Capítulo 39

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Com a aproximação intensa — que até então só eu sei — entre Alina e Mathias, as vindas da garota aqui em casa ou as visitas do meu irmão na casa dela se tornaram frequentes.

Isso me instiga cada vez mais a dar com a língua nos dentes; explicar e fazê-la entender toda a situação. Embora eu tenha em mente que ela seja uma pessoa compreensível, tenho receio dos seus pensamentos e comportamentos em relação a ele.

Assim como ele, não quero que a amizade deles — ou seja lá como nomeiam o atual relacionamento — acabe.

E pensar que eu, inicialmente, torcia tanto para que dessem certo — até torço ainda, mas agora tudo depende de como vão ficar após ela saber.

É tanta certeza e determinação acumuladas, mas tanto receio e medo que impedem.

Não é só os dois que serão atingidos caso Alina não compreenda. Eu também... também, porque com ela na minha casa — quando não sumia para o quarto do Math com ele — nutrimos uma amizade divertida. Conversamos, brincamos e até mesmo fofocamos.

Típica amizade de garotas. Àquela que nunca tive e só agora estou tendo tal oportunidade — claro que tenho Thiago comigo, mas são amizades que não consigo comparar.

Eu até estou saindo mais de casa, além da escola e trabalho. Sempre nas minhas folhas, após o colégio, ela me arrasta para algum programa legal.

Porém, por exatamente ser minha amiga, eu tenho mais vontade em contar. Antes que seu ex, o Vicente, fale alguma coisa — o que eu tenho certeza que ele o fará.

A festa dos gêmeos, Luca e Luan, está se aproximando, e, consequentemente, o campeonato de futebol.

Faltam poucas semanas.

Os treinos se tornaram mais rígidos com a volta do treinador.

O nervosismos à flor da pele dos garotos.

Pensando bem essa festa vai ser uma boa distração para eles, já que ambos são eventos próximos — um dia apenas os separando.

E essa contagem regressiva está mexendo com a cabeça de Mathias e Alina.

Mathias, está focado no futebol. E enlouquecendo com as perguntas da nossa mãe sobre a cor da camisa dos torcedores — sim, ela levou à sério as camisas personalizadas com o nome dele.

Alina, está focada em me convencer a ir à festa. Me enlouquecendo com suas insistências.

Ficou nisso durante horas.

Por dias.

E hoje não está sendo diferente, embora tenha uma diferença.

É noite. Enquanto meu irmão ainda treina, eu fui arrastada por Alina até a praça perto da minha casa, onde encontramos Eduardo.

A garota fez questão de convidá-lo — como? Não sei — para ambos me persuadirem.

— Fiquei interessado, mas não gostaria de ir sozinho. — ele diz.

— Eu indo ou não faz alguma diferença? Porque eu sei que chegando lá vou ficar parada num canto, com cara de tacho e sendo taxada como careta. Eu não sirvo pra festas. —  levo uma colherada de açaí à boca.

— Isso não é verdade. — Alina discorda. A olho com a colher presa entre os lábios.

— Claro que é. Eu nem sei dançar. E quando danço, são movimentos muitos constrangedores para se fazer em uma festa universitária.

— Liz, ninguém se importa com isso. Acha que todo mundo sabe dançar? Todos vão pra se divertir, relaxar e curtir o momento. É uma diversão e não competição de dança.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora