Capítulo 64.

857 101 12
                                    

 Me sento na cadeira mais próxima sem tirar os olhos do papel, por essa eu não esperava nunca. Fito minha madrinha e ela me olha com pesar.

— Isso não é verdade, né? - A fito.

— Sinto muito, mas é um contrato de acordo entre sua mãe e Victor, não sei exatamente o porquê, mas ela me disse isso antes de morrer. - Se aproxima. - Estava pensando em como ia te contar isso, mas ela deixou essa carta.

— Não, eu não vou me casar. - Me levanto furiosa. - Não tenho que fazer isso, tenho?

— Você é a herdeira querida, não pode quebrar um acordo de família, nosso mundo não é igual ao dos humanos, onde passou do tempo de isso acontecer.

— Ai meu Deus. - Levo a mão no coração.

— Você está preocupada por causa de Ryan? Evan é um bom menino.

— Não, até porque não me lembro dele. - Digo friamente. - Mas, sou muito nova para isso, não acha?

— Fica tranquila, não será agora, você tem que se tornar uma bruxa completa primeiro, depois vão noivar e pensar em uma data para o casamento.

— Eu preciso de ar. - Me retiro da casa e fico no jardim.

Respiro fundo e me sento na grama, abraço meus joelhos e escondo meu rosto neles. Então era isso que ela escondia, por isso pediu para me afastar de Ryan e ele fazer o mesmo, ela não queria que nos machucássemos com isso. Mas pensando bem, talvez não seja uma má ideia, já que me lembrei de quase tudo sobre Ryan e ele ainda beijou Lorena enquanto estava sem memória. Se eu e Evan eramos melhores amigos, isso significa que eu gostava dele, de ficar perto dele. Suspiro e sinto alguém se aproximar, deve ser minha madrinha, então não faço questão de olhar, mas sinto um perfume amadeirado, olho para o lado e vejo Evan se sentar ao meu lado.

— Você descobriu, não foi? - Me fita e assinto. - Não se preocupe, não é tão ruim assim.

— Como não? Eu não te conheço e vou ter que me casar com você, fora o fato de ser muito nova para isso, não quero ter filhos sabia? - O mesmo sorri. - O que?

— Você está fazendo tempestade em copo d'água, não é bem assim, não precisamos ter filhos. - Me fita. - E você me conhece sim, e muito bem, só não se lembra disso.

— A quanto tempo você sabe disso? - O fito.

— Desde criança, meu pai já tinha me dito sobre isso. - Suspira. - Você tem alguém Sarah?

— Não. - Olho para o chão. - Acha que estou me negando a isso por ter alguém?

— Sim, geralmente é a primeira coisa que faz alguém não querer um casamento arranjado. - O fito e ele sorri, de fato, parece que o conheço mesmo.

— Você tem alguém?

— Já tive, um dia... Mas ela já se foi e mesmo se não tivesse ido, não poderíamos ficar juntos, como te disse, já sabia desse casamento a muito tempo.

— Sinto muito. - Desvio o olhar. - Por que você foi embora aquela noite? Devia ter me contado.

— Foi um choque te ver tão grande, não sabia o que dizer, ainda mais por você não se lembrar de mim. - Sorri de canto. - Mas quando conversei com você, vi que ainda era a mesma, você não mudou nada. - Me fita. - Eu não tinha o direito de dizer isso a você.

— Como você se sente em relação a isso? - O fito.

— Não é ruim, você é uma pessoa que conheço desde criança, conheço sua madrinha também, pior é quando a gente nunca viu a pessoa e tem que se casar com ela.

O Que Desconheço.Onde histórias criam vida. Descubra agora