Ou conhecia os Henson? Devo está ficando louca.

— Se concentra... preciso treinar mais. - Sussurro para mim mesma.

Vou até o som e coloco uma música para relaxar e mudar esses pensamentos bobos, escolho uma com um tom suave e sexy ao mesmo tempo e nada melhor que uma das músicas de The Weeknd, ele é simplesmente meu cantor favorito. Ouço as batidas suaves e sua voz mais ainda, como se estivesse cantando no pé do meu ouvido, fecho meus olhos por alguns segundos e logo vou para frente do espelho, respiro fundo e as batidas da música toca em cada célula do meu corpo, é como dizem, eu sinto a música. Um arrepio sobe por minha espinha e sinto que estou totalmente entregue, como se a melodia me abrasasse e me desse o melhor orgasmo da minha vida. O que estou preste a dançar, não chega nem aos pés do que vou ensinar a Jenny, pois ela precisa aprender passos mais sofisticados e não sexy, mas como ainda não estou a ensinando, não vou perder a chance de dar um show nesse salão. Vou até o som e volto a música, a inspiração passa por meu corpo e os passos vem como brisa, me leva delicadamente e me aquece como fogo, sinto meu corpo se excitar pela música e tudo flui como o sexo mais gostoso. Toco em meu corpo com sensualidade e me arrepio a cada toque, eu amo dançar assim, sentir a música me possuir, sentir meu coração acelerar e o suor descer por minha testa. Ofegante sorri ainda com os olhos fechados e posso ouvir somente meu respirar satisfeito. Após uma pausa a música volta com sua batida maravilhosa e vou junto, caminho lentamente e as batidas se intensificam, a cada giro dado, posso ter a certeza que o mundo é inteiramente meu, que nada me para nesse momento, mas me enganei, antes da música se acabar sinto um calafrio estranho, ele vem dos meus pés e param em meu pescoço, paro de dançar imediatamente e passo a mão em meus braços, parece que o inverno chegou no salão sem me avisar.

— Nossa. - Olho de um lado para o outro.

Não vejo nada de estranho, até me sentir sendo observada, com frio na barriga de John ter me visto dançar assim, me viro para porta e não sei se fico feliz com quem está a me observar, sim, Ryan está parado na porta como se estivesse assistindo um show particular, seus olhos me fitam com intensidade e um sorriso se faz presente. Respiro fundo e não consigo tirar meus olhos dele, talvez esteja com vergonha de ter mostrado meu talento logo para ele, isso era para ser meu momento e não atração para o mesmo. Desvio meu olhar e me viro para o espelho, o vejo ainda na mesma posição e sem dizer nada, o mesmo não tira seus olhos de mim e isso começa a me irritar, aperto minha mão sobre a barra de equilíbrio e me viro para fitá-lo nos olhos.

— O que você quer? Não vê que estou ocupada? - O fuzilo. - Quer dizer. - Penso em algo rápido, pois me lembro que ele também é meu patrão. - Quero dizer... em que posso ser útil? - O fito e a única coisa que vejo é seu sorriso branco aparecer com mais intensidade.

Continua...

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