Capítulo 37

80 10 4
                                    

Atravessar a porta principal e dar de cara com meu irmão jogado no sofá é um favor à minha língua inquietante.

— Oi, meu amor. — mamãe me cumprimenta ao chegar na sala com um avental de frutas e uma faixa na cabeça da mesma estampa.

— Oi. — sorrio, sumindo com ele tão rápido quanto apareceu. — Você vem comigo. — puxo Math pela manga da camisa, quase o derrubando do móvel.

Sem contestar ele me acompanha — me permite arrastá-lo — pelo corredor, mas quando entramos no meu quarto ele abre a boca, resmungando:

— Assim você alarga a minha blusa.

Reviro o olhos pelo exagero, já que eu sequer usei força ao puxar o tecido — graças à sua boa vontade em vir comigo.

— O que aconteceu? — pergunta.

— O sobrenome Iceberg te lembra algo? — questiono, o vendo sentar na ponta da cama e então franzir o cenho.

— O Titanic?

— Quê? Não! Por que eu falaria do navio?

— Sei lá. Você é louca. — dá de ombros.

Bufo. Ignoro-o. Se eu der audiência às suas implicâncias não conseguirei dizer o que quero.

— Vicente Iceberg. Esse nome te lembra alguém?

As sombrancelhas dele se erguem.

— Iamberg você quer dizer. — corrige.

— Isso. Sabia que ia esquecer. É tão parecido. — uso como justificativa.

— O que tem ele?

— Você ainda consideraria a opção de quebrar minhas pernas se caso eu tivesse o conhecido por acaso? — finjo estar receosa.

— Como é?

— Eu amo muito minhas pernas e nã...

— Você o conheceu? Quando? Como?

— Sim. Hoje. Por coincidência ele e Alina estavam no mesmo lugar que eu.

— Alina?

— É.

— Com Vicente?

— É.

— E você o conheceu?

— É.

— É pra mim te aleijar agora?

Automaticamente me vejo responder:

— É. — então me ligo na idiotice que falei. — O quê? Não! Para de ser idiota.

— O que esse babaca estava fazendo com a Alina?

— Bom, aparentemente tendo um encontro. Estavam até sorridentes. — digo, vendo a expressão raivosa do meu irmão. — É, eu também fiquei chateada. Poxa, queria tanto tê-la como cunhada. — finjo me lamentar. — Mas o pior foi saber que eles já namoraram e que, segundo o Iceberg lá, vão voltar. — conto num fôlego só.

Mathias se levanta da cama num movimento ligeiro.

— O que foi que você disse?

— Pois é, eu também fiquei tipo: minha nossa, meu irmão não será primeiro namorado de Alina

— Desencana, Liz, eu e Alina somos amigos. Eu não tenho esse interesse romântico, que você tanto almeja, por ela. Mas... caramba, Vicente e Alina? Você está falando sério? Foi isso mesmo o que escutou? — ele parece desacreditado demais.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora