Capítulo 5

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Já se foi um tempo; nenhum sinal de sono.

Rolo na cama, levando o travesseiro à minha cabeça numa procura frustrante de abafar os sons das trovoadas que ocorrem lá fora, consequentes ao aumento da chuva que antes estava fraca.

Eu aceito chuva batendo contra o telhado de forma calma e amigável. É até relaxante, confortável e bom para dormir. Entretanto, essa que cai brutalmente contra o teto e que emite um som escandaloso, é o tipo que me causa desconforto e insônia.

Quando pequena, em dias de temporais, eu corria para o quarto dos meus pais atrás de permissão para dormir com eles. Me sentia segura quando me encaixava entre os dois e perdia tal preocupação. Mas durou por pouco tempo. Fui incentivada por eles a tentar superar meus medos, mas não funcionou. Então decidi ir por outro caminho.

Literalmente outro caminho: quarto de Mathias.

No primeira vez em que bati na sua porta atrás de refúgio, me senti envergonhada pelo olhar raivoso que ele me lançou ao abrir a porta: ele odeia ser acordado. Porém quando contei o motivo, ele simplesmente suavizou a cara feia e me deixou entrar.

Isso prosseguiu. Confesso que até atualmente.

Estaria lá na sua porta agora caso ele estivesse aqui.

Aperto mais o travesseiro contra minha cabeça quando um trovão se faz presente, me assustando; me tirando do devaneio.

O barulho seguinte desperta meu interesse: algo na minha escrivaninha.

Levanto a cabeça repentinamente. Sinto um alívio quando observo meu irmão ao lado do móvel e não um monstro fantasioso que imaginei no momento do susto.

— Oi. — ele diz.

— Oi. Que susto.

— Desculpa.

— Como você entrou?.

Eu devia ter escutado o barulho da porta, não é?.

— Porta. Conhece?. — diz ironicamente. Reviro os olhos.

— Eu quis dizer como entrou sem que eu percebesse?.

— Você estava se sufocando com esse travesseiro aí, que duvido muito que conseguisse escutar alguma coisa.

— Você sabe... — pauso. Gesticulo para o telhado. — Essas chuvas me incomodam.

— Sei. Por isso vim direto pra cá. — diz, sentando ao meu lado.

— Ela pegou vocês no meio do caminho?.

Ele franze o cenho, demostrando seu desentendimento pela minha pergunta.

— Quem?.

— A chuva. Ela pegou você e Alina no meio do caminho?. — reformo a pergunta.

— Ah. Na verdade, não. Eu já havia deixado ela em casa quando começou a apertar. Tive que dar voltas gigantes por causa de ruas alagadas. — explica.

Me sento sobre o colchão e o encaro com um sorriso brincalhão. Até me esqueci do temporal lá fora.

— Você nunca trouxe uma garota aqui pra casa. — comento.

— Nunca achei necessário. E antes que fale asneiras, diferente dessa sua cabecinha que já está pensando no duplo sentido, eu e Alina somos amigos, tudo bem? Ela só veio me dar... aulas.

— Conta outra, Math. Você é fera nos estudos. Sempre me ajudou nas lições e agora vem dizer que precisa de ajuda em história?.

— Todo mundo tem falhas algumas vezes. Não sei tudo sobre tudo. Me perdi em alguns assuntos da matéria. Quis ajuda.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora