Capítulo 17

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Eu nunca me submeti a praticar qualquer exercício ou atividade na aula de educação física. Na verdade, eu sentava num canto seguro o bastante para não atrapalhar a aula dada pelo professor ou até mesmo me proteger de boladas, e ficava atenta apenas ao meu celular que exerce duas funções: música e leitura.

Eu devia ter seguido minha rotina e ter ido direto para o fundo da quadra sentar e me desligar dos acontecimentos. Mas não, eu estou aqui no chão enquanto a ardência toma conta do lado direito do minha face. Nem as carícias que eu faço com as mãos são capazes de amenizar aquele incômodo.

Péssima ideia ter aceitado jogar uma partida de vôlei.

Num rebate de um integrante do time adversário, acabei sendo atingida sem sequer tendo tempo de me defender. Eu estava à frente, quase colada na rede para ser mais exata, para ter a possibilidade de bloquear a passagem da bola. Ia dar certo se a bola tivesse sido jogada por cima, mas por um movimento errado com as mãos, acabou que a bola veio na direção do meio da rede e, consequentemente, do meu rosto.

— Você está bem? — o professor pergunta, me ajudando a levantar do chão.

— Estou. Só está ardendo. — respondo ainda massageando a região.

Percebo que alguns alunos se encontram curiosos, enquanto outros estão têm as mãos sobre a boca numa tentativa inútil de esconder o riso. Pode ter sido uma cena cômica para eles, mas para mim está sendo desastrosa.

— Liz, me desculpe, não queria ter acertado você. — Vinícius, o causador, se aproxima com uma expressão de arrependimento e preocupação.

— Tudo bem, Vini. Sei que não foi sua intenção. — digo, o tranqüilizando. Ele se limita a um aceno positivo com a cabeça, mesmo não parecendo totalmente relaxado. — Professor, posso ir tomar água?

— Claro. Aproveita e passa um pouco no rosto. — sugere. Apenas concordo com a cabeça.

Eu já ia fazer isso mesmo.

Caminho para fora da quadra, escutando o barulho do apito dando continuidade a partida que foi interrompida.

Educação física? Estou fora. Não é para mim.

Como é possível eu ser filha de uma adoradora de esporte e irmã de um jogador de futebol?

Genética do meu pai, que não faz parte desse meio. Só pode ser.

Minhas músicas e meus livros nunca me causariam isso.

                                   ***

— Amiga, com quem você brigou? — Thiago pergunta assim que me encontra na saída.

— Com a bola de vôlei. — reviro os olhos me lembrando daquele momento.

— Você é mole até com bola? — indaga, e eu não sei se era sua intenção deixar a frase ambígua.

— Ela foi jogada de jeito errado. Acabou que vindo na direção do meu rosto e eu não tive tempo de defender. — explico começando a andar e Thiago me acompanha.

— Não te enxergaram no canto da quadra?

— Na verdade, eu estava jogando.

— O quê? Você? Jogando? Por quê? Como assim?

— É tão inacreditável assim?

— Considerando o fato de que você não é uma amante de esportes e péssima em qualquer tipo de atividade física... Sim, é inacreditável e um aviso sobre a aproximação de uma grande tempestade.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora