Capítulo 3

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— Eu conheço essa blusa. — Mathias pronuncia quando entro na cozinha, onde ao mesmo tempo ele devora um pedaço de lasanha.

— Seria trágico o dono não reconhecer a própria roupa. — aponto para a blusa de tom vinho que eu havia pegado de seu guarda-roupa assim que terminei o banho.

O clima está fresco. Eu amo, pois me permite usufruir das blusas de meu irmão sem que eu passe calor e fique sentindo o suor escorrer.

As blusas de  Mathias são confortáveis. Claro, elas são maiores que você. Lembra o meu inconsciente.
Não significa que eu não use uma blusa estilo feminina: de alça e mais justa ao corpo. Mas pela preferência, a maioria das minhas peças de cima são blusões — apesar de algumas serem de Mathias que eu às vezes pego e não entrego de volta — que em algumas ocasiões pedi aos meus pais que comprassem.

São ótimos para sair também, algumas até me deixam estilosa.

— Assim você vai me deixar sem roupa. — exclama ao mesmo tempo que eu sento ao seu lado.

O cheiro e a aparência dessa lasanha estão ótimos.

— Deixa de ser exagerado, você tem mais roupa que eu. — digo, puxando o garfo de sua mão e levando à minha boca com um pedaço.

— Eu tinha, até você me ultrapassar pegando elas. — acusa. — Assim como faz com tudo que me pertence. — desliza seu prato sobre a mesa para longe de mim.

Largo o talher, me divertindo com suas palavras e ações.

— Não é verdade. — nego com palavras e gesticulando com a cabeça. O rosto de Math ganha uma expressão descrente pela minha resposta — Tá legal, às vezes e só o que me interessa. — ergo o indicador rente ao meu rosto.

Seus lábios se contorcem e a expressão se transforma impassível. Eu sei que ele vai começar a enumerar...

— Minhas camisas... — começou. Reviro os olhos.

— Elas são confortáveis. — aponto para a que eu estou usando. Ela cai perfeita e confortavelmente em mim.

— Meus perfumes... — continua.

— São mais cheirosos. — explico. Meu inconsciente está de braços abertos recebendo um banho dos perfumes do meu irmão. São tão cheirosos.

— Meus potes de doces... — cruza os braços.

— São bons. — balanço os ombros.

— Você nem é chegada a doce. — exclama.

— Não ser chegada não significa que não gosto. Diferente de você eu não penso em doce como formiga pensa em açúcar. — faço a comparação mais relevante que me veio em mente. Na verdade, é exatamente assim. Poderia ter pensado em uma melhor. Meu inconsciente me repreende.

O revirar de olhos do meu irmão demonstra o quão certa estou.

— De qualquer forma, você gosta tanto de mim que até minhas coisas não escapam. — sorri, convencido.

Foi minha vez de revirar os olhos. De novo.

— Claro, irmãozinho. Por que não?. — sorri debochadamente.

Continuamos na cozinha conversando. Vez ou outra um zombando o outro, não permitindo uma conversa fluir normalmente.

Conseguimos parar somente em um assunto, interessante e importante: a ideia de mamãe. Teríamos que ajudar em cada passo.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora