Minha boca abre e fecha... De novo... E de novo. Diferente da dele que se mantém contraída num sorriso discreto. Percebo que não só eu, mas ele também se lembrou de mim.
A surpresa fez com que minha mente perdesse a noção do tempo: eu podia jurar que se passaram uns bons minutos desde o pequeno incidente. Mas só foram segundos.
Percebi isso quando fui tirada dos devaneios por sua voz:
— Desculpa. Eu tenho mania de caminhar olhando para o chão e às vezes não percebo — diz. Suas bochechas ganham pequenos tons avermelhados. Ele parece saber desse fato — tão fofo — que abaixa um pouco a cabeça, levando as mãos aos bolsos de sua bermuda.
— Eu é quem devo me desculpar. Estava mais distraída do que você.
Ele tomba a cabeça para o lado, analisando algo além de mim.
— Eu espero não estar enganado. — ele diz, mas soa tão baixo que aparenta estar falando consigo mesmo. — Você não é a garota do mercado? — pergunta, agora, se dirigindo a mim.
— Se essa garota for uma que não alcançava os chocolates na prateleira... Sim, sou eu mesma.
Ele sorri largamente. Talvez se lembrando do episódio.
— Tudo bem por aqui? — a pergunta soa de uma terceira voz.
Eu a conheço bem. O dono dela se posiciona bem ao meu lado, encarando o garoto à minha frente.
— Tá, tudo bem. — respondo Mathias, ficando envergonhada e intrigada de repente.
Droga! Não sei mais o que dizer. O jeito que meu irmão encara o rapaz me deixa estranhamente sem graça. Mas não parece fazer o mesmo efeito no menino do chocolate, já que o mesmo está completamente... Retribuindo os olhares gélidos que recebe.
— Se conhecem? — Math pergunta novamente.
— Não muito.
— Não muito?
— A gente só nos vimos uma vez... No mercado.
— No mer... Ah, ele é o menino lindo que você tanto falou? — a voz de Mathias sai alta o suficiente para que o desconhecido escute.
— O quê? Mathias!.
Em meio à minha indignação, escuto um sorriso abafado soar.
— Você é...? — pergunta ao garoto.
— Eduardo.
O sentimento recente se dissipa por alguns segundos quando ele fala seu nome, que até então eu não sabia.
Edu...
— Eu me chamo Liz. — me apresento.
— Prazer. — Eduardo assente com a cabeça.
— Igualmente.
Mathias faz um som estranho com a boca.
— Você trabalha no mercado há muito tempo? — decido perguntar. Eu não queria que aquele encontro inesperado acabasse tão rápido.
— Não, comecei há um mês.
— Sério?
— Sim. Aproveitei as vagas que abriram.
— Eu não fiquei sabendo sobre essa vagas. — comentei intrigada. O interesse toma conta de mim — Quantas?.
— Quando entrei, foi entre as dez vagas para repositor de mercadoria. — informa.
Suspiro desanimada.
— Em um mês já devem estar todas preenchidas.
— Não sei dizer se todas estão preenchidas, mas posso procurar saber pra você se quiser. — oferece.
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Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)
Teen FictionLiz e Mathias Collins têm o típico relacionamento de irmãos: se irritam mas se amam; e, para Liz sempre foi e sempre será assim. Mas tomar uma decisão que julga ser a certa, resulta em um atrito nesse relacionamento. "Um Amor Fraterno" conta a histó...