As seguintes duas horas eu me mantive trancada no quarto terminando a pesquisa que eu teria que entregar amanhã e, em alguns momentos, me distraindo com as trocas de mensagens com Thiago.
Por ora, essas distrações me fizeram esquecer do ocorrido da tarde de hoje.
Até agora...
— Posso entrar?
Não!
— Já entrou. — digo desdenhosa ao vê-lo se acomodar na beirada da minha cama.
Coloco a minha atenção total e complemente na lição à minha frente. Ambos se mantém calados, criando um silêncio desconfortável. Eu sinto o peso de seus olhos às minhas costas.
— Vai ficar trancada por mais quanto tempo?
— O tempo que for preciso para terminar essa lição. — respondo. A vontade de falar com ele é nula, o que faz com que minha voz saia espontaneamente seca.
Sai daqui, seu idiota!
Eu posso muito bem expulsá-lo. Afinal, o quarto é meu. Mas então eu teria que interromper minha tarefa e gastar meu tempo com uma ação que eu sei que seria em vão.
A teimosia e persistência é comum em ambos.
Com o silêncio que se instala novamente no ambiente é possível escutar o som abafado do colchão da cama conforme recebe certa movimentação sobre ele. Eu me mantenho quieta, dividindo minha atenção entre a tela do celular e o caderno. O som volta a se repetir, logo em seguida um suspiro nitidamente forçado e prolongado propositalmente. Ignoro. Mas novamente o barulho acontece, agora mais alto seguido de um resmungo em algum tipo de ritmo.
— Você pode parar? — me viro irritada para trás, encontrando-o sentado no meio da cama com as pernas cruzadas. — Está com algum problema?
— Estou. Incomodado.
— Posso saber com o que? — ergo uma sobrancelha.
— Minha irmã está de birra comigo.
— Tenho certeza que ela tem motivo. — me viro de novo para a tarefa. — E não é birra.
— É infantilidade. Sabe que não foi intencional.
— Intencional ou não, você insinuou que eu sou uma oferecida. Disse ao papai de uma forma tão exagerada e idiota que fez parecer que eu dou meu número a qualquer pessoa do sexo oposto que eu conheço. Você sabe que não sou assim, e que aceitei entregar meu número para o Edu por causa do emprego. Ele ainda se solicitou a procurar saber se ainda há vaga, quando na verdade eu é quem devia fazer isso. E só sugeriu o número do celular para que eu não ficasse indo todo dia no mercado saber sobre a resposta. Então você se irrita por besteira, diz que sou uma oferecida e eu quem sou infantil e birrenta? Você que é um moleque! — disparo irritadamente. E quando dou por mim, estou em pé diante da cama com o indicador apontado para Mathias. Sou obrigada a regularizar minha respiração.
As sobrancelhas dele se erguem e seus olhos arregalados exalam surpresa.
— Edu? — pergunta segundos após meu pequeno discurso explosivo.
Isso é sério?
— Você só prestou atenção nisso? Mathias eu estou aqui explicando meu real sentimento sobre essa situação chata que você criou e você só prestou atenção no modo de como chamei o garoto?
— Não, também escutei quando me chamou de moleque.
Bufo. Levando as mãos às têmporas. Paciência.

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Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)
أدب المراهقينLiz e Mathias Collins têm o típico relacionamento de irmãos: se irritam mas se amam; e, para Liz sempre foi e sempre será assim. Mas tomar uma decisão que julga ser a certa, resulta em um atrito nesse relacionamento. "Um Amor Fraterno" conta a histó...