Capítulo 41

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Eu nunca me senti tão nervosa por caminhar na direção de uma casa. Por estar de frente à ela. Por bater em sua porta. Por falar com alguém.

Nervosa. Nervosa. Nervosa.

Posso sentir meu coração pulsar rapidamente sob meu peito a ponto de me fazer questionar se seria possível ele perfurá-lo e sair de mim.

A sensação é ruim, somada ao bolo seco na garganta que sou obrigada engolir a cada dois minutos. E aos lábios secos que passei a mordê-los, machucando-os.

Levo o punho à porta e bato. Dou um passo para trás, esperando que me atendam.

Agora mordo o interior da bochecha enquanto espero.

Conto até dez lentamente, afim de regular a respiração enquanto espero.

Limpo o suor das mãos no short de moletom enquanto espero.

E nada. Ninguém.

Apunhalo novamente a porta um pouco mais forte. Vou para trás de novo e espero.

Parece que não há ninguém em casa. Ou eu que estou tão nervosa que estou impaciente.

Conto mais uma vez até dez.

Um... Dois... Três... Quatro... Cin...

E a porta se abre, me assustando.

Sou atendida por uma Alina sorridente, com os lábios , mas com os olhos cheios de curiosidade.

— Eu estou feliz em vê-la. — é a primeira coisa que diz. — E estou curiosa, também.

Eu apenas assinto. Sem ter o que falar, apenas assinto. Nervosa.

Ela me permite entrar, e assim, em silêncio, eu entro. Com as mãos trêmulas, a boca seca, as pernas bambas.

Caramba, Liz, você só precisa falar. Não está indo em direção à guilhortina!

Ou estou?

Não. Eu estou indo em direção à fúria de Mathias.

Merda!

— Está tudo bem? Você parece... nervosa. — oferece.

Bingo!

Essa é, literalmente, a palavra que me define nesse exato momento.

— Liz, senta. Quer alguma coisa pra beber? — ela parece um pouco preocupada.

E não é pra menos. Eu não falei nada deste que cheguei. Apenas mantenho uma batalha entre meus pensamentos e minha língua.

— N-não. Estou bem. — digo por fim, forçando um sorriso.

Alina assente minimamente, desconfiada.

— Tá bom. — caminha até o sofá e senta, sem desviar os olhos de mim.

Eu estou tão digna de preocupação assim?

— Vem, senta aqui. — chama, e eu obedeço.

Ao meu lado ela aproveita para me analisar. Com a visão periférica posso ver seu olhar ficado no meu perfil, tentando descobrir o que se passa comigo.

— Beleza, isso está estranho. — quebra o silêncio. — Você me ligou e disse que tinha algo pra falar, nem ao menos me deixou falar alguma coisa. Agora você me aparece... assim. Liz, o que houve? Sabe que pode contar comigo, não é? — questiona, tocando meu ombro. Confirmo com um "sim" sussurrado.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora