Capítulo 12

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Minha boca abre e fecha... De novo... E de novo. Diferente da dele que se mantém contraída num sorriso discreto. Percebo que não só eu, mas ele também se lembrou de mim.

A surpresa fez com que minha mente perdesse a noção do tempo: eu podia jurar que se passaram uns bons minutos desde o pequeno incidente. Mas só foram segundos.

Percebi isso quando fui tirada dos devaneios por sua voz:

— Desculpa. Eu tenho mania de caminhar olhando para o chão e às vezes não percebo  — diz. Suas bochechas ganham pequenos tons avermelhados. Ele parece saber desse fato — tão fofo — que abaixa um pouco a cabeça, levando as mãos aos bolsos de sua bermuda.

— Eu é quem devo me desculpar. Estava mais distraída do que você.

Ele tomba a cabeça para o lado, analisando algo além de mim.

— Eu espero não estar enganado. — ele diz, mas soa tão baixo que aparenta estar falando consigo mesmo. — Você não é a garota do mercado? — pergunta, agora, se dirigindo a mim.

— Se essa garota for uma que não alcançava os chocolates na prateleira... Sim, sou eu mesma.

Ele sorri largamente. Talvez se lembrando do episódio.

— Tudo bem por aqui? — a pergunta soa de uma terceira voz.

Eu a conheço bem. O dono dela se posiciona bem ao meu lado, encarando o garoto à minha frente.

— Tá, tudo bem. — respondo Mathias, ficando envergonhada e intrigada de repente.

Droga! Não sei mais o que dizer. O jeito que meu irmão encara o rapaz me deixa estranhamente sem graça. Mas não parece fazer o mesmo efeito no menino do chocolate, já que o mesmo está completamente... Retribuindo os olhares gélidos que recebe.

— Se conhecem? — Math pergunta novamente.

— Não muito.

— Não muito?

— A gente só nos vimos uma vez... No mercado.

— No mer... Ah, ele é o menino lindo que você tanto falou? — a voz de Mathias sai alta o suficiente para que o desconhecido escute.

— O quê? Mathias!.

Em meio à minha indignação, escuto um sorriso abafado soar.

— Você é...? — pergunta ao garoto.

— Eduardo.

O sentimento recente se dissipa por alguns segundos quando ele fala seu nome, que até então eu não sabia.

Edu...

— Eu me chamo Liz. — me apresento.

— Prazer. — Eduardo assente com a cabeça.

— Igualmente.

Mathias faz um som estranho com a boca.

— Você trabalha no mercado há muito tempo? — decido perguntar. Eu não queria que aquele encontro inesperado acabasse tão rápido.

— Não, comecei há um mês.

— Sério?

— Sim. Aproveitei as vagas que abriram.

— Eu não fiquei sabendo sobre essa vagas. — comentei intrigada. O interesse toma conta de mim — Quantas?.

— Quando entrei, foi entre as dez vagas para repositor de mercadoria. — informa.

Suspiro desanimada.

— Em um mês já devem estar todas preenchidas.

— Não sei dizer se todas estão preenchidas, mas posso procurar saber pra você se quiser. — oferece.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora